Sobre uma Pobre Gaveta
Elane Tomich
Escondo numa gaveta
algumas quinquilharias,
cartas, postais e jóias,
sofrimentos e manias.
Fiz, ao longo, uma coleta
dos entulhos da memória
o que e foram e o que serão
muito, muito mais que são,
a fundir em liga certa
a razão ao coração.
Também, uma ampulheta
persistente a escorrer instantes,
minutos cristais do dia,
marcando num, forte acento
Friso de um só tempo:
passado igual a presente,
melancolia, alegria,
harrmonia, assimetria.
1999
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