"A economia do Brasil sabemos que não tem cura, já a das palavras resta saber!"
Parece que o falar foi congelado pelo governo e pela sociedade civil, numa atitude preventiva e nitidamente protecionista. Teme-se que a popularização do verbo exponha demais as reservas internas de nossa moeda psíquica. Especialistas recomendam fornecer e ostentar pequenas somas de dinheiro ou bens, já que no princípio era o verbo e nós éramos mais ligados. Parece que o Ministro convocou novamente uma missão do FMI para liberar algum empréstimo e traçar algum plano de recuperação.
Eu ando no vermelho, na cabeça. Não tenho muito o que compartilhar com a economia nacional, pois no jargão chulo, estou mais pelado que filho de rato. Talvez seja a aceleração do consumo, talvez um fluxo de câmbio, talvez mera falta de dinheiro, talvez vontade de pedir prá Nasdaq parar o mundo que eu quero descer, talvez só preguiça de verificar a rentabilidade dos PGBLs mesmo.
Um técnico e um analista de mercado me recomendaram parcimônia. Mesmo assim, me recuso a oferecer trocados como palavras. Sou gastador, reconheço, mas tenho dificuldades em encontrar instituições que permitam retorno automático do investimento, e que ofereçam banco 30 horas e que não cobrem anuidade no cartão.
Estou meio amargo, azedo mesmo. Mas não queria contar isso prá ninguém. Não quero ouvir das pessoas: "Baeh, que viajem tua!", mas a economia regula o mercado e se auto-regula no fluxo de câmbio. Tá certo, ela depende da demanda e da oferta, já que os preços voam no mercado e não podemos reverter a oferta. Isso é o mesmo que se dizer que a quantidade de bens produzidos deve ser dividido pela quantidade de moeda boa, multiplicada pela quantidade de moeda má que sai de circulação.
A produção acaba aumentando, e mesmo assim, uma considerável soma de moeda má circula sempre entre as palavras. Será crise ou falta do que dizer? Sei que tenho saudades de falar contigo, mas, dizem, é a economia.
Contabilizando as palavras, noto que já escrevi demais. Um tanto! É a economia. Complicado, né? Talvez se eu for até Harvard estudar Administração e depois Economia em Oxford eu gaste tempo e sestércios para descobrir que os complicados, na realidade, somos nós.