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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->A FUGA DAS SOMBRAS -- 03/05/2010 - 18:28 (Vera Linden) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos







Ainda é ARGUMENTO, EM BREVE SERÁ roteiro

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A FUGA DAS SOMBRAS


Argumento de Vera Linden


Dona Zulmira é uma senhora muito educada e boazinha.Cabelos e olhos castanhos, pele clara,óculos elegantes. Uma mulher comum, de estatura mediana. Um tipo de pessoa, que não faz mal a uma mosca. Ela está saindo do supermercado com quatro sacolas de compras. Logo aparece um rapaz de seus quarenta anos, grandão, mais ou menos 1,90 de altura. Seus braços são fortes e musculosos. Braços de quem pode carregar muitas sacolas e erguer uma mulher do chão, como uma pluma. Este é Betão ou Gilberto Frantz, o taxista de dez entre dez mulheres de cinqüenta anos em diante, sozinhas ou com maridos aposentados de tudo. Eles se cumprimentam cordialmente e o motorista acomoda as sacolas no porta-malas e ajuda a cliente a sentar-se no carro. Ela gosta de andar com ele, é calmo, tem paciência com o trânsito caótico e sempre tem uma ou outra notícia para contar do condomínio, onde ele também mora com a mãe quase cega. Sendo calada e discreta, a nobre senhora de nada fica sabendo, pois também não aprecia conversas de corredor ou de elevador e menos ainda, ficar à porta de vizinhos ou eles na dela. Betão pergunta por seu Alonso, o marido. Ela responde que ele tem tido muita arritmia ultimamente, coisas da mudança do tempo, da estação que vem entrando, com o frio chegando. As baixas temperaturas fazem mal para quem é hipertenso, diz dona Zuleika. Betão se beneficia de mais um ensinamento. Ele se considera burro, meio retardado, pois teve meningite, quando criança.

Eles chegam ao prédio e ele a acompanha até o elevador. O porteiro os cumprimenta e fala que Betão deve ser um milionário, só pelas corridas que faz com as mulheres dali.O taxista força um sorriso amarelo e dona Zulmira ameniza o seu constrangimento, cobrando a correspondência do enxerido, dela do marido e da irmã Zuleika. A senhora pede para Betão colocar as sacolas no elevador, pois lá em cima terá a ajuda de Mafalda, a diarista e até do marido. Betão concorda rápido, pois tem outra corrida, ali mesmo do edifício. Dona Marieta e suas duas bengalas sobem no carro e ela comenta do belíssima sol de outono e das folhas coloridas de amarelo. Para ela, o outono é a mais bela estação. Betão está impressionado com olhar fixo e ainda mais severo e raivoso do seu Alonso, que viu na janela do apartamento e comenta com dona Marieta. A velhota diz que dona Zuzu é uma santa e que o coronel devia rolar das escadas, aquele maldito torturador. Betão se arrepia todo. Ele nem imaginava que o mal-humorado sujeito tinha sido militar. A velhota solta uma risadinha sarcástica e diz que o maldito aprontou muitas na época da ditadura e o diabo ainda virá buscá-lo, pessoalmente. Betão faz o sinal da cruz. Ele comenta que o velho deve ter ciúmes da mulher ainda tão elegante e bonita. Ela concorda e acha Zuzu papa fina demais para o azedo desgraçado e fica calculando a idade dos dois e chega a conclusão, que a mulher deve ter uns quinze anos a menos.

A diarista chega e estranha o ar condicionado ligado no verão, à toda.Ele sente muito calor. Dona Zuzu explica que são ordens do coronel, que ela deve fazer uma faxina só de faz de conta, sem



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barulho demais, pois o marido está atacado da gota. A mulher comenta que viu a cara de brabo dele na janela. A dona da casa vai ao quarto do

marido com um sopinha cheirosa e um apetitoso suco. Há uma bela rosa
amarela na bandeija. Ela entra no quarto e a faxineira resmunga admirada, que como um velho tão ruim pode ser tratado tão bem, por uma pessoa tão angelical. Ela ouve a conversa dos dois.Dona Zulmira sempre em voz baixa, delicada e o maldito aos berros, reclama do excesso de sal na sopa, do suco muito gelado e de que ela é uma anta, uma imprestável. Mafalda tem ganas de matar o canalha.Vai para a cozinha e faz um chá. Dona Zulmira entra com a bandeija na mão, que sangra com um corte feio no indicador da direita. Cabisbaixa, não consegue disfarçar as lágrimas. A empregada não pode abster-se de um comentário.Porque uma dama como a patroa precisa agüentar um carrasco destes. A mulher explica que é a doença dele, que sempre foi um marido e um ser humano maravilhoso, que ela precisa agüentar e cuidar bem dele.Baseada nos comentários do condomínio, Mafalda pensa bem ao contrário. Ela devia aproveitar a mocidade e beleza que ainda tem, se separar, por o homem em um manicômbio e viver de uma bela pensão. Viajar para Aruba, Europa, conhecer o mundo, se divertir. Dona Zulmira começa a chorar, soluçando sem parar. Pobre desta mulher tão boazinha e infeliz.Ela deve fugir das sombras, segundo a fiel serviçal.

