Usina de Letras
Usina de Letras
156 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62191 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50597)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->O jogo da verdade. -- 25/02/2006 - 18:33 (Manoel de Oliveira Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O JOGO DA VERDADE, DA HONRA E
O QUE A MORTE TEM A VER COM ISSO.




1. Tudo estava bem na manhã do dia 4 de agosto de 1974, numa rústica fazenda esquecida em algum lugar do “estreito de Gibraltarâ€, no espelho dágua que separa a África da Ásia por apenas 13km se encontra a mansão dos Marino, onde a morte enganaria para sempre a vida que seria enterrada cinco vezes se não fosse a marca do tempo e da loucura.

2. Na madrugada que a acordou ocasionalmente, Michelle sentira a necessidade de observar algo pela janela que não se sabe por que a fizera levantar da cama àquela hora. De pé, observava lá fora o que a visão da janela lhe parecia estar na mais perfeita ordem, porém, algo a fizera por o jardim sob vigilància dos seus olhos, como se algo estivesse errado ou tivesse acontecido, ou até mesmo, fosse acontecer, ela não sabia, mas observava como mulher corajosa que sempre fora, se deixara levar por aquela sensação de medo e angustia que a mantia parada, com frio, ante a janela, ao esperar que algo acontecesse lá fora para sucumbir àquela sensação, não fora preciso, atordoada, Michelle voltou para a cama, sem angústia, medo ou frio, meia hora depois de ter levantado, onde dormiu até com certa facilidade.
Ao acordar, como de costume, antes mesmo de levantar, a senhora Marino tentara adivinhar quais flores seu marido deixara para ela através do aroma que tomava conta de todo o quarto, mas não o reconhecera, nunca sentira antes aquele cheiro, sabia que era de flores, pois amáva-as desde a juventude e conhecera todas as que ficavam aos arredores da mansão, reconhecia e diferenciava pelo aroma as que Alváro, deixara para ela todas as manhas, pois eram as que mais lhe agradavam, não gostava delas inicialmente, mas passou a gostar depois que seu marido as trazia para o quarto todos os dias, levantara curiosa, esse cheiro a revigorava, a enchia de energia, a fazia querer pular da cama, sentou-se em meio as almofadas tentando visualizá-las, levou um grande susto quando viu ao seu lado, sobre o criado-mudo, um vaso, o mesmo utilizado por Alváro para ti deixar flores, mas ele estava vazio, olhando mais sobriamente, chegara a conclusão de que estava quebrado, mas quem o quebrou, e porque...; porque o deixou ali, e o cheiro de flores que sentia, de onde viera? Tantas dúvidas a fizera lembrar da noite que tivera e de súbito começar a sentir sensações estranhas, meio confusas, porém, boas, agradáveis, diferentes daquelas que tivera horas antes, também pudera, ela agora tinha 28 anos, e tinha em sua casa as 4 pessoas mais importantes de sua vida, exceto, é claro, Alváro, seu marido, o defunto, morto na madrugada anterior por uma, ou duas, ou todas as pessoas que ali na casa estavam, não se sabe, nada se sabe, ainda...!

3. Correndo desesperadamente para frente do espelho que refletia não se sabe se mais dor do que ódio ou se mais ódio do que dor, a recém viúva se vira cercada por um sentimento de tristeza tão grande que dava vida a sua dor, a seu ódio, a sua vingança que como num catarro seco engoliria a morte de seu marido para sempre junto com o sangue que ainda há de ser derramado em cima de todas as dúvidas.

4. Na casa, uma nova guerra, cinco almas que irão se reunir para viver a morte de uma, cinco almas lutando pela vida na batalha das palavras reunidas dentro de um jogo criado em algum universo subversivo dentro da incógnita mente do Alváro a muito tempo atraz. Na mão de cada um a cicatriz da condenação, a razão suja pelo sangue que reuni numa só mão o risco daquele punhal maldito que os mantém presos a morte agora mais do que nunca, num jogo de regras que todos criaram para tirá-los a vida que já se desprendeu deles num passado muito distante.

5. Em algum mês de 1965, os recém chegados estavam reunidos pela primeira vez naquela mesa redonda e velha nos porões dessa mesma casa, que a Donald com voz rouca intimativa-os.
- Patrick Lappaco, eu ti puno o medo, que há de nos levar a espera!
- E assim, eu lhes darei o medo enquanto nessa mesa estiver, e quando eu não estiver mais nessa mesa, vocês não teram mais, medo da verdade!
-Michelle Damaió, eu ti puno o veneno, que há de alimentar o ódio dos que amamos!
- E assim, eu lhes darei o veneno das palavras quando nessa mesa estiver, e quando não estiver, é porque já não há mais nessa mesa, lugar para o amor!
- Nomar Maranathà, eu ti puno a razão, que há de fugir por entre as palavras que não serão ditas...!
-E assim, terá razão quem tiver dúvida, que na mesa da verdade, os olhos deixaram todos mudos e o sentimento responderá!
-Alváro Marino, eu te puno a obediência que em palavras nos omitira o que é incerto!
-E assim, será obediente a quem a hora não omitir nenhuma palavra em qualquer lugar dessa mesa!
- Natalie Roce, eu te puno as lágrimas que chorarão a mentira dita pela verdade.
- E assim, a mentira reinará na mesa engolida pelas consequências que os olhos reverão!
- E eu Donald Stratoviack, nos puno a honra que este punhal maldito deixará em nossas mãos para o sangue derramar em toda essa mesa, para que assim, o medo que envenena a razão obedeça às lágrimas mentirosas da honra que deverá ser mantida sobre toda a efemeridade da vida que retrata nos momentos cruciais da dor a pincelada final na pintura das faces que só alimentará o ódio de todos enquanto a morte não se pronuncia e nos dá novas regras para esse jogo que se inicia...!
Senhoras e senhores, bem vindos ao jogo da verdade!

6. Agora, já sentados, observavam o punhal infincado no centro da mesa onde o ciclo se iniciara de mão em mão até que o ultimo o infincasse novamente no centro da mesa em meio a todos. Donald se levantara e pegara o punhal firme, ainda com mãos sujas de sangue e explicara para os demais que a quem o punhal aportar deveria primeiro por honra e depois por obediência responder a pergunta feita por quem atrás do punhal estiver, sem quaisquer recusa ou objeção, sem qualquer lamentação ou dúvida foi que o mesmo foi girado como o tempo que no momento certo se deixara ouvir o vento forte que batia mais uma porta em algum lugar da casa, que assustara e acordara em todos a realidade da vida que eles escondiam dentro de si, num desejo de levantar e desistir, com medo não dos outros, mas de si próprios, de suas próprias verdades, de sua própria vida, o desespero os impulsionava para cima, os fazia quase flutuar da cadeira, podiam sair dali, desejavam isso mais do que tudo naquele momento, o tempo que eles tinham para ir ainda girava sob seus olhos já lacrimejantes que tentavam acompanhar as voltas que a vida dava, teve quem parou até de respirar..., eu sei, eu vi, eu estava lá quando o tempo parou aquele punhal maldito em direção a mim..., atónito, num devaneio inesperado para não chorar comecei a rir..., sozinho, ao parar, segundos depois Michelle começou a perguntar, daí por diante, nada mais foi como era antes, onde a honra em falar a verdade era mais importante do que o respeito, que a amizade, até mesmo que o amor, a medida que iam perguntando o próprio dialeto ia mudando, a medida que iam respondendo, engoliam seu próprio veneno, a medida que iam vivendo, se matavam cada vez mais, e assim foi..., durante muito tempo o ódio só crescia dentro dos nossos corações, os devaneios, as ilusões, as traições, o punhal que só nos tentava a todo tempo nas mãos dos que tremendo estavam, para que hoje tempos mais tarde a morte venha nos dar uma nova verdade, venha nos dar novas regras, como uma pétala que cai para derrubar as demais.


