VINDE AFRODITE.
Maria Hilda de J. Alão.
Vinde Afrodite, para levar-me,
Ao paraíso de almofadas e linho branco
Onde cantando, a ele, eu servirei,
Em taça cinzelada em ouro puro,
O afrodisíaco vinho dos meus poros.
Vinde Afrodite, quero juiz para comandar,
Com justiça, a luta do astuto falcão
Perseguindo e aprisionando a doce pomba
Que se entrega feliz, não tomba,
Porque só a vida dá o prazer
De em suas garras poder gemer,
De liberar, do peito, longo suspiro,
De perder a cabeça num giro
Ao ser tocada cada parte de mim
E sentir que céu e terra se fundem
Na explosão de prolongado gozo.
Vinde Afrodite, com vosso contingente,
Declamando os versos de Sapho
Até que eu adormeça, de cansaço,
Nos braços do meu belo amante.
02/03/04
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