O que o Sol e a Lua tem a ver com o gosto na boca?
O que teria acontecido na calada da noite?
Raios, trovões, enxurradas ou uma simples briguinha de amor entre o sol e a lua?
Fiquei conjeturando sobre estas possibilidades, porque o dia amanheceu de mau-humor. Meio cinza, com muitas nuvens escondendo o sol e um jeito meio estúpido de ser.
Parecia falta de abraço, passos pesados, cara doente, economia de luz.
Sequer o vento mexia as folhas que fagueiras se ofereciam caídas ao chão ou agarradas ao galho.
Seria um pressagio ou imaginário?
Nem o presente diário que eu recebia ao descer a serra em forma de obra de arte da natureza, pinturas vivas de morros e verdes, de céu e de cores, hoje não via.
Pensei por momentos estar com a vista embaçada. Esfreguei meus olhos, limpei os óculos e nada mudava.
Angustia no peito, mau gosto na boca e olhos molhados.
As cores do dia puxavam tons funestos que escondo no meu mais antigo e escuro baú.
Estou em dúvida será a paisagem ou as noticias que nos afetam tanto. Assassinatos banais, rancores plantados nos corações em nome sabe-se lá do que. .
Infelizmente o ser humano está soltando sua besta com mais facilidade.
Escàndalos políticos maximizados pelos derrotistas e pelos que torcem sempre contra. Contra o PT, contra o PMDB, contra o PFL e todos os P que puderem, afinal são os céticos de plantão.
O pior é que estes, o céticos e derrotistas torcem contra si mesmos ... Independentemente de quem estiver no poder me parece prudente torcer para que as coisas possam sempre dar certo, é o nosso país , é o nosso estado, é a nossa cidade, enfim... E fazer a nossa parte, e entender exatamente qual é nossa parte, até acho que este é o nosso problema. Fazer a nossa parte nem sempre é muito agradável e aí é mais fácil ir atirando pedra nos telhados alheios.
Mas bem pior que os céticos, são os maquiavélicos seres humanos. Aqueles que se escondem nas sombras do poder, da noite, das fortunas, para provocar queda nas bolsas, manipular mercados e provocar a fome no mundo, tão simplesmente em nome da ferocidade de suas ambições.
Aí lembro da história dos uruguaios que desastraram nos Andes (viraram filme, documentário e agora dois dos sobreviventes andam a fazer palestras nas organizações, justificando que a sobrevivência à tragédia não foi obra do acaso.). Estes cidadãos viram no alto das montanhas geladas que o dinheiro lhes foi muito útil..... para queimar e os aquecer do frio.
Acho que por estas atitudes que embaralham o meu entendimento de ser humano normal e comum, é que achei neste dia em que iniciei a escrever a crónica, que o sol e a lua tinham declarado guerra e enfim estaria eu meio cega, pois os referenciais lúdicos que carrego no peito teriam se desvanecido.
Mas ontem olhei para o céu e a lua brilhava na paz de sua absoluta distancia da ambição humana. O céu estava claro e minha alma buscou o baú onde guardo minhas roupas mais coloridas e os meus mais ternos sentimentos.Terminei a crónica com menos gosto amargo na boca.
E assim vamos sobrevivendo....
maluizak@yahoo.com.br