Na casa, perdidos em algum lugar, todos esperavam à hora de um novo jogo começar, tristes e odiosos, desconsolados e arrependidos, maltratados pelo tempo que na ingenuidade certa lhes cruzou os braços e os deixou ir para ver onde iam parar, mas eles não pararam, continuaram e aos poucos foram crescendo e ficando fortes, cada vez mais.

7. No inicio eram apenas crianças de um mesmo condomínio que nossos pais construíram fora daquela pacata cidade onde todos nos odiavam por sermos ricos e por termos comprado tudo dentro da cidade, todas as casas, os sítios, as lojas de conveniência, a padaria, o açougue, a farmácia, tudo pertencia a alguma família rica, pensando nisso foi que o pai da Donald pensou em construir um condomínio dentro de uma fazenda que ele tinha perto de uma cidade grande onde todos cuidariam de suas próprias vidas e seus próprios negócios sem prejudicar ninguém, onde nós estudaríamos todos juntos, no mesmo colégio, onde seriamos criados da mesma forma, dar a nós a mesma educação que foi dada aos nossos pais que diferentes das famílias ricas de hoje que querem tudo para si, sermos todos unidos como uma família, a “Família do Condomínio “Estratoviackâ€; creçemos jogando pólo, gamão, xadrez, falando palavras difíceis que ouvíamos nossos pais falar, até que um dia, já não tão crianças, fomos acometidos de um momento primordial de nossas vidas, o começo de tudo, crucial para avaliarmos a confiança que tínhamos um nos outros..., nossos pais nos intimaram sobre um objeto que teria sido quebrado na casa do Nomar, um vaso de origem italiana, ...mas ninguém falou nada e foi aí que todos receberam seu primeiro castigo, juntos, um olhando para os outros, todos desconfiados, sentados ao esperar por seus pais que ainda conversavam lhes vinheçem dizer qual seria o castigo, não demorou muito minha mãe nos veio falar:
- Estávamos conversando e chegamos à conclusão de que se ninguém falou nada é porque todos têm alguma culpa na quebra do vaso, contudo, refletindo colocamos em enfaze o fato de que vocês não costumam quebrar nada, porém, se quebraram é porque não foi só um acidente, a algo mais envolvido nessa estória, para que um vaso de estirpe inigualável em sua sublimidade de beleza e época fosse quebrado algo de muito sério dever ter acontecido, então decidimos manter vocês juntos até que o culpado se pronuncie e confesse a quebra do vaso, mas não pensem que ficarão aí sentados, ficaram todos presos na adega nos fundos da casa do Alfred (padrasto de Alváro) para refletirem sobre o que fizeram... e tenho dito. E isso também vale para você Patrick!

