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Artigos-->Acerca da escravidão na Paraíba- mscx -- 29/09/2002 - 13:40 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
EM TORNO DA ESCRAVIDÃO NA PARAÍBA

Maria do Socorro Xavier



A escravidão é uma instituição milenar. As sociedades adotaram-na como mão de obra, obtendo-a via de regra por empobrecimento das gentes; aprisionamento em guerras, e aí se constituíam escravos brancos; por com pra como foi o caso da América Portuguesa, e esta negociada nos mercados africanos. O tráfico de escravos foi a maior fonte de renda para a Companhia das Índias Ocidentais.

A escravidão na antiguidade foi justificada pelos filósofos da época, como necessária e natural, único sistema possível e que seria eterna. Assim, a conceberam Aristóteles, Platão, Xenofonte. A escravidão aí permititiu a construção de inúmeras obras públicas, propiciando o avanço da ciência e da cultura, relativamente à época. Naturalmente sua limitação era a impossibilidade se usar escravos para acionar instrumentos de trabalho complexos ou delicados ao que se cultivava o solo com instrumentos rudes.

O pior é que a escravidão carregava consigo a noção de que todo trabalho era indigno. Tal concepção desestimulou a atividade inventiva, no período romano, limitou o processo tecnológico, contribuindo para a estagnação da economia.

Naquela época, apenas os sofistas chegaram a combater a escravidão É certo que naquele contexto histórico não seria mais possível voltar ao comunismo primitivo. Teria que as leis da dialética desenvolver novas tríades para superação gradativa de uma etapa histórica por outra, como realmente ocor reu: comunismo primitivo, escravismo, feudalismo, socialismo, comunismo. Este último modo de produção, tão perseguido e combatido pelas ideologias conservadoras. Não obstante não é só o socialismo-comunismo que se encontra em xeque, e em crise, mas o próprio capitalismo hegemônico entra num transe agônico neste limiar de século.

O escravo negro, não sendo considerado um ser humano, no sentido pleno do termo e sim uma peça, uma coisa, um instrumento passível de com

pra e venda pelo seu proprietário, uma mão de obra,que era ela própria merca

doria e se locomovia com seus próprios pés. Ela própria era máquina, as subs tituía e movia moinhos.

No Brasil em geral e com poucas exceções, o escravo sofreu cruéis hediondos maus tratos, tendo perdurado do século X VI até mais da me

tade do século XIX.Castigos corporais aviltantes como o”tronco”,chicotadas

incontáveis até sangrar. Só este quadro justifica plenamente a resistência dos es

cravos, ao formarem os “quilombos”;mesmo que eles não tivessem a consci

ciência política de pretender exterminar com a escravidão como um todo.

Muitos escravos fugiram dos engenhos por ocasião das guerras holandesas, cerca de mil foram vitimadas por epidemia de varíola, devido as péssimas condições higiênicas da época. Não se tem dados, de quantos “quilombos” se formaram na Paraíba. Sabe-se do quilombo de Craunas” e o de “Cumbe”( remanescentes do quilombo de Palmares). Os quilombos chegaram a queimar casas, e na seca de 1877 na Paraíba saquearam para se alimentar. A comunidade de “Caiana” pode ser remanescente de antigos quilombos.

Apesar do cristianismo primitivo combater diversas formas de

opressão no mundo romano, e entre elas a escravidão (a privação da liberdade, a Igreja Católica mais tarde na América portuguesa utiliza a mão de obra escrava nos mosteiros, na área de cultivo da terra; a exemplo, os beneditinos na Paraíba. Com estes se estimulou o casamento entre os próprios escravos, tudo levando a crer, movidos não só pelo fator moral – através da estabilidade do casamento se obter a sanidade sexual e formação familiar, mas o fator econômico, haja vista o aumento de população escrava para a lavoura e outros trabalhos dentro dos mosteiros. Os estudos na área da família, negra e escrava, são relegados, com certeza por falta de registros, de fontes. Também a historiografia oficial só se preocupa com a história dos dominadores, nunca com a dos excluídos.

Após a expulsão dos holandeses, a Paraíba ficou imersa em grandes crises, que afetou a mão de obra nos engenhos , inclusive nos dos Beneditinos.Tentou-se restaurar a economia açucareira. No entanto apesar da preponderância da mão de obra escrava ter sido utilizada na lavoura da cana-de-açúcar nos séculos XVI e XVII, nos primórdios do século XVIII, já era significativa a mão de obra escrava, na atividade criatória (pecuária). Contraria-se portanto teses de alguns historiadores, tais quais Irineu Joffily, José Américo de Almeida e Clovis Moura. Pecam por suas generalizações. A historiadora Diana Galiza comtesta estas posições, com base em suas pertinentes pesquisas do sertão, cariri, concluindo ser o escravo negro na Paraíba, utilizado não só na atividade criatória, mas utilizado amplamente; além da atividade criatória, em outras, nas fazendas (cozinheiro, fiandeiro, cavador, vaqueiro e outros). O isolamento das fazendas, por falta de estradas, levavam-na a se abastecer e aí justificava a presença do escravo em várias atividades no âmbito delas. A exemplo de São João do Cariri, Piancó, Pombal e outras. Havia muitos fazendeiros que possuíam simultaneamente engenhos no brejo e fazendas no Cariri, permanentemente. Ainda há ruína de cercas de pedra construídas pelos escravos desta época, em terras do Cariri,segundo a pesquisadora Diana Galiza.

O próprio Irineu Joffily afirma que foi grande a presença de escravos nas plantações de algodão no agreste, cujo ciclo econômico contribuíu com o povoamento do sertão. Também o escravo foi utilizado no cultivo do café em Bananeiras.Houve destarte a participação do escravo negro, em todas as atividades econômicas, de modo significativo na Paraíba. Claro que na pecuária houve maior mão de obra do índio e do mameluco, mas não foi ausente a ativi dade do negro escravo, inclusive como vaqueiro.

Jacob Gorender, em sua magnífica obra: “O Escravismo Colonial” en

xerga inclusive no vaqueiro, não um empregado, mas um sócio do fazendeiro, - ao tirar a sorte das crias de gado, a “quarta”, ao vaqueiro era possível fazer seu pequeno curral. Vemos então que na sociedade sertaneja há uma maior ascensão social, não só na Paraíba mas em todo sertão nordestino. Naturalmente que os proprietários só davam esta tarefa àqueles negros de sua maior confiança, temendo que por ser a pecuária, uma atividade mais livre, permitindo o deslocamento dos rebanhos,viesse o vaqueiro fugir.

Vê-se destarte que a utilização do escravo no interior da Paraíba não foi uma questão só de fausto e ostentação, como queria o historiador cearense, Capistrano de Abreu.

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