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Artigos-->A Loteria dos Números Eleitorais -- 05/10/2002 - 09:52 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Loteria dos Números Eleitorais

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Vem de longe o gosto (ou vício) do brasileiro pelos jogos de azar. Parece que o brasileiro não liga muito para a sorte. No tempo do Brasil Império, criamos e adotamos o mais popular dos jogos: o jogo do bicho. Que vive, até hoje, numa espécie de clandestinidade consentida. Superior, inclusive, a do Partido Comunista Brasileiro, que já mudou de nome e participa, dentro da lei, do processo eleitoral . Enquanto o jogo do bicho, bem mais antigo, continua na contravenção e na contramão dos jogos chamados lícitos, que são administrados pela Caixa Econômica Federal.



Mas a coisa não pára por aí. Que não me deixe mentir os estádios de futebol, sempre cheios de torcedores, que assistem os jogos enquanto esperam pelo resultado da loteria esportiva.

Nas cidades, grandes ou pequenas, em quase todos os bairros, esquinas e praças, podemos encontrar, com certa facilidade, grupos de pessoas, aposentadas ou não, disputando uma partida de dama, de dominó, ou jogando um carteado. Tudo valendo algum trocado. O que também é contra a lei. Mas quem aposta na lei?



E como democracia para o brasileiro é liberdade de expressão e de apostas, até nas eleições o jogo se faz presente. Só que, desta feita, o povo brasileiro não joga somente com sua própria sorte; mas com a sorte de todos os brasileiros. Pois se trata de escolher o presidente que irá ditar as diretrizes e traçar as políticas que irão definir o tipo e o grau de desenvolvimento que queremos para o nosso país; bem como a qualidade do bem-estar da nossa população.



Aqui começam as preocupações. O jogo eleitoral, infelizmente, carece de aprimoramento para se tornar mais transparente e apresentar resultados mais próximos dos anseios do povo. Por isso, entendo que seja preciso aprovar a reforma desse jogo. A reforma política. Não dá mais para acreditar neste jogo de cartas marcadas. Onde as apostas para o futuro é coisa do passado. No presente, apostam-se em números. Apenas em números. Números fantasiados e travestidos de verdade. Mundo das pesquisas eleitorais, que bombardeiam as mentes dos eleitores. Que passam a acompanhar a movimentação dos números. E não dos candidatos. Quem estiver subindo nas pesquisas tem mais chances de receber apostas. Quem descer, parece que o prêmio passa a ser pequeno. E, como em qualquer jogo, ninguém se arrisca a perder. Ou apostar para ganhar pouco.



E o jogo é animado com as notícias de outros jogos. Os jogos das bolsas de valores. Jogos que são dinamizados pelos boatos. Blefa-se à vontade. O risco-Brasil. A oscilação do dólar. A rejeição do mercado financeiro a determinados candidatos. O déficit em conta corrente. Os números da inflação. O crescimento do PIB. Tudo isso, se a eleição hoje. E todos acreditam, apesar de saber que as eleições só ocorrerão no dia 06 de outubro.



Não se falam nos bichos. O que eles comem. O que eles pensam. O que eles podem fazer por nós, os eleitores. Apenas mostram os bichos pela televisão. Bichos domesticados e ensinados. Fazem gracinhas para todos nós. Encantam as crianças. Às vezes assustam. Há brigas entre os animais. Alguns são mais agressivos. Outros têm o focinho amarrado para não falar muito nem morder as pessoas. Bichos feios e bichos bonitos. Que se repetem na mesmice da tela. Apenas mostram seus números. Em percentuais. Para cima ou para baixo. Para a direita ou para a esquerda. Situação e oposição. Excluídos os brancos e nulos. Dentro de margens de erros.



Os números estão por toda a parte. A começar pelos números dos candidatos. Aposta-se nas dezenas para governador e presidente. Centena para senadores. Dezena de milhar para apostar nos deputados estaduais ou distrital, no caso de Brasília. E a milhar, na cabeça da lista, para deputado federal. O prêmio será conhecido no próximo domingo. Dia 06 de outubro. Junto com os resultados da loteria esportiva.



Espera-se que o prêmio fique acumulado. E aí haverá novo sorteio, dentro de trinta dias. Caso contrário, haverá apenas um ganhador. Que, dependendo de quem seja, haverá milhares de perdedores. E viva o Brasil, pentacampeão mundial. Apesar dos juros altos e do risco-Brasil.





Domingos Oliveira Medeiros

05 de outubro de 2002









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