De peito aberto.
Assim é que nossa verdade e sentimento são revelados aos olhos através das mãos, porque não será sempre que pensamentos serão traduzidos em palavras, metade do significado do que agora escrevo é meu e a outra metade é tua interpretação.
Nesse exato momento através dessas mal traçadas linhas tento descrever a jornada que percorre uma idéia até virar pensamento,é engraçado esse tal processo criativo, transformamos em fato algo que antes era apenas um espectro ou uma sombra, por exemplo, transformo em poema os prédios que me cercam (arranha-céus que arranham muito mais do que o céu).
Acho um saco essa minha mania de ser abstrato ou metafórico, essa mania de forçar as pessoas a lerem nas entrelinhas, mas se até JC valeu-se de parábolas para dar o seu recado acho válido esse recurso, tenho também a mania de me contrapor (a contradição é um exercício válido de autoconhecimento e aperfeiçoamento).
A condição de ser humano nos obriga a pensar sobre si mesmos e a refletir sobre a própria existência e que freqüentemente põem em cheque muitas de nossas convicções, a condição de ser humano é uma eterna busca que nunca chega a lugar nenhum (ou chega a muitos lugares, nada na vida é absoluto ou definitivo, só a morte), uma procura cega pela paz interior que nunca encontramos(e melhor que seja assim e continue dessa forma, caso contrário a vida perderia o seu sentido)
A flor da pele.
Estão as palavras, estão os nervos, estão os acontecimentos que acontecem à revelia, embora os olhos não vejam, o coração sabe que existe, a mente nos traí e sabe muito bem dissimular, fica inventando estórias só para aliviar.
Com o tempo as pedras se tornam areia, a paixão vira amor, o gelo derrete, a lágrima seca e o sorriso cessa, a proximidade acaba se tornando distância e os meninos se transformam em homens, feliz do homem que se torna homem e como homem pensa e como homem vive, mas que mantém sempre pulsando no peito um coração de menino.