No outro dia, pela manhã, o porteiro está todo alvoroçado. Há grandes novidades. O coronel seguiu em ambulância para o hospital dos oficiais do exército. É feito um bolão de apostas, o velho volta para casa ou vai direto para o cemitério. Dona Zulmira está um caco, com dedo enfaixado e tudo mais. Todos os moradores comentam que a justiça divina tarda, mas não falha.Betão decide ir ao hospital. Lá encontra dona Zuzu muito deprimida e a leva para tomar um café na cantina. Nota como a pobre mulher emagreceu nos últimos dias. Ela pede para voltar logo para o apartamento do marido, embora ele estando na UTI, ela fica lá para receber notícias dos médicos.

Três dias se passam e os médicos intrigados não entendem a falta de resposta do organismo do senhor Alonso. Ele está cada dia mais fraco, pior e, somente nos quinze minutos da visita da esposa, que parece querer falar alguma coisa, reagir. As enfermeiras e médicos se encantam com tanto carinho, amor e dedicação.Uma enfermeira comenta que acha muito natural, pois Zulmira é uma pessoa muito boa, foi auxiliar de farmácia no hospital e mesmo sem ter a obrigação, visitava os doentes, fazia trabalhos voluntários e foi assim que conheceu o coronel, quando ele fez uma cirurgia de hérnia de disco.Se apaixonaram e se casaram e que o dito cujo nunca disfarçou o gênio ruim.

O desenlace acontece no dia seguinte. É uma quarta-feira chuvosa, parece inverno. Dona Zulmira diz que até o tempo, o clima sente pena dela e chora junto. O coronel é cremado em uma cerimônia linda, comovente. Os comentários todos no condomínio, são de que o diabo deverá temer a concorrência. O porteiro não cabe em si de feliz, acertou na mosca o dia da morte do maldito e ganhou uma razoável bolada. A viúva recolhe-se a sua solidão, ao seu luto sentido. Outra mudança radical acontece, Betão convence a mãe a ir morar em uma casa geriátrica, um bom lugar para idosos cegos. Será que finalmente, ele

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irá casar com Jurema, uma gordona que lê namora há treze anos? O porteiro faz outro bolão. Quem ganhará?

Dois meses se passam e há grandes mudanças. Betão foi embora do edifício e parece ter ido morar com Jurema. Não é mais
taxista, vendeu o carro para poder custear a clínica da mãe. Dona Zuzu está cada dia mais triste. Botou à venda o apartamento e doou todas as roupas e objetos do coronel para um asilo de pobres, assim como os móveis, só ficou com a cama, a geladeira e um fogão pequeno, nem televisão ela tem mais. Na sala, só um sofazinho, onde lê a Bíblia. Mafalda está preocupada. A patroa endoideceu com a morte do marido.Nem o cabelo ela pinta mais. Está jogada, velha. Mas, ao chegar no apartamento tem uma surpresa: dona Zuzu diz que vai viajar para o interior, para as bandas de São Sepé, pois o marido tem parentes por lá e vai montar residência, fazer trabalho voluntário, ajudar quem precisa. Mafalfa, embora perdendo a generosa patroa, que lhe deu TV 37 polegadas, DVD, computador para a filha, se alegra. Dona Zuzu irá sair das sombras e ser feliz, quem sabe até encontre um belo militar aposentado, ou melhor reformado para casar de novo? A mulher sorri com os olhos tristes e marejados. Será a última vez que se verão. Elas se abraçam comovidas.

A praia não é tão linda como no Brasil ou Caribe.É o Atlântico Norte.O Canadá de costa a costa, diz o panfleto. É muito,muito distante do Brasil ou de qualquer brasileiro. Em um luxuoso transatlântico, um casal muito amoroso se diverte. Ela parece um pouco mais velha, mas só um pouquinho. É loura, cabelos muito bem cuidados, estatura mediana,mais para frágil, elegante, roupas de bom gosto, lentes de contato verdes, nada de óculos. Ele é forte e musculoso, o cabelo parece ter sido escurecidos, a pele é bronzeada pelo sol e os braços muito fortes, na certa erguem qualquer mulher, como uma pluma do chão. Zulmira, ou melhor, Zuleika e Roberto são um casal feliz em lua de mel. Eles saíram das sombras para a felicidade, para uma vida de diversão e prazeres. Riem e brincam. Brindam com boa champagne e louvam os detergentes e à indústria farmacêutica, que limpam tudo sem deixar vestígios de sujeira e também aos aparelhos eletrônicos, que podem gravar o som da voz das pessoas e principalmente, ao ar condicionado. Ele pede licença e vai até o quarto, esqueceu a vitamina. Entra na cabine-suite dos dois e pega uma bolsa da mulher,há um frasco de remédios dentro dela, simples vitaminas. Ele substitue por outros idênticos. Ele quer continuar bronzeado e jamais voltar para as sombras e muito menos tornar a ser taxista, uma das profissões que mais exige paciência e tolerância.

Quem morre jovem, não precisa se preocu par com os desgostos da velhice.
































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