Mãe, eu não comprei nenhum presente pra você.
Mãe é muito difícil comprar um presente pra você.
Vou comprar o quê?
Uma jóia?
Não é a sua.
Um livro?
Com quantas páginas?
Com quantos contos?
Com quantas historias e estórias?
Um relógio com calendário?
Não, ele marca o tempo.
Um telefone celular?
Não, a senhora não vai “ligar”.
Não, eu não tenho, se eu te der um, eu vou ter comprar um pra mim.
Eu sei o que eu vou “escutar”.
A senhora não é economista, mas sabe o que é ter que fazer economia.
Eu apreendi.
Um carro?
Só se fosse uma limosine.
Que tal! Um fusca.
Não, a senhora gosta de andar a pé.
Eu também.
Mãe, bingo é “contravenção”.
Mas, levar a senhora no “bingo” era o meu maior prazer.
Escutar a senhora falar;
Eu só vou gastar dez reais!
Acabou os dez reais, nós vamos embora!
Eu sei como você é...
Calma mãe, cinqüenta reais!
Você ficou doido, dá pra comprar quase dois gás.
Não, meu filho você já gastou muito comigo.
Gastei nada, vamos curtir.
Já ta tarde, quanto você gastou?
Cem reais.
Você é doido!
Doido nada.
Mãe, infelizmente pra nós o bingo acabou.
Mãe, eu não comprei nada pra você.
Eu só quero que você tenha muita saúde.
E saúde não se compra, mas se tivesse preço eu compraria pra você e para o meu pai.
Amém.
Autor: Marco Túlio de Souza
Todos os direitos reservados ao autor