8. Tínhamos em media 12 a 15 anos, só a Natalie que tinha 16, ela foi a primeira a falar quando trancaram a porta!
-Quem foi, quero saber..., não tenho nada a ver com isso e não vou ficar de castigo, é bom o babaca abrir a boca senão...?
-Calma “Nani†(falou o Alváro), calma, pense um pouco, o culpado não falou quando estávamos na casa do Patrick, porque falaria agora?
-Tens razão, ele não vai falar a menos quê...?
-A menos quê? Retrucou Patrick.
-Cala a boca seu pirralho, a deixe continuar; dizia Michelle.
-Nós temos a mesma idade...!
-Calados! Eu sei quem pegou o vaso...!
Todos olharam ao mesmo tempo para a mesma pessoa que prosseguiu dizendo:
-Não só sei quem pegou, como porque o pegou! Mas não vou dizer, não vou dizer mesmo!
Todos correram em direção a ele, menos Alváro, que segurou o braço de Natalie e impediu que ela fosse com os outros, que o encostaram na parede e lhes dispararam perguntas e beliscões.
-Vamos, diga!
-Fala algo senão...?
-Vai ganhar mais beliscões!
-Não, já disse que não vou falar e não vou falar!
-Por que mentes Nomar? Disse Patrick parando de empurrá-lo e indo sentar num caixote de madeira com o nome de Alváro escrito.
-Perguntei por que mentes Nomar, você não estava lá!
-Então você estava? Perguntou a Donald.
O silêncio só foi quebrado pela Michelle que se dirigiu até o Nomar e disse:
-O vaso pertence a tua família, alguém o pegou e o quebrou e você viu!
-Ele não viu! Retrucou o Patrick.
-Ele estava lá, sim! Disse o Alváro.
-Como você sabe? Perguntou a Michelle.
-Eu pedi para ele! Disse a Donald.
-Pediu o quê! Gritou o Nomar.
O silêncio tomou conta do lugar por um tempo indeterminado e incoerente.
-Num devaneio doente e infantil, soluço eu e começo a rir da garrafa de vinho que tenho nos pés, que me faz lembrar da sala de estar e começar a murmurar o quanto minha mãe estava certa, que todos nós temos um pouco da culpa que ainda resta para ser contada de toda dessa história.
-Não precisa dizer mais Nomar, quem é o culpado!
-Agora, todos nós já sabemos quem é o culpado...?
-É você!
-Foi você Nomar? Perguntou a Natalie.
- Você pegou o vaso para que nós não o pegássemos?
-Como você descobriu Álvaro?
-Não descobri, eu já sabia!
-Como eu disse!
-Eu vi... você pegar o vaso! Eu estava lá!
-Porque não disse que tinha escondido o vaso quando estava-mos com os nossos pais? Perguntou a Donald.
-Se tivesse feito isso não descobriria quem queria pegar o vaso! Disse a Michelle.
- A pergunta é:
-Como sabia que alguém de nós pretendia pegar o vaso?
-A pergunta não é essa Álvaro!
-A pergunta é:
-Porque pegaria o vaso?
-Não, essa ainda não é a pergunta!
-A pergunta mais correta a ser feita é: Onde está o vaso, vamos entregá-lo e sairmos daqui!
-Não precisamos entregar o vaso, ele está guardado com os meus pais!
-Como assim, com os seus pais! Perguntou a Michelle.
-Como são tolos, todos vocês, não vêem que estamos todos aqui reunidos para acharmos uma resposta convincente e dar a nossos pais.
-Isso responde a sua pergunta Donald!
- A dela sim..., mas a minha não?
-Vamos Nomar, diga-me:
- Como sabia que alguém de nós pretendia pegar o vaso?
- “A curiosidade é uma virtude dos que querem aprender e o aprendizado daquele que silencia a dúvida busca nas respostas o egoísmo que omiti a tolice.†No fundo daquele vaso tem colado à estátua de um pescador e em sua vara de pescar existe uma placa pendurada com uma certa inscrição; é o significado do meu sobrenome, esse vaso foi criado pelos meus ancestrais e está em posse de minha família a anos.
- Maranathà! Disse a Donald.
-Nomar Maranathà! Completou Patrick.
-Você sabe Alváro qual o significado do meu sobrenome?
- Não!
- Então, você acaba de responder a sua própria pergunta!
- Mas a dúvida maior é o que fez com que tudo isso acontecesse, foi a curiosidade de vocês com relação ao meu sobrenome, por que não perguntaram, seria tão mais simples e tão mais óbvio.
- Queríamos ver o vaso, contemplá-lo, buscar dentro dele as nossas respostas e o nosso orgulho...!
- Roubando-o! Interrompe o Nomar, que murmurando continuou dizendo:
- Vem senhor Jesus!
- O quê? Perguntou a Michelle que voltava de um outro corredor da adega.
- Vem senhor Jesus! Repetiu ele.
- Porque não nos diz logo o que seu sobrenome significa..., você já descobriu o que queria, todos nós de alguma forma pretendia pegar o vaso...! O Nomar ia começar a falar quando foi interrompido pela Natalie.
- Não, “um†de nós pretendia pegar o vaso, mas não conseguiria sozinho, precisaria da ajuda de todos.
- Tens algo a dizer em sua defesa Alváro?
- Tenho, a idéia não foi minha!
- E o plano também não...! Disse o Nomar.
- Estou confusa! Resmungou a Natalie.
Confuso fiquei eu quando você foi lá em casa usando a sandália da Donald e me chamou para brincar na casa da Michelie, com quem eu estava brigado, na saída, eu vi o Patrick sentado da cerca com o chinelo do Alváro numa mão e um pequeno espelho na outra, o jornal perto da janela que o “cielo†(significa céu – é o dog terrier do pai do Nomar ) não veio buscar..., achei tudo muito estranho, por isso dei a desculpa de ter que ir ao banheiro antes de ir a casa da Michelle, ao entrar em casa, corri para o corredor paralelo a biblioteca, ouvi um barulho estranho e parei em frente ao hall por alguns segundos e vi uma pedra aquária caindo pela janela, provavelmente jogada por alguém na sacada do “salão do pór-do-solâ€, onde fica o vaso e o “sino de gioiaâ€, corri o mais rápido que pude para lá, peguei uma espada de madeira egípcia que dá saída a escada de emergência e tranquei o salão, dei a volta por um dos quartos de hóspedes, atravéz da janela subi no parapeito, me agarrei no corrimão sobre a lavanderia e entrei no salão que estava exatamente igual, como sempre esteve, tudo no seu lugar, o vaso em cima da pedra sobre a redoma de vidro e o “sino de gioia†a direita, esperando o pór-do-sol...! Tudo aquilo me fez achar que estava imaginando coisas, me senti envergonhado comigo mesmo, pensei que fosse fantasia de minha cabeça!
- Tudo exatamente como eu imaginei! Indagou Donald, com um sorriso irónico nos lábios.
- Tudo aconteceu exatamente como eu tinha planejado, desde o espelho na mão do Patrick até a espada de madeira egípcia e o parapeito...! Até a pedra aquária...!
- A sua inteligência me espanta Donald! Disse a Michelle.
- O que deu errado Donald? Perguntou o Patrick.
- Pergunte ao Alváro, ele vai saber te responder melhor do que eu!
- A culpa foi tua, seu cabeçudo de meia tigela, quando eu apareci no parapeito, você tinha que ter apontado o espelho em minha direção, eu estava com o vaso em mãos, o reflexo do sol em meus olhos quase me deixou cego, por sua culpa deixei o vaso cair e o mesmo se rachou.
- Entendeu agora, sua “anta-de-suspensórioâ€!
- Tive que pegar os pedaços e montá-lo em cima da pedra antes que a primeira parte do plano da Donald fosse concluído, por sorte consegui, o Nomar não desconfiou em nada até ter pego o vaso!
- Engano seu meu caro, antes de saber que o vaso estava quebrado, já sabia que alguém o tinha tirado do local, a pedra cujo o mesmo fica sobre, mantém o vaso resfriado, se o vaso ficar até mesmo pouco tempo longe da pedra, fica com uma aparência meio azulada!
- Seu daltónico! (Dizia a Donald para o Álvaro)
- Como é que eu podia imaginar! Argumentou ele deixando o Nomar continuar:
- Só vi que estava quebrado quando o segurei e o mesmo se despedaçou em minhas mãos, senti meu coração e o de meus ancestrais se despedaçar com ele, foram segundos que duraram horas...!
-...
- Onde estava essa hora, Alváro? Perguntou a Donald.
- Talvez, pendurado sob o parapeito! Respondeu o Patrick, sorrindo.
- Não seu tolo, estava acompanhando tudo de traz do sino...!
- Como saio de lá Alváro? Perguntou a Natalie.
- Com a ajuda do Nomar! Respondeu ele.
- Com minha ajuda! Você está louco?
- Falo sério..., a primeira coisa que fez após se recuperar da quebra do vaso foi voltar pela lavanderia, descer do parapeito, retirar a espada que mantinha a porta do salão fechada, entrou para buscar o vaso e o levou para guardá-lo no quarto dos seus pais, foi o tempo que eu precisei para sair de lá..., pela porta da frente se quer saber! E se o vaso não tivesse sido quebrado, você voltaria pela lavanderia, desceria o parapeito, tiraria a espada da porta, tomaria um pouco de água da cozinha e ia falar com a Natalie que estaria com a sandália dela, te chamaria para brincar na casa da Donald, o Patrick não estaria mais sentado na cerca e nem mesmo o jornal estaria ante a janela, você iria com ela e eu sairia pela porta da frente do mesmo jeito, só que com o vaso!
- Um plano brilhante, praticamente perfeito, que teria tudo para dar certo se o Patrick não fosse tão “burroâ€! Disse a Donald olhando para o Patrick.
- Porque elaborar um plano tão inteligente desses por uma causa tão simples? Perguntou a Michelle.
- Queria fazer algo inteligente, que nos desse emoção e adrenalina, expectativa e sonhos, brincar um pouco de detetive e espião, sendo os dois, onde cada um desempenharia um papel importante num trabalho de equipe, onde até a vitima seria uma peça a ser movida dentro do jogo, ...e ela seria a peça principal do plano, tudo em pró de uma conquista não só material, mas de expectativa intelectual..., queria ver até onde vai a minha inteligência e o meu raciocínio!
- Tudo isso só para saber o significado de um sobrenome! Indagou a Natalie.
-O significado de um sobrenome o qual ainda não nos foi dito sua acepção! Falou o Alváro.
- Já foi dito sim! Afirmou o Nomar.
- Como assim já foi dito? Retrucou o Patrick.
- Já disse, vocês não entenderam, são tão idiotas que nem notaram, ficaram discutindo coisas que já não importam mais que nem perceberam quando eu lhes disse o significado do meu sobrenome!
Todos se entreolharam, tentando buscar em algum lugar do tempo algo que confirmasse a afirmação de Nomar!
- Que ironia..., vamos seus cretinos, a resposta para suas perguntas passou bem diante de vocês e se perdeu no tempo, entrou em seus ouvidos e saio sem si quer ser notado!
- Eu me lembro vagamente do momento em que nos disse...! Afirmou a Donald.
- Não só me lembro como pedi que ele confirmasse para nós e ele disse:
- “Vem senhor Jesusâ€! Confirmou o Alváro.
- Correto, Maranathà é uma expressão italiana que significa..., “vem senhor Jesus!†Disse o Nomar.
Todos ficaram em silêncio por alguns segundos.
- Agora já sabemos o que o vaso escondia!
- Escondia um caminho a ser percorrido e buscado todos os dias, como o pão e o leite, como o peixe do pescador, que leva para casa e apresenta a sua família o alimento daquele dia...! Disse o Nomar.
...
9. - Agora que todas as perguntas já foram respondidas, voltemos lá para cima e contemos toda a verdade!
- Não podemos contar a verdade Patrick! Argumentou a Michelle.
- Simplesmente porque não acreditariam em nós! Disse a Donald.
- Tens algo mais a nos dizer Nomar?
- Tenho, a Donald está certa, nunca acreditariam em nós, nunca acreditariam nessa história toda, vamos subir, direi a nossos pais que estávamos todos reunidos no salão brincando e que por acidente eu quebrei o vaso!
- Mas não foi você quem quebrou o vaso, foi o Alváro, graças ao Patrick! Retrucou a Natalie.
- Você só saio prejudicado com essa história toda e agora quer assumir a culpa de tudo sozinho! Disse a Michelle.
- Eu assumo a quebra do vaso! Disse o Alváro.
- Não, deixe que eu assumo, afinal a culpa foi minha! Disse o Patrick.
- Não, quem vai assumir a quebra do vaso sou eu, se eu não tivesse bolado todo esse plano, nada teria acontecido! Disse a Donald.
- Não, se eu tivesse mostrado o vaso a vocês antes, lhes tivesse dito o significado do meu sobrenome, aí sim, nada teria acontecido! Disse o Nomar.
- Não, precisamos de outra alternativa, nem que digamos toda a verdade a eles, e se quiserem acreditar, que acreditem..., se não quiserem..., fazer o quê?
E assim foi dito..., e assim foi feito, e como já era previsto ninguém acreditou, acharam que era brincadeira de criança e acabaram relevando o que foi fito, mas não o que foi feito, como castigo, todos tiveram suas mesadas cortadas naquele mês, para ajudar na restauração do vaso. Depois disso, tudo se normalizou e voltou a ser como era antes, eles cresceram, se identificaram, evoluíram, brigaram, se unirão, se apaixonaram entre si, se amaram e se odiaram até virarem jovens de verdade, fortes e vigorosos, sábios e inteligentes o suficiente para se destruírem amargamente e inconsequentemente em algum lugar na penumbra que esconde “a casa dos mortosâ€, a mansão dos Marino, o casarão onde aconteceria com eles o que os mesmos apelidaram de “pantomima do diaboâ€, onde eles próprios seriam os fantoches e sua própria platéia, dizer as paredes onde estão os ratos e as almas, não teria graça sem a ajuda dos mortos e das gotas de orvalho da manhã daquele inicio de primavera em que a Donald reuniu a todos e os convidou para morar num lugar distante de tudo aquilo que não fosse só deles, assim como o punhal de aparência tão antiga, porém, tão afiado que ela disse ter achado nesse mesmo lugar onde todos decidiram ir morar com plena convicção, lugar esse, onde todos levariam suas tristezas, mágoas, medos, paixões, vinganças, carinhos e desgraças para serem compartilhadas com a dos outros, formando um unguento amargo que fermentaria em suas vidas o gosto azedo governado ao redor daquela mesa que tanto os alimentava e os feria dessa redoma hipócrita e já sem vida que os espíritos atropelavam do tempo para roer suas feridas e defecar o que eles chamavam de “amizade†dentro daquele prato de peripécias que eles comiam com tanto afinco todo santo dia, enquanto o Alváro filosofava mais uma de suas poesias:
- “Não é só o sustento de uma nomenclatura é a idoneidade de uma estrutura limitável, um poder crítico não estável de uma criatura nada tola e que por instinto se perpetua na tua inquietude morfológica e astuta, feito demiurgo de egoísmo maior e doce..., como os olhos da dor, martelando na testa o corretivo dos lábios nocivos e desobedientes, mastigando vida e sementes de gira-sol, cuspindo para cima e fazendo “jubilo†enquanto aqueles que na efemeridade já não se odiavam prosseguem comendo e até sorrindo...!â€

