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Cronicas-->fb -- 14/04/2004 - 15:05 (Marcelino Rodriguez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bom Dia, Espanha!


Hoje acordei pensando em fazer um poema sobre como forçar-se, por uma questao de sobrevivência, a ter esperanças. Caminhava pela rua Javier Dias, numa provincia qualquer da Argentina. As barbas por fazer, a pouca vontade de tomar banho, o dinheiro acabando em parte, outra parte na mao de terceiros sem responsabilidade.
Praticamente sem vìnculos de afeto familiar, tornando-me aos poucos um cètico no que se diz amor entre os humanos, hibrido de dois passaportes, sofrendo a risada cìnica das pessoas quando digo que sou escritor, com intençoes blasfematórias contra Deus, que nao me deu absolutamente nada que fosse duradouro ou valesse a pena. Aqui onde estou e donde sai, ningue`m que tenha lido Rimbaud ou se emocionado com a tragica vida de Van Gogh. Estou so`, verdadeiramente.
E pensava fazer um poema "eu te forçarei, esperança".
Meu mundo nao tem paralelas.
Às vezes dòi o sentimento de inutilidade.
Tornei-me praticamente invìsivel de alma. Talvez esteja vivendo para os sèculos futuros, ou para nada. Talvez eu seja realmente muito pequeno, insignificante e nao mereça mais do que tenho -´sequer um canto para envergonhar-me sem que ninguèm me veja. Estou exposto. Se continua assim logo estarei pedindo as gentes: - "posso viver"? .
Manha cinzenta. Sem sol, sem vento, sem chuva.
Debruço-me sobre o correo eletronico e vou lendo a tristeza das gentes de todo o mundo sobre o atentado sobre os trens em Madri. Em algum momento, arrepio-me.
Eu sou Espanhol. E`linda a Espanha e dòi-me.
A Espanha è minha, mas por que esta`tao distante? Por que tudo està tao distante?
A verdade e`que estou confuso, chorei um pouco. Perdoem-me. Ainda sou capaz de sentir e parece que neste cavalo eu vou sozinho (talvez por uma razao cínica) inventar a esperança. Morrer por isso. Melhor que por nada.
Bom Dia, Espanha! Resistiremos.
11.03.2004

MUNDOS TAO DISTANTES

Num cyber café`da Argentina, eu, sem duvida, um dos escritores menos procurados do mundo, leio o destino de um meu meio compatriota do Brasil, o qual ocultarei o nome, tanto por respeito quanto por elegancia.
Ele descreve sua disponibilidade de recursos e de pessoas, podendo manejar a vida, em boa medida, como bem entende.
Eu, a nao ser por milagre, por certo nao serei procurado.
Meus contatos humanos se resumem, fora os cibernéticos, onde conto a meia compatriota Milena na Espanha; a Italo-Boliviana Mariela na Italia e a Italiana Benedetta nos Estados Unidos, mais um Antonio venezolano que esta`na França e nao pode ouvir falar de Hugo Chaves e, por último, um tal de Mario que anda estudando Portugués e que nao sei em que paìs esta´. Sao de um grupo literario o qual ingressei para achar vida culta na terra, ainda. Fora esses, os mais constantes, somente conto as três pessoas da casa a que estou hospedado: um Señora que chamo de abuela, seu esposo que chamo de Papi e um "Chiquito" de oito anos. No pàtio largo da casa, contamos ainda um vivieiro de passàros, um papagayo, três cadelas, duas pombas brancas e, na casa dos fundos, uma mulher de seus quarenta anos que tem me despertado o instinto e a curiosidade mais elementar. Creio que nao ia ficar triste se a visse nua.
Ao contràrio do escritor bem sucedido, nao estou fugindo do sucesso, mas do fracasso. Nao estou fugindo das pessoas, apenas nao pude ainda fazer muita coisa com elas.
Penso que estranho destino e`esse que separa dois homens que poderiam pertencer ao mesmo sindicato e os poe em planos existenciais tao distintos!
Talvez haja uma ponta de inveja saudàvel nestas palabras, ou perplexidade somente; o que une eu e o escritor mais afortunado e`a fe`. Ele, o dos confiantes porque venceram; eu, a dos aventureiros que ja`nao tem mais nada a perder, praticamente (as coisas sempre podem ir para qualquer lado. Bom nao facilitar).
Assim que o sol desce sobre o pàtio, a vizinha dos fundos ligua o ràdio, a abuela prepara o mate e me sorri, os pombos voam e termino minha crónica com a sensaçao do dever cumprido.

