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Cronicas-->Mãos que fazem felicidade- II -- 14/04/2004 - 09:09 (sandra ethel kropp) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Entrei desapontada, triste e de cabeça cheia. De problemas. Muitos problemas. Meu filho mais velho terminara um noivado recente, e minha futura-ex-norinha era um amor. Disse que não sabia se era ela a pessoa certa, depois de namorar seis anos e a seis meses de se casar.
Meu marido cada vez mais adotava aquela postura que eu odeio em homem - inclusive por isso há trinta e cinco anos casara-me com ele- barriga de fora, chinelo e futebol. Adolfo tinha largado o cigarro e o esporte ao mesmo tempo depois de um susto com a saúde. Só que o esporte, ele devia continuar fazendo. E desistiu. Vida sedentária, barriga aparente, certamente.
Todo dia ele me prometia que era pra amanha. Que no dia seguinte voltaria a caminhar no parque antes de trabalhar. O parque é a dois quarteirões de minha casa. Bom, pelo menos o trabalho continuava existindo. Porque velho jovem na faixa dos sessenta, aposentado, é um terror quando fica em casa.
Eu vinha deprimida com toda essa situação. Nunca me imaginava deparar-me com problemas com marido e filho e ter que ampara-los.
Desamparada estava eu. Desapontada, triste e de cabeça cheia. Lotada. De cabelos brancos misturados a um restante de tonalizante caseiro cor de burro quando foge. Cabelos partidos devidos às famosas pontas duplas. Fios ressecados, sem brilho. Minha cabeça estava lotada de porcaria, por dentro e por fora.
Thiaguinho era meu cabeleireiro desde os seus dezoito, quando aprendia o oficio com o pai. Hoje, já na faixa dos trinta, arrasava e fazia qualquer mulher sentir-se a própria Cinderela.
Ele me viu ainda de longe e veio me receber:
- Querida , você está bem? Me parece tão preocupada...
-Coisas da vida, disse eu.
Não queria entrar muito em detalhes. Estava a fim de me transformar e ver-me livre destes problemas.
-Nada serio, não? A família vai bem?
- Graças a Deus todos com saúde. Adolfinho rompeu o noivado, mas fazer o que.... A vida é dele, não é mesmo?
- Mas aquela garota era uma gracinha...
- Pois é... eu já chorei muito. Já me descabelei. Mas nem quero falar nisso. Quero suas poderosas mãos em ação.
- Deixa comigo. Realmente merece um trato. Você vai ficar ainda mais linda.
Chamou a auxiliar, que me lavou o cabelo e fez aquelas massagens que estão acostumados a fazer. Enrolou meu cabelo na toalha, preta. Só meu rosto ficou em evidencia. Aí vi como estava abatida.
- Vamos lá.... Vou repicar a frente e igualar a parte de trás, que está com pontas, e diminuir um pouco o comprimento para valorizar seu rosto.
- Tem certeza que vai ficar bom?
- Claro ... e antes vamos tingir e fazer umas luzes para dar uma quebrada neste tom que já nem sabemos mais qual é, não é mesmo...
- Jóia, disse eu.
Enquanto ele tingia, lavava, reflexos, lavava e finalmente cortou, foram mais de duas horas. Fiquei com os olhos fechados, de tão cansada. Nem revista de cabeleireiro eu li. Acho que queria ver a surpresa somente no final.
Seu toque com a tesoura era tão suave que eu nem senti puxar, mexer minha cabeça, nada disso.
-Pronto, disse ele. Um show.
Eu olhei e não acreditei. Senti-me anos mais jovem. Até auxiliares e outros profissionais ficaram olhando.
- Ta demais. Não sei o que seria de mim sem você, querido. Muito obrigado.
Eu me despedi e prometi voltar logo, para que o meu cabelo crescido não cortasse minha auto-estima. Cortaria antes, para mantê-la intacta. Pelo menos, no que diz respeito à cabeça, na parte externa.
Naquele momento sentia-me feliz.



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