10. Depois que o tempo ousou fluir, o sol se intromete entrando pelos vitrós, refletindo num prisma sobre a mesa um sorriso incomum que deformava suas almas, onde se desconheciam..., era domingo, eram felizes, era o começo da vida que havia ressuscitado aquela mansão maldita, onde todos se transformaram em pássaros e tinham conquistado a liberdade, eram livres, pássaros dentro de uma mesma gaiola, fedida e podre, imunda e vesga, torta e retrátil, linda e perfeita, mórbida e sóbria, o mais perfeito oposto de onde antes viviam, belas mansões, jardins, tudo perfeitamente limpo e novo e caro, porque trocar o aroma de rosas pelo cheiro de bicho morto, porque querer morar como ratos de um esgoto qualquer...? Talvez porque fossem!
Ratazanas enormes, cheio de doenças e malária, infecções e riscos ludibriados de verbo a multiplicar-se-ia? Não, suas almas foram lavadas junto com toda aquela casa e seus peculiares e substantivos como num banho de água fria e santa que ainda escorre nos esgotos e veias daquela casa e daquela gente já não mais verde e doente.

11. Dados em cima da mesa e um tablete de chocolate só significavam uma coisa..., o silêncio... e a porta do sótão que se abre, corpos se entrelaçam a rastejar pela escuridão fria, pés amarrados a gritos e algazarra que se desvanecia sob o lustre daquele beco de onde se espalhavam vozes e ecos, seres se puxavam e se empurravam em meio as portas e paredes que os acusavam e os assistia, os ouvia e os ajudavam a descer escadas e subir em mesas, sucumbir o alvoroço que pondera o corpo que pela janela cai, sobre a grama verde dos teus olhos que já vêem o alpendre por traz das rosas que o ver passar afoito e ofegante, esticou uma mão e encontrou outra, dura, quente e cinzenta de um ser que olhou para ele com seus olhos brancos e o sorriso no rosto, recebeu um abraço do genuflexo cujo os olhos brilhavam ao pegar em suas costas o objeto de seu desejo, um “sino de prataâ€, virou para os que o perseguiam e disse em meio as badaladas...!
- Vocês se ferraram de novo!
- Que diabos, o Alváro sempre ganha essas provas de resistência! Resmungou o Nomar, desamarrando-se.
- Que culpa tenho eu se a prova era de resistência, nem fui eu que tirei a carta daquele bendito “baralho dos desafiosâ€, agora vocês terão que esperar uma outra oportunidade e que o baralho nos descreva uma prova cujo eu não ganhe!
- Você ganha quase todas! Resmungou o Patrick.
- Vamos Alváro, diga logo, se é que você já sabe quem é que vai com você todo dia para a cidade durante essa semana? Perguntou a Michelle.
- A Natalie, ela vai comigo essa semana!
- “Grazie per questo,†como diz o Nomar! Agradeceu ela com um sorriso no rosto.
- Vamos sair logo desse sol! Pediu a Donald.

