Qualquer reforma, por pequena que seja, sempre pode se tornar uma fonte inesgotável de assunto. Pois eu tenho um casal de amigos que está iniciando uma, das grandes e eu espero poder participar com meu estímulo e sobretudo, colhendo subsídios. Quando falo iniciando, me refiro à obra propriamente dita. A reforma, na realidade, iniciou há algo em torno de dois anos.
Toda reforma atravessa várias fases. Primeiro a intenção, o desejo. Depois as conjecturas, planos, sonhos. Depois as brigas. Briga é modo de falar, me refiro à quelas divergências familiares inevitáveis quando se quer decidir o posicionamento da casa do cachorro. É, uma ou outra briguinha sempre ocorre quando há divergência de pensamentos. Depois das brigas, decisões tomadas, vem a obra propriamente dita. Estão iniciando esta fase.
Eu nem acredito. Ninguém acredita, nem mesmo eles. Mas qualquer um que passe na frente da casa há de notar que uma reforma foi iniciada, a menos que seja um paranóico e pense que houve um bombardeio. Eu mesmo não fui lá, soube disto tudo por terceiros. Há muita fofoca naquela rua.
Esta fase, em que se realiza a obra propriamente dita, costuma ser uma das mais longas e difíceis e causa algum sofrimento em todos os que a acompanham. Deve doer quando a marreta desce sobre uma parede, mesmo que seja para se ter uma sala mais ampla. E os operários a circular pela sala, qual a OTAN no Kosovo. Ou foi na Bósnia? De positivo, resulta a casa reformada, um novo patamar de conforto e qualidade de vida, algumas dívidas a pagar e uma lista de coisas a refazer. Espera-se mesmo que os churrascos sejam mais frequentes, sem falar no vinho a ser degustado apreciando-se a nova vista. Vai ser uma beleza. A fase seguinte é a fase do "Eu disse que tinha que ser do outro jeito", mas esta só inicia depois de tudo terminado e limpo, operários, mestres, engenheiros, pagos e dispensados.
O importante é que a obra começou. Dizem que tem toda uma equipe de operários e que já construíram um canteiro de obras com a infra-estrutura necessária. Eu tenho um outro amigo que, terminada a obra em sua casa, plantou um "grapefruit" sobre a infra-estrutura necessária. Cresceu rápido e logo deu frutos grandes e bonitos. Felizmente eu não gosto de "grapefruit".
De qualquer forma, considerando o porte, o prazo, o custo e o merecimento dos meus amigos, não posso deixar de desejar sucesso e incluir a obra na minha lista de orações.
Nestas horas deve-se usar tudo que estiver à mão.
Escrito em 10.08.2000
Publicado na Crónica do Fauth em 02.10.2000 (http://planeta.terra.com.br/arte/fauth/)
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