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Contos-->Fuzil e Lágrimas -- 15/03/2006 - 23:14 (wagner araujo da silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Fuzil E Lágrimas – 27.fevereiro.2006 – 00:48

Movido por um idealismo, que hoje considero fútil, alistei-me no exército para a pátria defender. E, após intensivo e exaustivo período de treinamento, convocado fui para uma guerra lutar.
Durante o percurso, no avião, parecia que estávamos todos indo a um picnic. Risadas, piadas, jogos e brincadeira. Não havia a impressão de que estávamos indo buscar e levar tristeza. O local, ao chegarmos, nada inóspito parecia. Na verdade, era um pequeno vilarejo, com gente e casinhas humildes.
Estranhei o fato de as crianças portarem armas e não serem sensíveis às nossas brincadeiras. Logo percebi que também elas defendiam um ideal que a mim não cabia julgar.
A primeira batalha veio, e com ela a amargura. Toda a minha convicção foi por água abaixo assim que vi que o sangue deles também era vermelho, assim como Martin Luther dissera. Feridos, evocavam o nome do mesmo Deus a quem sirvo. E quando dava-lhes água, reagiam como eu, em momento de aflição.
As noites chegavam, trazendo não só a escuridão, mas muito medo, dúvidas e reflexões. Enlameado na mata, sob chuva, lembrava dos momentos confortáveis com minha família, assistindo tv e rindo. Não havia gritos, choros, ódio ou privação, como na mata. A única discussão em casa era sobre quem se levantaria para ir até a cozinha preparar pipoca no forno de micro-ondas. Momentos não valorizados que foram preteridos em decisões errôneas. As mesmas decisões que civis tomam ao abandonar a família e filhos em casa para uma conversa em um bar qualquer.
Voltando ao front, acordamos em uma manhã fria e com neblina. Nada parecia que estava para acontecer, até que a primeira rajada de balas foi ouvida e, por muitos, sentida. Vultos inimigos surgiam do nada, em meio à fumaça. Deparei-me com um deles e congelei. Minha mente trabalhou muito rápido e todas as reflexões que havia feito naqueles dias me impediram de atirar. Ali estava também alguém com uma família. Não atirei. Infelizmente, ele não havia tido as mesmas reflexões. Recebi um tiro certeiro no peito e caí resignado, aceitando aquilo como um castigo. Acordei muitos dias depois em um hospital militar, rodeado de enfermeiras que insistiam em dizer que eu havia nascido de novo. Agradeço a Deus, não só por isso, mas por ter tido a oportunidade de voltar para minha esposa e filhos amados. E, principalmente, por poder escrever isso.





Wagner -






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