12. O Álvaro era uma espécie de pedreiro, eletricista, mecànico, era quem concertava tudo na mansão, a única coisa que ele nunca conseguira consertar foi um pequeno friso aberto no lustre de seu quarto, entre um pedaço e outro do taco envernizado no teto que pela laje separava o seu quarto ao de Natalie por alguns centímetros, friso este que não existia ate então, mas já vivia dentro de seu destino.
Todos voltaram para a mansão, menos aquele ancião de cimento, com aquela mão estendida e seu cajado amaldiçoando quem chega à mansão sob seu sorriso irónico.

13. O ronco do motor do carro já se dissipava ao longo da estrada de terra que leva para longe o Alváro e a Natalie presos dentro do carro que eles guiavam em direção a algum lugar onde pudessem conseguir alimentos, roupas, gasolina, sementes de gira-sol e os peculiares de cada um grifados no hieroglífico do papel é que se dirigiam para o entroncamento cerebral de cimento e metal fundido a poluição sonora habitual da escravidão per capta e hipócrita da cidade-grande, a mesma esquecida pelos humanos na redoma ante-social que os mantiam na órbita da ordem, plantando para comer e sorrir, limpando e reaproveitando para sorrir, descansando a mente e se amando, amando o ar puro e sossegado nos seus nomes rabiscados no tronco de sua respectiva arvore cujo a sombra entra pelas janelas todas as manhãs e os faz sorrir, enquanto arrumam seus quartos e aguardam a Donald e a Michelie fazer o café da manhã, depois, todos limpam e arrumam as dependências da mansão antes das mulheres prepararem o almoço e os homens irem limpar o jardim e colher frutos no pomar, a tarde, faziam todos o que bem quisessem, dormir, estudar, ler, ouvir som, escrever, invadir o quarto alheio e roubar beijos, carícias e prazeres carnais também aconteciam esporadicamente, a noite, as mulheres faziam o jantar e os homens depois, lavavam, enxugavam e guardavam toda a louça antes de todos entrarem na “perua†e irem para a cidade onde faziam faculdade, era assim o dia-a-dia deles durante a semana, no sábado a noite faziam reuniões e no domingo brincavam de “jogo da verdadeâ€, a vida deles se resumia a isso, só mudava pela manhã quando dois deles iam todo dia para a cidade, falando nisso..., voltemos então para a beira da estrada onde o carro segui e para atrás de uma cabana abandonada, vidros se fecham e mentes se abem para espantar o frio e voltar no tempo.

14. - Porque parou o carro Alváro?
- Por que perguntar quando já se sabe a resposta!
- Engano seu, se soubesse não perguntaria!
- Perguntaria se lembrasse, Nani!
- Lembrasse do quê? Perguntasse o quê? Alváro.
- Não precisaria perguntar, eu já te daria a resposta!
- Resposta para que pergunta?
- A pergunta você faria depois que eu a respondesse!
- Mas se respondesse, porque eu perguntaria?
- Não perguntaria, lembraria!
- Alváro, meu querido, diga-me de uma vez por todas, que pergunta é essa que eu tenho que te fazer?
- A pergunta deve ser feita não a mim, mas a você mesma, minha flor!
- Estou confusa, Alváro?
- Eu sei, eu sei...!
Enquanto olhava para o canto superior esquerdo do carro, onde tinha um adesivo colado com a seguinte frase: “aprece-se em ir devagarâ€, Alváro ligava o carro.
- O que há na cabana Alváro?
- Um desejo esquecido!
- Onde?
- Dentro de você!
- Quando?
- Num passado distante...!
- ...
E voltando para a estrada eles seguem seu destino em direção a cidade.
Longe dali, a 6 léguas ao sul, a torre da mansão dos Marino apontava 10 da manhã, no pomar, uma verdadeira guerra estava começando, gritos e alvoroço se ouviam ao longe, o chão do pomar já estava ficando vermelho, gritos de dor os acusavam e os faziam rir, uns atirando nos outros com suas mãos firmes, na cintura de cada um, um saco cheio de munição, ou seja, acerolas, que voavam como luzes vermelhas para todos os lados, em todas as direções...; eles estavam se divertindo de verdade, como nunca se divertiram antes, só conseguiram descobrir com era ser criança depois da juventude, que não tiveram infància pois a mesma foi perdida em meio a livros, precisariam agora, recuperar o tempo perdido brincando e se divertindo como deveriam, subindo em arvores, correndo descalços pela terra, atirando frutas uns nos outros, se sujando na lama, brincando de pega-pega e se esconder como crianças inteligentes, maduras e adultas que eram, tomando banho, lavando suas roupas, limpando suas bagunças e se divertindo muito, jovens que acabaram de descobrir que nunca é tarde para ser criança, para ser feliz.
As acerolas acabaram, mas o espírito de liberdade que os contagiava não, a magia que os tornava crianças era muito forte e fantasiosa, era o alimento de nossa sobrevivência e nossa harmonia.

