À memória do meu pai.
Ah! Meu pai! Quantas saudades deixaste!
A tristeza ocupou espaço em meu coração,
Foste amigo, companheiro, por que partiste?
Ausência pérfida que sufoca, pura emoção!
Lembro-me pai, quando à mesa sentavas,
Momentos inusitados de vera descontração,
Nos teus projetos de vida sempre falavas,
Ah! Destino cruel! Vis punhais da traição!
Hoje, quando no quarto te vejo em retrato,
Sinto n alma a visita da merencória solidão,
Felicidade fêz de mim o inoportuno distrato,
Deixando-me queixumes por esta escuridão.
Patrono geneanológico da minha existência,
Arquétipo de vida neste orbe em perfeição,
Declinavas o amor com sutil eloqüência,
Ao filho primogênito com régia adoração.
Calaste a voz, mas de tua morada te oiço,
A cada momento, em luzente recordação,
Nas tuas dores edifiquei o meu arcaboiço,
Quando te encontro no recitar da oração.
Um dia pai, no éter, eu vou-te encontrar,
Sob o auspício da realengo reencarnação,
Nossas almas, eternamente, hão de viajar,
No divino seio do grande profeta Abraão.
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