Um Olhar Transformador
Estar atento ao nosso entorno, buscando observar sempre a pluralidade que mobiliza o movimento do universo com todas as suas energias, faz parte da complexa tarefa de viver. Saber-se integrante de cada conexão que impulsiona a mola propulsora da existência, ocupando o espaço vital com que fomos presenteados é um dos desafios que nos despertam em cada um dos nossos amanheceres.
Fossemos capazes de olhar a vida de frente, com menos certezas cristalizadas, convicções exageradas e verdades solidificadas, de certo, o novo, a dúvida, a incerteza, sentir-se-iam menos desconfortáveis no cenário que nos presencia.
Penso que há em nós uma essência que é imutável, assim como nos habitam sentimentos e percepções provisórias. Estas últimas, seriam como um rascunho, um texto inacabado, onde podemos recompor a cada momento a nossa história de vida. Mas muitos de nós não nos dispomos a reexaminar, revisar, revisitar, o que escrevemos em um dado instante de nossas vidas. Repetimo-nos em soluções e respostas antigas ao que nos surge no presente. Findamos por sofrermos desnecessariamente, vez que não nos damos conta de que as respostas antigas, já não surtem qualquer resultado; insistimos em visões permanentes por medo de colocarmos em cheque, o que se nos apresentava como imutável. Pode parecer mais simples negar as contradições e os conflitos que são inerentes ao existir, mas em um dado momento, esta ilusória forma de estar no mundo, convoca-nos, inquire-nos.
Na vida, nem sempre mudar a direção do olhar, afiança-nos o aperfeiçoamento e a evolução. O que nos cabe é transformar o olhar e potencializar todos os outros sentidos que respondem pela nossa maneira de existir no universo.
Fernanda Guimarães
05.06.2004
www.fernandaguimaraes.com.br
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