FOME DE AMOR
Elane Tomich
De me amares, liqüefeito,
pega a matéria prima
do gozo e me recomeça,
molda-me, morda e comprima
num jeito de amor sem jeito!
Coma-me como uma fera
feroz e devagarinho,
desgovernando o carinho.
Acha em minha carne a espera
e o destino da espécie.
Beba-me com carinho
ou, se a sede for voraz,
acaba de um trago o vinho
de costas, bebo a dor da paz.
Descola da pele o arrepio
e reconstrua meu cio.
A porta da carne é certa
no vértice do ângulo reto,
das minhas coxas abertas.
O perto ficou tão perto
que o aperto estala certo.
Voarei em teus calafrios
colhidos na flor dos delírios...
num faz sentir colorido!
Não para, que o meu gemido
é o começo do sentido,
da paixão que nos consome.
Atávica carne em tormento
de encontrar no infinito a fome
de meu sangue de mulher,
que neste exato momento
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