MEIA DÚZIA DE OVOS
- Acorda, Mané, acorda!... Já passa das sete...
- ...
- Anda logo, espanta a preguiça...
- ...
- Meus irmãos vêm almoçar em casa. Você tem que ir à feira, à padaria, ao açougue e ao mercadinho...
- ...
- Peça fiado ou empreste com seus amigos de mesa de bar... Não vou fazer feio pra minha família...
- ...
- Pão, leite, guaraná, coca-cola, cerveja, macarrão, filé, massa de tomate, óleo, sal, batata, queijo ralado, presunto...
- ...
- Traga meia dúzia de ovos, também! E não demore na rua!
Uma hora depois.
- “Patim”!? Mas eu pedi filé... filé, Mané!... E os ovos, cadê os ovos?
- ...
- Volte lá, troque a carne e traga os ovos!...
Meia hora depois.
- Cadê os ovos, Mané ?...
- ...
- Vá buscar os ovos, Mané !!!
Meia hora depois, batem à porta.
- Entra, dona Maria...
- Só vim trazer um recado...
- Pode falar, dona Maria.
- É notícia ruim... seu marido foi atropelado e levaram ele pro hospital... parece que ele tá muito mal !...
- Meu Deus!... E os ovos, dona Maria?...
José Eurípedes de Oliveira Ramos
Da Academia Francana de Letras
(*) Série “Retratos Vulgares”
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