15. Horas depois..., o Álvaro e a Natalie já percorriam o caminho de volta, quando o pneu do carro fura ao passar por uma cerca caída na beira da estrada, Alváro perde a direção do carro que vai diretamente para dentro “daquela†cabana abandonada, antes de entrar na cabana o carro bate num barranco de tijolos e pende a 80° ficando na vertical, os gritos de Natalie já podem ser ouvidos ao longe... interrompido, o corpo dela é jogado sobre o de Alváro que vê o cinto de segurança prender o pescoço dela com o impacto, passa seu cinto sobre o pescoço e com um impulso quase sobre-humano se lança e a segura impedindo que se enforcasse, ele a agarra como se a abraçasse enquanto o carro ainda entra pela cabana destruindo toda a parte frontal do carro que bate na parte de traz da cabana que se destrói como se tivesse explodido, o carro da mais um giro e fica de cabeça para baixo, com a queda, Alváro não suporta o peso e solta Natalie que bate com o pé no vidro do carro e seu corpo gira libertando-a do cinto, ela cai sobre o Alváro que a segura como seu corpo e espera que o carro que ainda desliza sobre a grama verde aos poucos possa parar.
O carro para e a respiração de Natalie também..., Alváro a deita ao seu lado e nota que ela não respira, lhe faz massagens torácicas e respiração boca-a-boca na esperança de que ela desperte, não demora muito ela desperta como num soluço, olha para Alváro e desmaia, ele sorri e cai ao seu lado, exausto. Olha para ela e a sente respirando, seu corpo já não resisti ao cansaço e ele fecha os olhos por alguns segundos. Sente o cheiro de gasolina e assustado começa a tentar sair do carro com falta de coerência e sobriedade, tenta abrir a janela e não consegui porque não se lembra de como abri-la, tenta ligar o carro com a chave, mas para quê?..., nota que o vidro traseiro do carro não esta lá, e aí sim, passa por cima de Natalie e sai do carro, puxando-a pelas pernas com cuidado para que não se machuque ele a tira do carro que aos poucos começa a pegar fogo enquanto ele a puxa sobre a grama de volta para a cabana onde talvez pudessem se abrigar, aproximadamente 4 horas se passaram e eles ainda estavam lá, naquela cabana abandonada e deserta ao esperar que alguém lhes aparecesse e lhes ajudasse, Natalie já acordara e abraçara fortemente o Alváro como nunca tivera feito e lhe agradece por ter salvo sua vida beijando-lhe os lábios e dizendo-o que o ama, agora ainda mais, que o espera a muito tempo e deseja-o, que ele a salvou para que ela não perdesse outra oportunidade de dizer-lhe e mostrar-lhe o quanto ela o ama, deitou-se por cima dele e beijou-o como uma louca, como se estivesse ressuscitado para amá-lo e tê-lo em sua cama, arrancou suas roupas e fez amor com ele de uma forma que nem ele entendeu, totalmente expressivo e afoito, muito bom e quente e rápido, ela estava incrivelmente linda e feliz, não sabia siquer onde estava, não tinha percebido o ambiente que os envolvia e a esteira suja, cheia de poeira, pequenas pedras e cimento espalhado por toda aquela cabana recém destruída, ela não se preocupava, tinham acabado de fazer amor como dois amantes.
- Por quê? Perguntou ele.
- Porque perguntas quando já se sabe a resposta!
- ...Engano seu, não sabia que me amavas!
- Mas eu lembrei do que me falavas!
- Do quê?
- De um desejo esquecido!
- Me disse uma vez que adoraria fazer amor com alguém em uma cabana abandonada!
- Mas não nessa cabana destruída!
- Não estava destruída quando íamos para a cidade!
- Tens razão...!
- Natalie...?
- Fala Alváro!
- Eu pude salvar sua vida..., mas não posso salvar seu coração!
- Eu sei..., você não me ama!
- ...
- Eu entendo, só não gostaria que fosse assim...! Gostaria que me ama-se como eu ti amo e me deseja-se como eu te desejo, já pensei muito nisso, hoje, já posso viver só com o teu cheiro, teus olhos, tuas palavras e tua presença...!
- Sempre gostei de você Nani, sempre admirei o seu jeito de ser, sua personalidade e seu caráter, te acho uma mulher incrível, não é só um lindo corpo de mulher e um rosto angelical; é uma mente invejável e pura, simples e expressiva. Você é e sempre será a mulher da vida de qualquer homem..., eu adoraria poder amá-la, mas não sou digno de teu amor, da tua pele e teus desejos!
- Porque vai se casar com a Michelle?
- O que ela tem que eu não tenho...?
- Uma escolha minha...!
-...
- Porque escolheu a ela e não a mim...?
- Eu não a escolhi...!
- Não entendi?
- Eu sei...!
- O que eu significo para você? O que meu sentimento significa para você?
- “Que o sol não nasce, nem a lua aparece, as estrelas não brilham e os pássaros não voam, as rosas não tem cheiro de rosas e o mar não tem ondas, o sal tem gosto de terra e a terra tem gosto de sal, não existe o mal e o bem é um universo perdido por alguém que morreu a muito tempo atrás e hoje, já não sabe mais o que é o sol..., a lua..., as estrelas, não tira mais da terra o sal de sua vida, não faz bem nem mal, simplesmente não faz nada, até porque já morreu a muito tempo atrás..., desde que seu amor deixou de existir...!â€
- Será que alguém, algum dia, vai me amar assim...?
- Tenha certeza disso!
- Deixarei de amá-lo se for assim!
- Tem alguém que te ama e que cuida de você com todo seu coração e sua alma, que a espera e que a entende, que a busca em seus sonhos e faz bater seu coração!
-...
- Entendi, mas não compreendi? Quem é essa pessoa o qual você se refere, Alváro!
- Procure em baixo do seu baú, em seu quarto, a resposta está lá...!
- O que vou achar lá?
- O início...!
- O início de quê?
- Do caminho que leva de volta o sol, a lua, as estrelas, o sal da terra, o bem e o mal dentro daquele que só vai nascer de verdade, depois que morrer...!
- Porque você fala tão difícil, Alváro? Porque é tão difícil compreendê-lo?
- Porque é preciso...!
...
Na mansão, estavam todos preocupados com os dois que a muito já deveriam ter voltado, a Donald já ligara o carro e esperava os demais que estavam pegando seus materiais para estudo, pois caso demorassem, já permaneceriam na cidade onde iam para suas Faculdades. Todos saíram pela estrada de barro, dentro daquela “perua†cheia de preocupações.

16. Era final de tarde e o sol já quase se escondia atrás das montanhas quando da perua se avistavam duas pessoas sentadas na beira da estrada como se esperassem por alguém que nunca vinha, reconheceram de longe os dois que os viram ao longe e já pulavam e agitavam os braços acenando para eles, dali, foram direto para a cidade onde foram a um hospital particular e depois a uma delegacia para prestar ocorrência sobre o acontecido. Ninguém foi a Faculdade nesse dia, todos voltaram para casa onde o Alváro e a Natalie tomaram um banho, comeram alguma coisa, descansaram um pouco antes de explicar tudo o que tinha acontecido naquele dia que eles nunca esqueceram a aqueles curiosos e preocupados amigos. Eles contaram tudo, menos o que aconteceu depois que a Natalie acordou do desmaio, disseram que depois que ela acordou na cabana, eles descansaram um pouco e foram para a beira da estrada esperar ajuda. Todos bateram palmas para o Alváro por ter salvado a vida de Natalie, que o beijou na face e lhe agradeceu mais uma vez por ter salvado sua vida.


17. Depois disso, tudo se normalizou mais uma vez..., adquiriram um outro carro com o seguro daquele que havia sido destruído, não precisaram consertar aquela cabana velha, pois, o dono dela é a mesma pessoa cuja fazenda pertencia a cerca jogada na estrada que com seus arames provocaram todo aquele acidente, ele permaneceu um tempo preso mais logo consegui o dinheiro da fiança e foi libertado, depois foi embora para algum lugar distante. Tempos depois a estrada foi recapeada e asfaltada pelos que moravam na antiga Mansão dos Stratoviack e agora Mansão dos Marino, nome batizado por Donald como presente de casamento para o Alváro e a Michelle. A Natalie já não era mais apaixonada por Alváro, e sim por alguém que não conhecia, um ser que só existia num pedaço de papel deixado em baixo de seu baú uma vez por mês, sempre com um número atrás marcado em ordem crescente a ordem em que iam sendo enviados, colado com “grude†num quadro de avisos pendurado por ela na parede em cima de sua cama como se fossem fotos de família, pedaços que se encaixariam num futuro distante, cada um com uma palavra ou uma letra, dentro de um pequeno envelope de papel junto com uma flor, como um bilhete que era mandado aos poucos, o quarto de Natalie estava sempre trancado, ela não sabia como aqueles bilhetes poderiam aparecer lá, e quem o colocou, como o fez, mas não se importava, achava mais interessante e misterioso e romàntico, as vezes pensava em algo paranormal, mas mudava de idéia quando tentava encaixar o monte de letras, em busca de frases de amor e lia sempre o que escrevera no teto de seu quarto, lembrando sempre das palavras de Alváro: “...tem alguém que te ama e que cuida de você com todo seu coração e sua alma, que a espera e que a entende, que a busca em seus sonhos e faz bater seu coraçãoâ€, tentara descobrir quem era o seu amado entre os que moravam na casa, mas nunca conseguiu, perguntou varias vezes ao Alváro mas este nunca lhes disse, ela também achava melhor assim, deixara se levar por aquele jogo de amor e sedução de alguém que a amava de verdade e que declamava seu amor em forma de mistério e frases de amor que ela tanto tentava adivinhar todas as noites antes de dormir, mas nunca conseguira...!

