Alma estrangeira
Quando a luz como invasora atinge a madrugada
e parece que as pessoas, todas juntas, compactúam
aí mesmo:
nessa absurda coordenada,
respiro o frio como gelo
(e o introduzo nas entranhas
que reclamam por você).
Não sei me dirigir às convenções, e descubro
que não quero compartir (dividir normas e ritos)
em horários agendados, parcelados, estressantes
que dividam o existir.
Num pequeno instante quieto,
como esfinge,
atenuo tua ausência.
Lá na rua o mundo arranca
entre essas marchas de motores
(esses monstros que circulam espalhando toda a pressa).
Sentimentos imigrantes
-que resgatam teu contorno-
e ameaçam invadir minhas fronteiras
- pelo mar ou mesmo em terra-
e eu aqui, feito mandante,
peço às forças
que vigiem e te prendam.
Que rotulem tua alma sem piedade,
e que a chamem de estrangeira.
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