(Publicado originariamente no JORNAL DE UBERABA em 06.08.1999)
“Para dar um eixo ao País (e não a esse ou aquele governo em particular), carecemos mesmo é de uma efetiva reinvenção da política, com a qual seja possível reformar democraticamente o Estado.”
Marco Aurélio Nogueira – JORNAL FOLHA DA TARDE – fevereiro de 1.999.
Graves problemas levam à união setores tradicionalmente tidos como ferrenhos adversários. Diversas vezes as forças democráticas uniram-se com objetivo comum. Talvez a mais expressiva delas tenha sido quando combateram lado a lado, a ascensão franquista na Espanha!
No Brasil também existem diversos exemplos. Através da imprensa, quem não lembra-se do jornal MOVIMENTO. Até o fascistóide FHC, àquela época respirando ares diferentes, era contumaz contribuinte, tudo pela derrota ao governo de exceção.
Também no aspecto de militância mais ortodoxa, a luta contra as ditaduras do Estado Novo e posteriormente contra o governo golpista pós 64.
Luta coletiva, formada por amplo aspecto ideológico, vivenciamos há pouco. DIRETAS JÁ! Aliás luta vitoriosa, posto que a pressão popular decepou a expectativa de sobrevida dos militares assassinos.
Agora os tempos são outros. A modalidade de governo, em que pese muito assemelhar-se, não chega a uma ditadura, se o é, manifesta-se por outros mecanismos que não a força bruta.
De outra banda, as esquerdas (se é que as existem no plural), após a queda do socialismo real do leste europeu e o desmantelamento da URSS, vítimas de crise existencial e de identidade, confundem alhos com bugalhos, não exteriorizam sequer suas pautas singulares, quiçá pauta mínima.
Entretanto, necessária e urgente a elaboração de uma pauta mínima. Chegaria mesmo a resgatar, ainda que com certo temor e muita reserva, a proposta histórica de unidade do PCB – esta não restringia-se ao campo da esquerda, objetivava também atingir os nacionalistas e democratas liberais – face a gravidade do momento político que se nos apresenta.
Só será possível caminhar se as forças democráticas tiverem um compromisso mínimo, capaz de desestabilizar a hegemonia neoliberal instalada.
Necessário e urgente, e a sociedade reclama por soluções a problemática atual que os partidos de esquerda e democráticos reunam-se em esforço comum no sentido de formar uma frente democrática com propósitos claros e plataforma comum.
O Brasil reclama uma reforma agrária antilatifundiária e produtiva, acompanhada de uma política de suporte a pequenos e médios produtores rurais; a imediata suspensão do pagamento da dívida externa e a ruptura definitiva com o FMI e demais organismos da agiotagem internacional; uma política imediata de geração de emprego e renda, favorecendo a produção nacional.
A hegemonia neoliberal deverá ser ferida em todos os seus eixos, sempre com clareza programática, preparando a Nação para um novo futuro.
O êxito desta proposta esta diretamente ligado ao tamanho do compromisso com a verdade de cada partido ou liderança democrática deste imenso Brasil!
Menos vaidade e mais ação, essa é a palavra de ordem para esse momento!