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Teses_Monologos-->ANÁLISE DO CAPÍTULO “A BORBOLETA PRETA”, de Machado de Assis -- 09/04/2003 - 11:56 (Paulo Machado da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Centro Universitário Augusto Motta
Trabalho de Literatura Brasileira II
Professor: Carlos Theobaldo
Alunos: Adriana de Mattos
Adriana Moreira
Fabiana Knupp
Flávia Cardoso
Hévellin Machado
Márcia Cristina
Michele Carvalho
Paulo Machado



ANÁLISE DO CAPÍTULO “A BORBOLETA PRETA”, de Machado de Assis


Comentaremos, nesta análise, o capítulo de nº 31 que fala sobre a borboleta preta.
Para melhor compreensão é importante que tenhamos uma breve idéia do que seja o Realismo, quem foi Machado de Assis e tudo aquilo que o diferenciou dos outros escritores realistas.

A palavra realista deriva de real, oriunda do adjetivo do baixo latim realis, reale, por sua vez derivado de res, coisa ou fato. Real+ismo (sufixo denotativo de partido, seita, crença, gênero, escola, profissão, vício, estado, condição, moléstia, porção) é palavra que indica preferência pelos fatos e a tendência a encarar as coisas tais como na realidade são.

O Realismo:
* Procura apresentar a verdade;
* Procura essa verdade por meio de retrato fiel de personagens;
* Encara a vida objetivamente e não há intromissão do autor;
* Fornece uma interpretação da vida;
* Retrata a vida o momento;
* É detalhista;
* Possui uma narrativa lenta;
* Escolhe a linguagem mais próxima da realidade, etc.

Machado de Assis possui algumas características peculiares, ou seja, suas obras estão enquadradas no Realismo chamado de psicológico, quando a prosa de ficção foi marcada pelo elemento psicológico no registro psico-social típico do final do Império.


Para explicar este capítulo é necessário informar que a borboleta preta surgiu do capítulo anterior, pois o texto Machadiano é formado por ritmos de pensamentos, ou seja, ele segue uma seqüência, não dos fatos, mas do encadeamento das reflexões da personagem. No capítulo anterior, Dona Eusébia e sua filha ficam espantadas com uma borboleta preta que entra em sua casa. Pura superstição. Tanto, que disse: “T’sconjuro! ...Sai, diabo! ...Virgem Nossa Senhora!...”. Ao mesmo tempo em que a mãe de Eugênia fazia elogios da filha para Brás Cubas, este parecia ver lá dentro do cérebro da menina borboletas de asas de ouro e olhos de diamante; entendemos que isto seja um estado de felicidade de quem recebe um elogio. É aí que surge a borboleta preta, simbolizando superstição para muitos, como foi o caso das duas, mãe e filha. Na ocasião, Brás Cubas ignora o fato, fazendo ironia com o caso. No dia seguinte, ele pode vivenciar o que, realmente, Dona Eusébia sentiu e foi de uma certa forma, supersticioso, pois se incomodou com a presença da borboleta, matando-a. Como já sabemos, a “IRONIA” é um recurso que o escritor utiliza para fazer com que o leitor desconfie de declarações, pensamentos e conclusões do narrador.

No capitulo “A Borboleta Preta”, o autor desloca o foco de interesse do romance. Não trata diretamente da vida social ou da descrição das paisagens, mas da forma como seus personagens vêem as circunstancias em que vivem. O escritor concentra sua narrativa na visão de mundo de seus personagens, expondo suas contradições. Fica claro o medo à superstição. Depois de ser espantada duas vezes, a borboleta “foi parar em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a noite.” Se já não bastasse, batia as asas devagar com ar de escárnio. A solução foi matá-la com uma toalha. No segundo parágrafo, acentua-se o medo quando o narrador diz “-Também por que diabo, não era ela azul?”

Percebe-se que a cor preta influência a vida da personagem (pelo fato de simbolizar luto, morte, escuridão, etc), o que leva o narrador a matar o inseto “lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu”. Mais tarde, arrepende-se, pois reconhece que ela existe, ainda que expresse sua preferência pela cor azul. Chega a afirmar que esta reflexão é uma das mais profundas que se tem feito desde a invenção das borboletas. Eis então a chave para compreender a obra: as reflexões da personagem e os momentos que ela vive.

Não enxergamos este capítulo somente pelo lado da superstição. Está claro que ela é relevante, afinal serviu para mostrar que até mesmo aqueles que se julgam filósofos, podem apresentar sensações que vão além do real, em algum momento da vida. Mas, observamos também um certo tom crítico negativo ao sistema vigente da época e à liberdade, esta última caracterizada pelo momento em que o narrador diz que o céu é sempre azul para todas as asas. A palavra “asas” nos remeteu à idéia de liberdade (que fosse a de expressão) contrária ao sistema vigente, que já começava a decair. O narrador também se apresenta como um ser superior “Este é provavelmente o inventor das borboletas”. A idéia subjugou-a, aterrou-a, ficando até mesmo arrependido de ser assim, pois mostra que se o indivíduo e a borboleta fossem iguais, ele não a teria matado.

Este capítulo evidencia como um ser que se sente superior pode agir contra um outro que “parece estar incomodando”. É mais fácil dar um golpe de toalha de linho cru. Como podemos notar, Machado se remete a uma análise da sua própria conduta, como se estivesse ciente do que poderia fazer o contrário. E o estava.

Com o transcorrer da história, o narrador preocupa-se em detalhar as características físicas e psicológicas, porém sem fugir do seu mundo real. Há valorização da forma com uma linguagem clara, de fácil compreensão, sem vulgarizar-se, facilitando o entendimento do leitor.

Sem dúvida nenhuma, o defunto autor, para inovar o caráter, não se importa com a seqüência cronológica dos fatos. Ele faz com que nós, leitores, prestemos atenção as suas reflexões, que inclui no capítulo XXXI e em outros. Nós gostaríamos de perguntar o que Brás Cubas faria se passasse um gato preto à sua frente.



BIBLIOGRAFIA

ASSIS,Machado de.Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ed. Ática, 2002. (Série Bom Livro), p. 62-63



Comentarios

caio  - 07/07/2012

para que a borboleta serve para mata pesossoa

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