Amigo Athos Ronaldo
Li seu artigo sobre o gato escaldado. No Brasil, infelizmente, temos que desconfiar de tudo. Mas, nesse caso, não acredito nesta farsa. A grande verdade é que o governo e a classe poderosa conseguiram, realmente, o que queriam. Afastar o Ciro Gomes do segundo turno. Único capaz de vencer, com segurança, qualquer dos demais candidatos, num único debate que fosse. Dado ao seu extenso preparo e facilidade extrema para tratar de todos os temas nacionais. Sejam de ordem econômica ou social, no âmbito interno ou internacional.
Evidentemente, isso não significa dizer que o Lula não esteja preparado. Apenas que o Lula, num debate final, apesar de ser muito inteligente, e conhecedor dos problemas, não tem a facilidade de articulação e improviso no trato de questões eminentemente técnicas.
Mas o tiro saiu pela culatra. O governo – e as classes poderosas – durante o primeiro turno, jogaram todas as suas cartas contra o Ciro Gomes, e contra o Garotinho. Depois, quando viu a melhora do Serra, atacou o Garotinho. E agora aposta tudo em Serra.
Mas eles estão em pânico. Pois não contavam com o apoio irrestrito de Ciro, de Brizola, do PTB, PCO, do Garotinho, dos evangélicos e de todas as forças de oposição de centro – esquerda. Mais alguns votos do PFL, do PMDB e até do PSDB. E nem esperava o crescimento do PT em nível nacional.
O PT foi o partido mais votado. Conseguiu, segundo levantamento feito pelo Correio Braziliense, 125.442.267 votos. Relativamente ao presidente , deputados e senadores. O segundo colocado, o PSDB, ficou com 83.392.305. E, logo em seguida, o PMDB, com 56.024.081. Depois seguem o PFL, com 54.895.479, o PSB com 36.409.607, o e PPB com 24.904.283, o PPS com 23.166.118, o PDT com 19.750.483 e o PTB com 15.437.328.
Fazendo umas contas rápidas, veremos que o PT conta, no mínimo, para este segundo turno, com 70% dos votos válidos.
Ademais, a liberação de verbas para parlamentares, feita com inexplicável antecedência, pelo governo FHC, mais as recentes declarações do presidente do Banco Central - e também do próprio FHC- , induzindo à leitura de que a possibilidade de vitória do Lula é a variável principal para explicar a subida do dólar, sugerem que eles estão quase certos de que irão perder essas eleições. E eu, particularmente, estou CERTO de que a oposição vencerá. Teremos um primeiro ano bastante duro, pelas circunstâncias deprimentes que o FHC entregará o governo, mas que, a partir do 2004 voltaremos a respirar e a crescer em outro ambiente mais propício ao crescimento econômico, com distribuição de riquezas e justiça social, quebrando o ciclo crescente de subserviência ao capital externo. Domingos.
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