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Cronicas-->Final feliz em uma casa de saúde -- 31/05/2004 - 08:09 (sandra ethel kropp) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A enfermeira abre a porta do quarto e avisa:
-Sr. Josué, visita para o senhor. Seu filho Marcos.
-Quem? Ele pergunta surpreso, fazendo força para manter os olhos enrugados abertos.
-Sou eu, pai. Trouxe algumas coisas que o senhor gosta.
- Não quero recebe-lo agora porque não lembro-me quem é. Preciso de um tempo para tentar lembrar-respondeu Josué, ainda confuso com aquela historia de filho.
- Sr. Marcos, peço então que aguarde na sala de espera alguns instantes. Seu pai está um pouco confuso. Acho que faz tempo que não o vê., respondeu educadamente a enfermeira.
- Mas eu tenho aparecido na televisão, nos rádios, em anúncios todos os dias. Ele não vê T.V?
- Seu pai está com noventa e dois anos, lembra-se? Ele não tem mais paciência nem concentração para assistir à T.V.
- Bem, se é assim, ele não vai lembrar. Não venho aqui a mais de um ano. Muitos e muitos compromissos, sabe... Sou candidato à reeleição este ano, e o partido está fazendo maravilhas para me reeleger.
- Que bom, não... disse ela, querendo encurtar a historia. Vou porque preciso atender a outros pacientes. Quando seu pai lhe chamar, venho busca-lo novamente. Ali à sua frente há água e café se o senhor desejar.
Marcos esperou uns instantes, mas lembrou-se que tinha uma reunião no comitê. Realmente havia passado apenas para saber como seu pai estava e vê-lo rapidamente. Sua mãe falecera, suas irmãs moravam longe da cidade. Ele decidiu por melhor interna-lo em uma casa de saúde, apesar do desgosto das irmãs. Afinal, era ele quem pagava a casa, que era muito cara.
Seu Josué tocou a campainha e a enfermeira apareceu.
Ele disse:
-Chame aquele ingrato aqui. Deixe ao menos lhe dizer oi.
Ela foi busca-lo e disse à Marcos que não sabia se seu pai iria aguentar muito tempo.
-Ele tem alguma doença grave que não me informaram?
- Não é bem caso de doença. É um caso de impaciência, normal a todas as pessoas nesta idade, Sr Marcos.
- Impaciente ele sempre foi. Desde que me conheço por gente.
- Talvez não sabia como demonstrar o que sentia. Ele fala muito do senhor.
- Ele me viu na TV? O que achou? Responda-me, por favor. Isto é muito importante para mim.
- Já lhe disse que ele não vê mais TV. Não é exatamente este o ponto. Vamos entrar que logo ele perderá a vontade novamente.
Ele e ela foram ao quarto.
-Entre e deixe-me vê-lo, falou Josué.Você não mudou nada. Continua com os olhos arregalados e famintos.
-Sou candidato à reeleição, pai. Vim lhe dizer isso, mas ela me disse que você não vê mais T.V. Não está orgulhoso?
- Você conhece seu pai há quantos anos? O que sempre achei de tudo isso?
- De novo não, pai. Eu estava certo que você não reconheceria meus méritos. Como sempre foi.
- Que méritos? Materialistas?
- Pare com isso. Se não fosse eu, você não estaria aqui nesta casa de saúde tão bem-cuidado. Isso você nunca reconheceu.
- Reconheço muita coisa que você não sabe. Reconhecimento existe quando conhecemos o filho que temos. Infelizmente não tenho esta chance. Não é com uma visita a cada dois anos de meia hora que eu baterei palmas para você.
- Você sempre foi assim.
- É uma pena. Pois está indo por um caminho ainda pior. E seu pai merece um pouco de respeito. Abra seus olhos e perceba que ainda pode mudar esta história.
- Que historia?
- A sua mesma. O pai ranzinza foi e sempre será o mesmo. Mas a sua história quem traça é você.
Marcos começou a chorar. Abraçou ao pai. Ali começava uma tentativa de mudar o rumo de sua história.

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