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Poesias-->DESPOTISMO PATERNO -- 20/01/2001 - 18:21 (ODAIR PERROTTI) |
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DESPOTISMO PATERNO
Meus três amigos são de ferro e aço.
São ferro em aço.
São ouvidos do tempo a ouvir
o silêncio do passado.
São olhos a encarar o presente
com a retina embaçada.
Meus três amigos nem amigos são.
São os amigos que gostaria de ter.
Mas como podem ser eles meus amigos
se estão impossibilitados de serem amigos deles próprios.
Eles são escorraçados, são banidos
Poderia lhes exigir reação.
Mas como lhes poderia exigir reação
São frutos da incompreensão, da indignação
de alguém frustrado e mais poderoso.
Já me vi assim.
Engoli a raiva, a mágoa, a tristeza
Tinha alguém mais poderoso
e contra o poder às vezes nem o silêncio é capaz.
Oh! Meu Deus.
Neste momento de angústia, minha e de meus amigos,
que a sabedoria reine.
Sempre me indignei e reagi contra as injustiças
E eis-me aqui angustiado, sem poder interferir.
Quando a insanidade campeia pela mente de quem oprime
melhor às vezes se calar. Ah! Mas como me doe.
Nem sei se por eles ou simplesmente pelo simples fato
da injustiça correr assim solta pelos meus olhos chorosos.
Eu que na maioria das vezes reagi, apanhei e briguei pela
justiça, sinto-me como um pássaro abatido pelo chumbo
do caçador mau: só me resta aguardar. Esperar.
E aí, começar a reconstruir um castelo que nem o construí.
Foi minha opção habitar no castelo do déspota.
Consola, talvez, o amor nem sempre vence mas prevalece.
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