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Humor-->Esperança X Medo -- 04/11/2003 - 11:02 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O Empate Entre a Esperança e o Medo
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

No início do jogo, todos ficamos sabendo: a esperança dava de goleada no medo. Nos primeiros quinze minutos de jogo, todos torciam para a esperança. E o primeiro tempo foi chegando ao seu final, confirmando a superioridade da esperança sobre o medo. Muita comemoração. Sorrisos e abraços. O campeonato parecia questão de tempo.

E veio o segundo tempo. E o jogo mudou de figura. Ficou embolado. Muitos erros de passes. Cabeceios aleatórios. Chutes fracos. Muitas bolas na trave. Erros primários. Infantis. Erros inseridos no conjunto do que se convencionou chamar de “fundamentos básicos”.

E não demorou muito tempo para começar o antifutebol. Empurrões, cotoveladas, cusparadas, carrinhos. Palavrões. Insultos. Desrespeitos ao juiz e aos árbitros da partida.

Os torcedores calaram-se. Não acreditavam no que estava vendo. O time da esperança, que era o franco favorito, estava irreconhecível em campo. Atordoado, lento. Não sabia para quem e para onde passar a bola.

Irritado, o técnico colocava a culpa no técnico anterior. Que teria deixado o clube sem um tostão furado. Nem a conta de luz ele teria pago. O apagão era generalizado. Todas as bolas de reservas estavam furadas. As bandeiras foram vendidas ou privatizadas. Não se fez investimentos em pessoal. Não se comprou novos jogadores. E não se tentou novas estratégias e táticas futebolísticas. E o clube estava endividado. Nas mãos dos cartolas internacionais.

Mas o jogo tinha que continuar. E o time da esperança já estava em campo.

Vez por outra, ameaçava um ataque. Mas, na hora “H” , chutava para fora. E o medo passou a dominar o jogo. Pressionava a esperança. E o ditado prevaleceu: “quem não faz, leva”. E os gols foram surgindo. Até que a partida terminou empatada.

E os repórteres invadiram o campo. Na tentativa de entrevistar o técnico do esperança. Foi aí que ficaram sem entender mais nada. O técnico estava otimista com relação ao campeonato. Tudo, no futuro, seria resolvido. Estava convicto disso. Era bom negociador.

Disse que precisávamos, apenas, de um pouco de paciência. Que as coisas não se fazem de um dia para outro. Seu filho, por exemplo, levou nove meses para nascer.

Indagado sobre o péssimo rendimento do time da esperança, ele disse que foram vários os motivos. Primeiro, que os jogadores ainda não tiveram acesso ao programa Fome Zero. E que jogavam com a barriga vazia. O que dificultou, e muito, a motivação da equipe.

Depois, veio a questão do salário. Com a renda encolhida pela recessão econômica, a diretoria do time ainda não encontrou jeito de repor as perdas salariais.

O repórter, então, perguntou se não seria o caso de mudar a equipe. E o técnico disse que estava pensando no assunto. E que, até dezembro, mudaria todo o time. E arrematou, dizendo que “assumiu o cargo para fazer o que precisava ser feito”. E que iria viajar pelo mundo todo, a fim de verificar como os países andavam jogando o seu futebol, ganhando rios de dinheiro e contratando muita gente. E que só lamentava a falta de recursos para aplicar em treinamento de pessoal. Pois quase metade da arrecadação, cerca de 42,5%, seria para pagar os juros do empréstimo contraído pelo técnico anterior.

Depois tocou no assunto do “milagre do crescimento”. Revelou aos jornalistas que o Brasil, apesar de tudo, tinha ótimos jogadores. E que, por isso, os investidores internacionais aplicavam tanto dinheiro neste país. E que a inflação estava sobre controle. E os juros, em patamares elevados, seria uma forma de manter o interesse dos times estrangeiros nos jogadores da esperança. Mas, apertado pelo repórter, confessou: O Brasil estava perdendo capacidade de competir com outras nações do mundo. O país, segundo o técnico lera nos jornais, caiu de 45 para a 54 posição no Índice de Competitividade para o Crescimento, calculado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial.

E o pior é que não é apenas no contexto mundial que a economia brasileira está perdendo espaço: entre os países latino-americanos, o Brasil caiu da quarta para a sétima posição, ultrapassado pelo México, El Salvador e Costa Rica.

Só não conseguiu explicar, ou convencer, sobre a reação do time do medo. Cujos jogadores, apesar da situação difícil, estava reagindo ao jogo de metáforas do time da esperança.

A próxima partida ficou adiada para o ano de 2004. Ocasião em que o time da esperança pretende atrair para associado de seu clube, o maior número de jogadores e de torcedores. Vai ser uma luta difícil. Pois não há bons resultados para comemorar. E nenhum time vive, apenas, de promessas e de campanhas publicitárias. O Flamengo e o Vasco que o digam. Para não falar do Grêmio, do Palmeiras, do Botafogo e do Corínthias.

Melhor seria que o técnico fosse mais franco e joga-se a toalha. Dando chance a que outro técnico, com idéias diferentes, possa tirar o time do esperança do atoleiro em que se meteu. Do contrário, não tenho dúvidas: o rebaixamento é o caminho mais provável.

04 de novembro de 2003


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