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Cronicas-->Auto Artesã -- 01/05/2004 - 22:22 (Luciene Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Auto Artesã

Às vezes moldo rosas. Descoloradas. Não aplico cor à ceràmica. Cozo-a no forno enquanto anoto linhas que, muitas vezes, morrem rascunhos.
Às vezes moldo estrelas, notas de musicas, ouvindo o vento no batente. Às vezes moldo rostos. E choro. Não tenho a perfeição divina e todas as dores ficam impressas a despeito da felicidade com a qual todos somos agraciados, só pelo fato de existirmos. É que existir é tão complicado. E vai se tornado mais emaranhado, ainda, conforme vamos envelhecendo. Por isso prefiro escrever poemas quando me dá vontade de moldar rostos na argila.
À noite deito-me meio a peças moldadas, palavras perdidas no chão da casa, recordações quase personificadas.
E é assim que vou seguindo minha estrada. Vezes, ausente. Vezes, presente. Vezes, sombra que perde a cor, como rosa desbotada. Existência é perder-se de si e nunca mais se encontrar em algo ou alguém. Uma perda de encontrar-se no tudo, pois que se perde-se no todo.
Chamam-me artesã. Dizem que construo sentimentos. Chamo-me, a mim mesma, de aprendiz, pois que nunca aprendo tudo. Arre, deus me fez com cabeça de burro e alma de mula. Teimosa como jumento. Arredia como asno cansado. Empaco. E a gana de esmerilhar-me para tentar encontrar-me novamente alça-me a píncaros desconexos. Por isso crio. E as obras são dores da alma. Por isso não moldo rostos. Pois o que sai de minhas mãos são obras autocaricatas.

L.Lima
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