“Olé, mulhé Rendeira, olé mulhé rendá Tu me ensina a fazer renda, eu te ensino a namorá (Zé do Norte sobre motivo atribuído ao Virgulino Lampião, Mulher rendeira).
Onde há rede, há renda
Onde há rede, há renda
E muxiba no moquém.
Pescador foi pro mar, a rendeira no lar no filé, rendendê.
Como o mar é do peixe, a renda é enfeite no tear a tecer seu hábil engenho, seu zelo e empenho no bilro a rançar. A desfiar seus bordados, saiotes, xales, laçarotes, bustiês e galões, contornar com meneios, toalhas, entremeios e bicos nos serões.
Onde há rede, há renda
Onde há rede, há renda
E muxiba no moquém.
Na sombra timbaúba dedilha amiúde a ficar colorido, almofada capacete, modelada em alfinente, tudo é muito bem urdido.
Quando é renascença num algodão de nascença, alinhava lacê. Depois vem toda goma quando ela engoma pra dar rigidez.
Onde há rede, há renda
Onde há rede, há renda
E muxiba no moquém.
São ramos de ponto-de-cruz, são malhas de cabecinha, são traças e vassourinha, são nervuras, nhandubi. É ponto sol, ponto lua, xerém e folhagem, é renda-da-terra que fazer labirintos da vida daqui.
Nos varais são torres, dois-amarrados, papagaio, bunda-de-sapo, tapioca-sem-côco, tudo não é pouco na para-de-siri.
Quando é branco mais que bonitinho,
Quando em cor faz tudo mais vivinho.
Tudo é crivo que tece no linho.
Tudo é vivo no fuso devagarinho.
Onde há rede, há renda
Onde há rede, há renda
E muxiba no moquém.
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