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Poesias-->Pergaminho V -- 23/04/2007 - 16:44 (Claudio Bertode) |
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Meu poema é o que está fora do discurso
Então bela Lusia, não preocupe muito...
Que as massas famintas e leprosas rasguem meu poema
Minhas palavras não servem como alimento
Mulher com nome de santa, preste atenção,
O fora do discurso é para pessoas bem alimentadas e sadias
Nunca doarei versos aos doentes
É que andei muito e vi muitos doentes
Não escrevo aos humildes ou mansos
Escrevo aos inquietos e sadios
Escrevo aos seres que possuem desejos e vontades
Pois uma coisa é o que está no discurso: o dito
Outra coisa é o que está fora do curso: o inaudito
Na verdade meu poema não fala:
Desfala...
Não é rio, então não cursa,
Discursa como água: des-água...
Lusia, meu poema não é de fato
E daí o leitor querer esquecê-lo
Mas esquecê-lo até a última ruína
De forma que não se fixe na carne
Suas sibilas: que se desforme
De vez que sobre só um vazio...
Cláudio Bertode
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