18. O tempo passa e com ele se vai à amizade, a paz, a saúde e tudo mais..., aquela mansão volta a ser a mesma gaiola, fedida e podre, imunda e vesga, o mais perfeito equilíbrio entre podridão e sobrevivência, onde os ratos não se misturam para não permutar suas pestes, cada um em seu buraco, só saiam para se alimentar, trabalhar e se unir com os outros para esclarecer suas dúvidas de vivência no cáustico Jogo da Verdade, era a única coisa que os mantinham unidos até a morte, e por falar em morte..., ela chega e com ela o susto daqueles que na porta batem, um médico, um delegado, um padre e um coveiro ao adentrar pela porta aberta por aquela alma vestida de puro preto e de rosto pálido e cinzento que se apresenta como a viúva do falecido cujo o corpo foi achado sentado no chão encostado na estátua de um ancião no centro do jardim que a neblina lá fora escondia junto com o que foi encontrado em suas mãos e na beleza de seu rosto no momento em que foi encontrado pela Donald, cujo os gritos acordaram a tragédia a todos os que tinham ido repousar no final da noite anterior, noite cujo o Nomar ainda não tinha tido uma overdose de maconha, ela (a Donald) e o Patrick ainda não sabiam que tinham o vírus da AIDS, a Natalie não sabia que recebera o seu nonagésimo nono pedaço de papel e a Michelle que nunca conseguiria se libertar de seus terríveis pesadelos.
O senhor Alváro Marino foi enterrado no mesmo dia de sua morte ali mesmo na mansão em baixo da arvore que levava o seu nome e os que ainda estavam vivos não permitiram que seu corpo fosse mexido e lhes fosse confirmado o motivo de sua morte, guarda-chuvas embalavam o cortejo de tráges peculiares enquanto as rosas contemplam em sua passagem pelo jardim o embalsamado daquele que todos os dias lhes acordavam com um “bom dia†e que acolhiam em seus braços e os levavam para serem entregues a um alguém que ele escondia com um sorriso..., o mesmo que alegrara sua face no momento de sua morte.
Quando, as badaladas do sino se misturaram ao barulho forte de chuva que anunciava o momento em que se fechava o túmulo de Alváro para que a porta do inferno pudesse ser aberta para que ele pudesse entrar... e não voltar mas nunca! Ou não.
O barulho da chuva era como a trilha sonora de suas vidas que cujo flashback lhes radiava os olhos lacrimejantes de sentimentos arrependidos e sufocados a cada clarão de luz que pela janela adentrava nos raios de suas almas perdidas e confusas dentro do temporal que destruía tudo lá fora... enquanto tudo era destruído lá dentro.
Michelle sentara em sua cama e olhando para aquele vaso quebrado em cima do criado mudo sentia aquele cheiro de rosas que ela desconhecia e que não saíra do quarto desde a noite anterior quando lhe veio trazer o adeus deixado por Alváro que adorava aquele vaso como se fosse um presente de Deus e que o enchia de flores todas as manhãs, aquele aroma era desconhecido por Michelle porque era a união de todas as flores que Alváro recolhia e trazia para seu quarto, o que ela não sabia é que aquele vaso de flores deixado em cima do criado mudo nunca fora para ela.
Todos se reuniram mais uma vez naquela mesa redonda e velha nos porões daquela maldita mansão para viver algo novo como se fosse a primeira vez e talvez a ultima, com voz rouca mas não tão jovial a Donald cumpria sua dinastia.

19. - Há muito tempo atrás eu reuni todos vocês para viver algo precioso e incerto, reuni seis almas e as aprisionei no punhal onde escorre o sangue que brota do medo (disse ela olhando para o Patrick), do veneno (olhando para a Michelle), da razão (olhando para o Nomar), das lágrimas (olhando para a Natalie) e da honra (referindo a si própria), porém, hoje, a obediência já não existe mais... (dizia ela se referindo ao Alváro), sendo assim, o sangue coagulado do punhal se deslocou, descascou nossas vidas e nos separou para que pudéssemos viver de nossa essência e destruirmos a promiscuidade que sangra sobre nós...!(Após uma pausa ela continuou).
- Patrick Lappaco, o que o medo tem a nos dizer...?
- Que talvez a obediência já não exista, mas o medo deixou de existe há muito tempo ao redor dessa mesa para existir apenas dentro de nós...!
- Michelle Damaió, o que o veneno nos diz...?
- O veneno já não tem efeito, pois tem gosto de amor, assim como, o amor já não tem efeito, pois tem gosto de veneno...!
- Nomar Maranathà, e a voz da razão?
- A razão já morreu há muito tempo sem poder gritar..., desde então, o sentimento responde por ele e por essa mesa...!
- Natalie Roce, e as lágrimas onde estão?
- A muito secarão junto com o poço de mentira que saciava a sede dessa mesa e a necessidade da verdade...!
- Na sombra..., só a honra respira e empalha almas perturbadas pincelando em seus rostos o sangue que engana o medo, o amor, a razão, a verdade, busca em suas mãos o sal da obediência que aos poucos acabou e se fez pó...! Porém, a obediência antes de ir nos deixou sua ultima profecia em forma de um sorriso, de um buquê de flores e um objeto que indagaria seu ultimo pedido e sua bonança, objeto este que a vocês eu mostro... agora!

20. Colocando a mão no bolso direito da blusa Donald tirara o objeto e o colocara no meio da mesa ao lado do punhal, dizendo que o Alváro o possuía em suas mãos no momento de sua morte como se o deixasse para eles e que com o sorriso no rosto pedia que o usassem.

