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Contos-->Priminho e suas fabulosas histórias-alice toledo -- 20/02/2006 - 20:15 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

CONTO: Priminho e suas Fabulosas Histórias
Alice de Toledo*

Há muitos anos, foram construídas à esquerda de quem tem acesso ao pátio do Hospital Santa Isabel, em João Pessoa, Paraíba, três residências e um compartimento, todos conjugados.
Uma delas destinada ao Capelão, (padre que celebrava a missa e dava assistência espiritual aos enfermos do Hospital); noutra, residia o ex-diretor e enfermeiro-chefe com sua família; na 3a, três senhoras idosas, filhas de antigo servidor daquele Nosocômio, já falecido na época desses fatos narrados; no compartimento funcionava o Escritório onde era registrada toda movimentação financeira e dados referentes ao estabelecimento hospitalar.
- E o que víamos junto ao Escritório? Pequena dependência, onde morava um senhor de, aproximadamente, 70 anos, chamado José Francisco, conhecido por Priminho.
Não sabíamos seus antepassados, apenas que seu tio era um Coronel da Polícia Militar, Maurício Lopes Lima, de tradicional família sertaneja. Que ele viveu desde a infância no Seminário Arquidiocesano existente na Igreja de São Francisco, hoje tombada pelo patrimônio histórico. Que estudou e aprendeu muita coisa com os padres, inclusive a arte de fazer peças de flandres para uso doméstico, tais como: bacias, baldes, bandejas, canecas, formas de bolo, lamparinas etc...usando um instrumento chamado soldados e chumbo derretido e com eles também consertava objetos estragados ainda úteis. Era Priminho o flandileiro (funileiro) das redondezas. Sua alimentação vinha do Hospital.
Nas horas vagas ele se distraía jogando no chão pequeninas migalhas de alimentos ou moscas que matava com um abano de palha, para que, as formigas, suas freqüentes visitantes, as levassem para um formigueiro que deveria existir a alguns passos de seu pequeno lar. Priminho mostrando-nos a união das formigas, nos dava lições de vida dizendo: - vejam só: - quando elas não podem carregar sozinhas o que jogo no chão, se comunicam com suas irmãs, numa linguagem que nossos ouvidos não podem perceber, mostrando suas dificuldades e, em breves segundos, chegam muitas para ajuda-las. E como era interessante vermos, realmente, as formiguinhas chegando pressurosas e, juntas conduzindo aquela preciosidade, para ser armazenada no formigueiro.
Eu e meus irmãos pequenos, talvez atraídos pelas formiguinhas trabalhadoras, quase todos os dia íamos visita-lo, pois morávamos na segunda casa citada no início deste conto.
Priminho sempre nos contava histórias, algumas delas pareciam fabulosas. Escutem: - Igreja de São Francisco, dizia ele, existia uma passagem secreta subterrânea que chegava até à Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo (João Pessoa-PB), dando acesso ao mar, construída na época da Invasão Holandesa. Como essa passagem foi abandonada, há muitos anos, serpentes terríveis foram morar naquele subterrâneo. Havia uma, tão grande que dava gemidos (sibilos) tão fortes, todas as noites, principalmente nas noites de lua cheia, que faziam estremecer parte da Igreja onde estava a passagem secreta. Nós ficávamos apavorados com essa revelação e tínhamos medo de entrar naquela Igreja.
Certa manhã, chegando à residência de Priminho ele nos disse: sentem-se e prestem atenção a esta história que lhes vou contar:
-Um dos meus sobrinhos foi trabalhar nos seringais amazonenses. Armou sua barraca em plena clareira da selva e bem perto havia uma choupana onde morava uma família de seringueiros como ele. Numa noite, ouviu-se choro de criança, à porta da choupana. A dona da casa abriu a porta. Nisso apareceu um animal estranho, corpo coberto de escamas, garras enormes, asas de morcego e estava de pé. Agarrou a pobre mulher e sumiu de mata a dentro. Foi terrível, ninguém pôde salva-la.Todos ficaram horrorizados. A mulher desapareceu e nunca mais voltou.
Priminho sempre nos surpreendia com suas histórias. Esta terceira,nos deixou perplexos, vamos ouvi-la? Conheci um Médico que morou muito tempo em Minas Gerais. Naquela época a condução era o burro ou o cavalo. Ele foi dar assistência a um doente, num local bem distante da Cidade. Montou em seu cavalo e lá se foi. Cansado resolveu parar à margem da estrada. Vendo um tronco de árvore, pôs seu cavalo a poucos passos dali, e se sentou naquele tronco. E não sabem, meus filhos, o que aconteceu: - o tronco começou a mexer-se. Um tronco se mexendo? É estranho! Verificou, logo o que havia. Era uma jibóia gigante. Ela não engoliu o médico, porque havia deglutido um boi, cujos chifres apareciam. Ele sabia que quando isto acontece, a serpente passa meses digerindo o alimento, nesse caso o boi. E os chifres Priminho, ela não engole? Não meus filhos, eles caem com o tempo. E o médico como ficou? Aterrorizado. Montou, rapidamente em seu cavalo e partiu numa disparada louca, como uma flecha, deu graças a Deus, a serpente ter engolido o boi.
Numa das nossas visitas costumeiras, Priminho sorrindo, alegremente, nos perguntou: vocês já comeram tripa (vísceras do boi) com colo ralado? Nunca ouvimos falar nessa comida. Pois, meus filhos, escutem esse engraçado acontecimento:
- Certa ocasião, no Seminário, foi servido um almoço esquisito- Não sei se foi erro do cozinheiro: Mas era tripa com coco ralado. Padres, seminaristas, empregados comeram sem dizer nada. Penso que gostaram, porque não vi um só gesto de repúdio. E o senhor Priminho, comeu essa tripa com coco? Deve ter sido muito ruim.
- Eu não, não estava louco, foi sua resposta.
Assim era Priminho. Contava histórias engraçadas, às vezes fabulosas, não sabíamos se eram reais.
Partindo para o Desconhecido, deixou sua imagem gravada em nossas mentes. Algumas de suas histórias estão registradas neste CONTO que, certamente, chegará às mãos de alguém que goste de penetrar no MUNDO DA FANTASIA ou dos ACONTECIMENTOS PASSADOS E ADMISSÍVEIS.

(*) poeta e escritora paraibana. Pertence a Academia Paraibana de Poesia. Professora aposentada. Estudou na Aliança Francesa. Dar aulas de francês. Está na terceira idade. Já publicou vários trabalhos em antologias.


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