Còrdoba, 03.03.2004

PALAVRAS DO FRONT




Deixa eu te dizer minha Bela, algumas palavras aqui do meu exílio, onde o frio anda tão grave quanto a solidão. Alguns anos atrás, havia uma cantora que cantava "As manhas de setembro", a Vanusa, te lembras?
Pois e´. Nesse tempo, eu era um menino e como dizia a musica, " eu coloria as flores". Acreditava em muita coisa; acho ate´ que era feliz, embora eu não goste dessa palavra.
Havia família ao meu redor, porque quando somos crianças, acredito que a sorte nos chegue de uma forma mais poe´tica, mais colorida. E o sucesso não nos e´ imposto como uma religião. Havia amigos, porque naquele tempo a solidão ainda não tinha se instaurado de forma tão brutal como hoje existe entre os homens. As pessoas se respeitavam mais porque Vanusa ensinava os vizinhos a "amar nas manhas de setembro".
Eu era sonho e luzes; potencia e esperança.
Acreditava no amor como em Deus, via as mulheres como criaturas boas e frágeis.
Enfim, tudo era tão puro para mim, quanto era meu coração.
Sim, minha Bela, tudo isso nos anos seguintes foram caindo, como um castelo de cartas ao vento.
O mundo não era o imaginado; as pessoas pouco se ajudam a sobreviver, estragam seus amores, inventam religiões e deuses ale´m do necessário, se perseguem e se matam, por vezes, tudo isso perfeitamente dentro das leis humanas.
Com tudo isso, fiquei só num território imenso.
Hoje já nem sei mais qual meu pais ao certo, ou onde me levara´ o meu destino, sob qual bandeira irei defender-me.
Tudo me parece tão feroz.
Confesso que ando com muito frio, e quando chegam mensagens suas e´ como uma visão de um campo de flores ao longe. Eu gosto de ver e ler.
Daqui eu não me exponho porque deves imaginar a melancolia de quem vive no front da guerra. Acho muito peculiar e consolador que um soldado relembre que existe ainda alguma beleza e candura na terra; podes acreditar, dentro desse deserto que tenho vivido, com combates de golpes baixos e sem beleza, lembrar sua fisionomia, a extensão de seus cabelos e a abertura de seu sorriso, sua prosa, faz-me recordar que ainda estou vivo e que meu coração e´ capaz ainda de perceber algum encanto, apesar de tudo que me cerca aqui e adiante, nas leis internacionais de infelicidade que os homens criaram.
E´ sempre, receber mensagens suas, como tomar um chá´ bem agasalhado, estando a temperatura baixa.
Só Vanusa não canta mais, nem se faz mais música como antigamente.
Mas meu setembro fica melhor quando alguém se lembra de mim, ainda que de leve. Principalmente se fores tu; porque do resto minha bela, eu tanto esqueci quanto fiz questão de ser esquecido.
Porque tens sido suave, te dou, mesmo aqui do front, o que me resta de delicadeza com gratidão. 03/09/2003

O REI E O HOMEM


J vinha pela calçada distraído quando topou com uma carta de baralho virada; a curiosidade o fez virar para descobrir naipe e figura. Topou então com o distinto Rei de Copas. Sentiu-se estranho. Por que achou ele aquela figura, uma única carta? Um rei?
Olhou em volta, para o céu, sentindo que estava diante de um mistério, um enigma real que também agora lhe dizia respeito. Não era confortável aquela confrontação. Se, por um lado, o rei era seu cúmplice; por outro, sentia-se atualmente distante de qualquer majestade.
E no entanto topara com o Rei.
Sabia que podia, se quisesse, fingir que era apenas um acaso aquele encontro. Mas resolveu aceitar que o rei lhe trazia uma mensagem, um desafio. O rei solitário, sem nenhuma outra carta que compusesse com ele um sentido.
Carregou o Rei para casa, para perguntar o que a mulher acharia daquilo. Ela ponderou que era um signo de boa sorte. Um rei, figura proeminente; copas, simpático naipe sentimental.
Ouviu a opinião e jogou a carta fora, pois J a algum tempo jurara não juntar mais papel, de tão sentimental que era acumulava-os em profusão.
Mas o Rei ele carregaria na alma, sabendo que jamais decifraria a razão da sua existência, porque agora o mistério o subjugava. Escolhera o rei ou fora escolhido? Para que missão?
Jamais saberia.
O Rei de copas lhe denunciara que tudo e´miste´rio e silencio num livro paradoxalmente aberto, e que jamais saberia decerto qual seria seu verdadeiro rosto.

Amigos
Marcelino Rodriguez

Amigos sao estradas
Livres de sinais
Pedagios, impostos.
Sao sorrisos
Abertos no meio da noite.

Amigos saoanjos
Revelando portais
Que separam humanos
E imortais.
Amigos sao familia.
Sao patrias sem fronteiras.

Amigos sao os outros
Que refletem
Nossa extensao de alegria,
que completam nossa esperança
De nao perder a poesia
Dentro das dores.
Amigos
Sao braços.Sao olhos.

Amigos tornam possível
Que a vida siga adiante
Quando, sozinhos, nao podemos mais.
Amigos sao asas. Sao armas.

Sem amigos
Nao seria viável
Essa lua na madrugada
Solitaria, branca, persistente
A espera da aurora.




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