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Contos-->Parquinho, Saudades De Ser Criança -- 25/02/2006 - 18:25 (wagner araujo da silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Parquinho, Saudades De Ser Criança – 25.Fevereiro.2006 – 05:54

Ontem à noite me peguei pensando em efemérides. Situações que aconteceram no passado, não necessariamente boas ou ruins. Algumas dignas de orgulho, outras, vexames clamorosos.
Lembrei-me que meu pai tinha um apartamento em Mongaguá, litoral sul de São Paulo. Era o orgulho da família, que nos privado foi por um presidente e por uma ministra que eram chegados a um confisco de valores.
E para alegria minha e de meu amado irmão Serginho, ao lado do prédio havia um terreno baldio, onde sempre instalado estava um parquinho de diversões. Era chegarmos à praia em nosso potente Fusca bege e olhar para a direita, para ver se o parquinho estava lá. Gritos infantis de EEBBBAAAAAAAA ecoavam pelo largo espaço do Volkswagen Sedan 1300. Percebia que meus pais se entreolhavam, em um misto de alegria e AI, MEU DEUS.
Não havia perdão, no primeiro dia já atazanávamos o simpático casal para que ao levassem parquinho à noite nos levassem.
Como é dito em nossa cidade natal, a pujante Sorocaba, miseravelmente sempre chovia pouco antes do apartamento sairmos. Parecia conluio com o Pedrão lá de cima. Assim que a chuva passava, lá ia a família desbravar o fantástico parque de diversões. Pelo menos era assim que o estridente locutor do parque o adjetivava através dos surrados alto-falantes presos por um arame nas estruturas dos brinquedos.
E para nós, crianças, era mesmo fantástico. Não era o Playcenter, nem o Hopi Hari. Muito menos a Disney ou o Bush Gardens. Aliás, de bush só havia uma moita matusquela por perto, onde os consumidores de umas Brahmas a mais se aliviavam. Na época a Brahma tinha um rótulo preto, feio de doer.
Chafurdávamos felizes pelo lamaçal. Filas gigantescas, pais sorrindo amarelo e crianças como nós correndo como tuiuiús pelo pantanal.
A primeira atração, carrinho de dar trombada. Após muita fila, a corrida para ver quem seria o motorista. Soava a campainha e tinha início uma série de barbeiragens propositais e engraçadas. Dependendo da espera dirigíamos por cinco minutos. Em época de férias, menos de dois. Uma exploração, segundo meu mecenas da época, meu pai. Mas pai, sabemos, nasceu pra ser explorado. E como desse sonho eu já desisti, acho que posso continuar brincando assim.
Deixávamos o carrinho e íamos à barraca da Monga. Ali a coisa era feia.Todo o semblante de alegria se transformava em pavor puro. Como podia uma mulher se transformar em prima do King Kong? Imagem que permanecerá em minhas retinas pelo resto da minha vida foi aquela em que meu irmão saiu correndo assim que os primeiros pêlos apareceram. Fui atrás dele para fazer com que voltasse, mas quando viramos de novo para o palco o bichão estava lá, balançando as grades. Demos um grito, travamos o esfíncter e saímos correndo. Nem percebi que meus pais estavam entrando na barraquinha. Matei meu pai no peito e saí petecando minha mãe. Para completar o vexame escorreguei e caí na lama. Nunca mais vi os macacos com os mesmos olhos.
Roda gigante era o único brinquedo que meu pai curtia, para meu desespero, que sempre tive paúra de altura. Outra frustração eram as espingardinhas com as miras viciadas. Quando muito, ganhava outra ficha para mais um tiro. A bola de futebol do Santos, nem pensar...
Mas a alegria voltava quando as mãos pousávamos em um algodão doce ou em uma maçã do amor. Não importava qual, a meleca era total. Sem meleca não ficava tão gostoso. É como comer manga ou coxa de frango. Com a sutileza de um Huno.
Íamos embora pensando em como convenceríamos nossos pais para no dia seguinte retornarmos. Valia ajudar na faxina, não passar da terceira onda, não fazer briga de barro na praia e, principalmente, não batermos em nossa irmã. Coitada, uma santa. Hoje, nem tanto.
Que saudades de ser criança. Que saudades de ser feliz.



Wagner –



P.S.: Obrigado pela leitura e pelo carinho de todos aqueles que me mandaram e-mails perguntando porque eu parei de escrever. Deus abençoe todos vocês.
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