- Tô pensando em comprar um computador, pros meninos.
- Pros meninos?
- É.
- Por quê?
- Eu não tenho saco para essas coisas de internet, computador...
- Cada um na sua...
- Comprei um computador.
- Comprou?
- O vendedor falou que o computador é o melhor.
- O meu computador já esta ultrapassado, mas vai bem.
- Pus internet.
- Você vai gostar.
- Não sei não, vai lá em casa.
- Claro!
- Você me ensina passar e-mail?
- É uma bogagem.
- Pra quem sabe!
- Eu não sei nada não.
- Você aprendeu sozinho?
- Não, claro que não.
- Você fez curso?
- Tentei, mas não tive saco.
- Aquela coisa de por fone no ouvido, conversar só com o professor e o monitor.
- Não é a minha.
- Escola foi feita pra conversar.
- Então, como que você fez?
- Peguei vírus, pus protetor de telas animado (da ilha eu não pus não, ai é sacanagem).
- Mandei formatar um monte de vezes.
- Enchi de jogos pesados.
- Comprei revistas boas e um monte que não serve pra nada.
- O coitadinho do computador virou uma carroça.
- Você ta me fazendo medo.
- Medo de que?
- De estragar.
- Estraga nada!
- Informática tem o técnico e nós os fussadô.
- Um conversa com um, com outro, aprende uma coisa ali outra lá.
- Ensina umas coisas, depois de já ter levado “ferro” adoidado.
- Aprende uns comandos (ctrl – alt – del).
- Fica numa alegria danada.
- Mas, o melhor é quando você aprende navegar a nave.
O mundo entra na sua casa.
- Recebe cartas todos os dias.
- Manda cartas.
- Escolhe os favoritos.
- Garimpa amizades.
- Eu não tô entendo nada?
- Mas, não é pra entender é pra aprender a navegar.
Autor: Marco Túlio de Souza
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