Seresta numa Praça de Cabo Frio III
A falar de resistência plena
Muito mais que a gratidão
E talvez seja a palavra certa
Bem mais que outra Paixão
Pois que essa é amor à vida
E vida em forma de canção.
Noite de sábado na seresta
É como dia de consagração
Que os eternos namorados
Pela vida ou por sua paixão
Rejubilam-se pelo seu dom
De acarinhar o seu coração.
E todos estão muito felizes
Pois a música e sua alegria
Completando-se na dança
São os corpos em sintonia
Sem pecado e sem luxúria
Se valendo pela harmonia.
É bom ver cabelos brancos
Que emolduram os sorrisos
Dos antigos moços e moças
E que até já perderam sisos
Mas sabem da importância
Da dança em seus paraísos.
De um observador recordar
O Fred Astaire em nosso Jair
Num fino floreado elegante
Como o Luís sempre a sorrir
É esperança de outra dança
Que melhor estar no porvir.
O charme da elegância sutil
Do casal Hamilton e Genilda
Sem floreados mas clássicos
Como o é a etiqueta da vida
E ser suficientemente pleno
Bem logo no passe de saída.
São as cordas do instrumento
As responsáveis pela melodia
E quando são comprometidas
Como pessoas com harmonia
Transformam os tons do som
Na mais perfeita das sinfonias.
Assim como o José e sua Nize
Mantendo equilíbrio em tudo
Corrigindo o que é pra corrigir
Para deixar o cenário no rumo
Pois se a seresta não termina
Acaricia até ouvidos de surdo.
E nos olhos de quem só assiste
É apreciada no casal guerreiro
Da evolução variada na dança
Que Beth e Wilton, parceiros
Na boa organização da seresta
Dançam no bailado verdadeiro.
E no bom casal Moisés e Alice
É assim como bem se percebe
Estilosos e muito competentes
Consagram á vida que exerce
A alegria da dança esbanjada
Como etapa que mais apetece.
Quem sabe um dia o coração
De um responsável da cidade
Seja tocado por nobre paixão
E venha com doce serenidade
Curtir uma delícia dessa praça
Que é dançar com a felicidade.
Pois que em momento adverso
De insensibilidade e insensatez
Que por algum figurão qualquer
Se achar o manda chuva da vez
Pra destruir a flor desabrochada
Vai ser preciso pra mais de três.
Pois a vontade e força extraída
De fibras tensas de um coração
Sempre serão capazes de sustar
As forças negativas de má ação
Imagine quando muitos outros
Sejam os corações em mutirão.
E são nessa Praça da Bandeira
Do pássaro a dormir mais tarde
Ao garçom apresentador de TV
Goleiro e um notável da cidade
Que na pirueta com a bandeja
Adiciona tudo a sua felicidade.
A do vendedor de amendoim
Da carrocinha do pipoqueiro
E dos habituais aos visitantes
Do imaginário ao verdadeiro
Certamente essa bela seresta
Jamais terá o final derradeiro.
Por aqui foram muitos brilhos
Que muitas canções deixaram
Soando ainda hoje no coração
E que até hoje são lembrados
O que Claudinho e Claudete
Por noites e noites entoaram.
E há de ser sempre lembrado
O notável violão de Orlando
Como o cavaquinho de Alex
Que às vezes se via chorando
Mas se era a noite de seresta
Importante era lua brilhando.
Mesmo quando o Pagodeiro
Jorginho em noite de Jorge
Consagrava à vida na música
E jogando cal sobre a morte
Nem tirava um brilho da lua
E era dele e nossa essa sorte.
O tecladista Gilberto Becker
Para manter a tocha acessa
E deixar a seresta bem viva
Contratado por dona Creusa
Manteve afastado o político
E encheu a praça com mesa.
Hoje o músico Nilton Cortês
Um novo tecladista e cantor
Que além da voz e do talento
É um parceiro de muito valor
Tem brilhado a nossa seresta
E até demonstrado seu amor.
Certas noites, até o vento, gentilmente,
retira algumas folhas do arvoredo, para dançar
Como aqui tem demonstrado
Todas as damas e cavalheiros
As Ivas, Marilenas e Marias
Como os Pedros e Monteiros
Veras, Alices e as Madalenas
Jorges, Robertos e Romeiros.
Todos na dança e resistentes
As intempéries ora humanas
Ou as intempéries climáticas
Pois nada vai apagar chama
Acesa por quem tem na vida
Respeito pela dança que ama.
Viver não é esperar a tempestade passar...
É aprender a dançar na chuva
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