Somos presos com as chaves na mão.
O telefone toca, eu olho na bina e já sei é a cobrar.
Alô?
Oi! Sou eu.
O que, que você tá arrumando?
Nada.
Tá namorando?
Não.
E você, tá namorando?
Tô, mas estou infeliz, eu posso ir ai?
Claro, mas você não esta namorando?
É... eu tô.
Você é quem sabe.
Depois, eu te ligo.
Passam-se alguns dias e o telefone toca a cobrar.
Alô!
Oi! Sou eu.
Eu sei.
Terminei meu namoro.
Terminou?
Eu vou ai te contar, eu tô precisando conversar.
Tá legal.
Você compra aquele vinho?
Já comprei.
Eu vou pra dormir.
Não tem problema.
Eu já tô chegando. É rapidinho, vou só tomar um banho.
Toma aqui!
Eu tô carente, tô precisando conversar com alguém.
Eu também.
Chega com olhinhos tristonhos e acha que eu sou o “super-homem”, pensa que eu não tenho problemas, dívidas, compromissos e carência também.
Aos poucos abre um sorriso, fala que vai tomar um banho, e eu preparo a janta.
Pede a toalha, e diz; tá um cheiro bom...
Você tá doida, arroz, macarrão e bife.
Enrola na toalha, senta-se à mesa, e come como se eu fosse um cozinheiro francês.
Janta, toma o vinho, pede uma música bem baixinha.
Qual?
Qualquer uma, vamos pra cama. Tá frio...
A cama está arrumada pode deitar que eu já vou.
Lê meus poemas chora e sorri, e diz; que bom que eu sou dela.
Mas, finge que ela não é minha.
Conversamos, amamos, conversamos, amamos.
Abraçamos, conversamos e abraçamos.
Fingimos não falar de prisões, de algemas, alianças e problemas.
Depois, comentamos;
Somos presos com as chaves na mão.
Autor: Marco Túlio de Souza
Todos os direitos reservados ao autor.
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