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Poesias-->Artesão -- 11/02/2007 - 12:57 (Silvio Guerini) |
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Sou poeta do meu tempo... atual...
quase imortal...
cronista da vida
que brinca de rimas
superlativas
que joga com versos
diversos
esparramados num papel
miscelânea de universos
feito torre de Babel.
Poeta virtual...
que joga fora o entulho
que oprime a alma
que chora sem medo... seu orgulho...
abrindo seu peito
fazendo barulho
sem preconceito
falando do amor
juntando o que não tinha mais jeito
transmutando tristeza... em flor...
Poeta da modernidade...
em ebulição
que toca a eternidade
que te arranca emoção
que te arrepia
te faz chorar
transmutando dor... em alegria...
alquimista do amor
que te conquista...
e te prende...
nas asas da loucura
nos vôos da imaginação
nas mãos... do prazer...
escondendo sentidos imaginários
em rimas quase desnecessárias
fazendo fantasia virar realidade
aleatória...
contraditória...
ilusória...
realidade bebida com sofreguidão
e cantada em versos sem razão
ordinários...
refratários...
imaginários...
Sou poeta andarilho...
que busca no infinito
a proximidade de um amor...
que procura na eternidade
a fugacidade de um momento...
e desse espaço... tempo...
deste vazio que preenche tudo...
desta fertilidade imaculada
do coração de um poeta
nasce a rima...
brota o verso...
cresce a canção...
... pois sou um poeta atual...
viajante do tempo... do meu tempo...
com certeza...
... imortal...
Sou poeta da luz... do além...
que fala o que convém
que conversa com fantasmas
com espíritos que brilham
e com aqueles que ainda buscam pela chama
que redime e purifica.
Poeta elemental...
transcendental
que atravessa a natureza
viajando do inferno ao paraíso
na busca de uma gota de inspiração...
que faz trovas com arcanjos
e dos lamentos do purgatório uma canção...
que brinca com o vento
e sem importar o tamanho da aflição
sopra ternuras na brisa como alento...
transmutando sensações... em mandamentos...
sacramentos...
impregnados na epiderme da alma
... que calma...
dita rimas
transcrevendo sentimentos
de vivos e mortos...
de mortos que ainda vivem
no legado que foi deixado...
de vivos que vivem mortos
naquilo que não fazem
de medo
de viver...
e morrem assim...
ainda vivos.
Um poeta que brinca com a luz
de um santo Evangelho
que lava a alma dos decaídos
que os perdidos ao caminho reconduz
que pontifica os renegados
multidão de almas...
como gado marcado
povo abnegado
que anseia o paraíso
vivendo no inferno
clamando por santos
pelo calor do colo materno
em versos devotados
de rimas quase aos prantos
afugentando quebrantos
com banhos de sal e arruda
e rituais sacrossantos
rogando que o céu nos acuda
... pois sou um poeta do bem...
que o invisível saúda
sem dúvida...
... do além...
Sou poeta profano... atemporal...
quase imoral...
de carne e osso
mais de carne que vacila
do que osso que me oscila
quando caio em tentação.
Um poeta sonhador... em rendição...
que peregrina pelo corpo de uma mulher...
com palavras que tocam sua pele
mas nem ao menos... sequer...
descrevem seu viço... seu frescor.
Um poeta viciado
que se embriaga no cheiro do seu amor
entorpecido nas idéias
mas vivo no clamor
que consome meu corpo...
minha alma...
me tira do sério sem pudor
viciando impunemente
me fazendo dependente
deste toque obsessor
nesta pele
que ao devaneio me compele
num desejo primitivo
de uma Eva original
que se lambuza de mel
como doce concubina
dançarina de bordel...
feiticeira...
meio anjo endiabrado
com toque de mão fagueira...
meio cão santificado
do meu barco... timoneira...
heroína
ferina
meio mulher...
quase menina...
que faz da lama
minha cama
num lençol imaculado de prazer
de sentimentos mundanos
que fazem da vida me esquecer
que me assossegam
que pacificam minha dor
e no teu colo de aconchego
meu recanto de amor
mesmo que pago
dado... sem se impor...
com um fervor
que te absolve
que te faz ir pro céu
pro paraíso...
e meus fantasmas exorcizo
em versos quentes
de rimas quase adolescentes
seguramente imprudentes
... pois sou um poeta atemporal...
carente
certamente...
... imoral...
Sou poeta à moda antiga... de cantigas...
do amor...
um verdadeiro trovador
que contigo...
sempre dentro do coração...
procura numa estrofe
resumir a mais pura afeição
que te enquadra num soneto
emocional...
espacial...
tridimensional...
quase um temporal de versos
mistura de universos...
totalmente imersos...
na imensidão dos sentimentos
que transbordam de corações apaixonados
irremediavelmente condenados
por toda a eternidade...
numa estreita unicidade
que cimenta duas vidas
transmutando dois... em um...
almas dos pecados absolvidas
de transparência incomum
mas de carências atrevidas.
Poeta arrasador... em combustão...
fazendo rimas desmedidas
fervendo versos em profusão
como lava cuspida de um vulcão
delicadamente forjando rocha
transmutando tua estrada... em meu caminho...
numa viagem que desabrocha
vidas antes em desalinho...
queimando feito tocha...
num sentimento que acarinho.
Poeta trovador... de inspiração divina...
que canta e conta o tempo em toques
na pele da mulher que lhe alucina
mas leitor... não te equivoques
pois o prazer que surge é leve...
mas tão forte... que embriaga...
e o desejo que o coração afaga
mesmo que brando...
machuca quando vai embora...
e agora...
mesmo que a paz inunde o coração
chorar por quem se ama
é quase sina... quase sempre uma cilada...
emboscada de cupidos levianos
zangados pelas flechas perdidas
pelo amor jogado fora
e vertem assim... lágrimas incontidas
de um coração que chora...
por esperanças perdidas
quase implora...
por versos rasgados de paixão
por rimas dilaceradas... e feridas
melodias borbulhando em efusão.
Sou poeta das cantigas...
... à moda antiga...
do Sonho de Valsa dividido
que se encharca de perfume
morre de ciúme... depois fica arrependido
que busca palavras na emoção
que rebusca estrofes e rimas
rigorosamente simétricas
métricas...
sintéticas...
que lapida o verso bruto
transmutando sentimento... em diamante...
ritmo... em luz...
que brilha incessante ao sabor da canção
transformando vida... em poesia...
respingos de luz em fantasia...
refletindo o fundo do coração...
... pois sou um poeta simples...
simplesmente... fascinado...
em constante adoração
louco... desvairado...
... das palavras... artesão...
Silvio Guerini
17 de setembro de 2005, 16h08
guerinis@uol.com.br
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