21. Sem se conter, Michelle se levantou da cadeira e esticou sua mão em direção ao centro da mesa onde segurou o punhal e o levantou, descendo-o em seguida e batendo com uma força descomunal naquele frasco escuro de tamanho médio que segundos atrás a Donald o tinha colocado em cima da mesa e fez com que o mesmo fosse destruído e espalhasse por toda a mesa e pelo chão o conteúdo de suas entranhas, dezenas de comprimidos e dois pequenos pedaços de papel enrolados que ficaram presos entre os frisos da mesa, enquanto a Michelle infincava novamente o punhal no meio da mesa e gritava:
- Por que não perguntamos logo quem o matou, é tão mais simples e tão mais óbvio?
- O Alváro não gostaria que fosse assim...! Ele nos deixou um meio para descobrir isso e esse meio é a nossa ultima obediência! Disse a Donald que juntava os comprimidos no centro da mesa e puxara seis e os colocara em sua frente, onde voltara a sentar.
A Michelle juntara todos os comprimidos que ficaram em cima da mesa e os aproximou do punhal e dos bilhetes, antes de sentar-se novamente e puxar seis comprimidos em sua direção. Depois disso os demais fizeram à mesma coisa puxando comprimidos em suas direções.
- Que assim seja feita à vontade do meu amado! ...Chegou à hora de engolirmos tudo o que foi vivido ao redor dessa mesa e resumirmos as vidas que se aprisionaram dentro desses comprimidos! Disse a Michele.
Michelle pega um comprimido em cima da mesa e põe na boca, mas não engole, o deixa em baixo da língua.
Todos os outros..., a Natalie, o Nomar, o Patrick, fazem o mesmo, pegando comprimidos em cima da mesa e colocando na boca, também sem engolir colocando em baixo da língua, a única que ainda não fez o mesmo foi a Donald que antes de colocar o comprimido na boca, se levantou e pegou um dos dois pedaços de papel enrolados no centro da mesa, o abriu, retirou uma pequena flor que havia dentro e o leu...!

-... “Porque o sol não nasce, nem a lua aparece, as estrelas não brilham e os pássaros não voam, as rosas não tem cheiro de rosas e o mar não tem ondas, o sal tem gosto de terra e a terra tem gosto de sal, não existe o mal e o bem é um universo perdido por alguém que morreu a muito tempo atrás e hoje, já não sabe mais o que é o sol..., a lua..., as estrelas, não tira mais da terra o sal de sua vida, não faz bem nem mal, simplesmente não faz nada, até porque já morreu a muito tempo atrás..., mas só foi enterrado hoje junto com o relógio que gira ao contrario desde que seu amor deixou de existir...!Desde que você deixou de me amar!â€
O silêncio foi tão doentio quanto o ruído sinistro que arranhava suas almas de fora a fora em busca do ócio que lhes surravam o devaneio que desconheciam ou não.
-...
- Mas eu sempre o amei...! Durante toda a minha vida eu o amei todos os dias! Disse a Michelle.
-...
- Ele não está falando de você..., ele está falando de mim...! Ele sempre me amou todo esse tempo, ele já tinha me dito isso uma vez, porém, eu pensei que ele estivesse falando de você, mas ele estava falando de mim, como eu fui tola! Afirmou a Natalie esticando a mão para que a Donald que já estava sentada colocasse em sua mão aquele pequeno bilhete com o número 100 escrito no verso.

22. Michelle há muito esquecera o significado das lágrimas que corriam em seu semblante para demonstrar a dor que sentia no peito e estática mostrava aos que olhavam para ela que estava viva, porém, distante, longe, em algum lugar do tempo em que foi enganada por tantos anos pela pessoa que mais amava na vida, vida esta que momentaneamente não significava nada para ela.

23. Após alguns momentos de silencio que duraram anos para Michelle, ela se levanta e antes de começar a falar cospe em cima da mesa aquele comprimido que colocara em baixo da língua.
- O ciclo foi quebrado e o laço foi desfeito..., hoje, esse jogo foi completamente destruído pela única pessoa que poderia destruí-lo, a pessoa que o criou, a obediência, que traiu sua própria essência quando foi de encontro às lágrimas, quando na realidade, preferia o amor, singelo como o orvalho trazido pelas pétalas das flores de onde o mesmo tirava o açúcar que dava gosto ao sal de sua vida tirada da terra junto com as flores que ele levava para alguém que nunca às recebia.

- Mas a sentia, e a acalmava, a acordava para a vida que formigava o sangue que lhes tocava os dedos e a incógnita do papel que lhes reverenciava a alma onde lhe sorria uma flor que lhe presenteava com um pequeno pedaço de papel que trazia escondido uma palavra ou uma letra, um amor simples e suficiente para espairecer sua áurea e tranquilizar seu espírito, para que pudesse ser amado de alguma forma, por mais que dentro de um pedaço de papel, abraçado por uma flor...!

- Assim sendo..., a honra não poderia engolir a verdade que o medo tinha de obedecer ao amor e as lagrimas enquanto existisse a razão e a honra...! Disse a Donald tirando o comprimido de sua boca e pondo em cima da mesa, antes de continuar.
- A obediência não existe mais, assim como o nosso papel nessa mesa, o Alváro sabia que só ele poderia acabar com esse jogo e devolveu a nós a vida que ainda nos resta enterrando o que ainda existia da sua, agora, nós somos todos livres e insólitos, temos a liberdade de vivermos nossas próprias vidas separados uns dos outros ou não, como esse dois pedaços de papel cujo “um†ainda não foi lido,... mas que eu vou lê-lo agora...!

- “Morte, fim, o ultimo mal irremediável da efemeridade do tempo carnal, o incrédulo sal da terra que vira o açúcar do vosso mundo para que não sejamos a pior desgraça que a raça humana sobre sua dinastia hipócrita insiste em manter vivo no coração de sua espécie, sejamos apenas uma delas...!â€.

24. Depois disso, o livro de suas vidas foi fechado e jogado no Oceano do tempo para todo o sempre, cada um tratou de escrever seu próprio livro e sua própria vida em algum lugar distante daquela névoa branca que fazia companhia as folhas, baratas e ratos daquela mansão abandonada, onde a morte enganaria para sempre a vida que por pouco seria enterrada cinco vezes se não fosse a marca do tempo e da loucura, ...loucura, eu disse loucura, ... desculpe, a loucura não existe, o momento de loucura é o momento em que nós realmente somos nós mesmo, pois em estado normal, fingimos ser sempre os outros.


25. E assim acabou o jogo da verdade, da honra... e o que a morte tem a ver com isso? Não sei, talvez a morte ande lado a lado com a vida, talvez as duas andem juntas, construindo ou destruindo a vida das pessoas através de suas escolhas, uma dando espaço para que a outra possa existir, nem sempre as pessoas vivem e depois morrem, as vezes as pessoas estão mortas... mais depois de um tempo elas vivem, as vezes as pessoas vivem... mais depois elas morrem, as vezes elas estão mortas e conseguem viver para morrer de novo e as vezes elas vivem e morrem por muito tempo onde é preciso entender a morte para descobrir como ela pensa e o que ela esconde para poder ir além dela e descobrir que é possível ver em algum lugar dentro de seu próprio espírito, o sol esquentar a sua alma, as estrelas brilharem ao teu redor e os pássaros cantarem para que você possa ouvir, sentir o cheiro das rosas, ouvir o barulho do mar e enxergar suas pegadas na areia, descobrir que o bem e o mau são dois lados de uma mesma moeda que você possui e que dali por diante, não precisará mais usá-la para fazer suas escolhas, pois já sabe qual caminho seguir, que o sal da vida corre em suas veias e que na terra que você pisa, pessoas morrem para que você possa viver... com verdade e honra, sem ter medo das lágrimas e tampouco do amor.



Criado por manohp@msn.com
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui