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Artigos-->Machismo $ feminismo - mscx -- 29/09/2002 - 13:22 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MACHISMO & FEMINISMO

Maria do Socorro Xavier



Machismo e Feminismo são dois extremos detestáveis, como quaisquer outras radicalizações. É verdade que o feminismo é um fenômeno histórico bem mais recente que o machismo. este secularmente, com a família patriarcal, bastante arraigado na ideologia das famílias brasileiras, desde os tempos coloniais. Esses laços de possessão, hegemonia sobre as famílias, por parte do chefe, lenta e gradativamente foram se desgastando, principalmente com o advento de outra etapa histórica, a partir da revolução industrial, gerando condições, porém contradições próprias, quando a mulher passou em tese, a se tornar independente economicamente, trabalhando fora, quer em fábricas, escolas, escritórios e outras alternativas do então mercado de trabalho.

Esse quadro no Brasil é bem recente, a partir se sua industrialização que ocorreu defasada, em relação a industrialização européia. De inicio o fato da mulher trabalhar fora, provocou reações e foi condenado pelas famílias tradicionais, pelos homens (maridos e pais) apegados a antigos valores,qual seja, de que a mulher deveria ficar a espera de um casamento e assim estaria resolvido seu futuro.

Na realidade o trabalho da mulher fora, remunerado, entre as famílias de classe média e proletária significou um alívio e pressão no orçamento familiar, e em muitos casos, até a única fonte de sobrevivência.

Esta prática se alastrou, de modo que muitas vezes, os papéis se invertem atualmente, fruto da má distribuição de riquezas, num sistema sócio-econômico caótico.A mulher, assim vem dia a dia se sobrecarregando de trabalho e responsabilidades fora e dentro do lar. O marido em muitos casos, parasitário (quer por comodismos, vícios ou dificuldade de conseguir ocupação remunerada), se recusa por preconceitos, brios de “machão”, colaborar nas tarefas domésticas e de apoio na vida da mulher, partilhando portanto das dificuldades do dia a dia, passando a dividir responsabilidades, facilitando assim a consecução da manutenção da família.

Além do mais, com o trabalho fora de casa, vê-se obrigada a contratar os serviços de domésticas, pagando-lhes salários, subtraídos do seu já minguado salário; nesse contexto de processo inflacionário galopante que ora e ciclicamente atravessamos.

É inegável que a mulher tem conquistado um espaço de libertação sem par; suas conquistas gradativas; evolução lenta, mas constante.

Fazendo um breve retrospecto no direito antigo, no qual a mulher era uma mera “coisa”, tal como o escravo. O domínio do homem era absoluto, a mulher subserviente, sob seu jugo. Até mesmo grandes pensadores da antiguidade clássica, Aristóteles inferiorizava a mulher. Apenas em Platão encontra-se um indício de preconização da igualdade entre os sexos.

A mulher passou a ser mais bem acolhida com o advento do Cristianismo, que a envolveu sob uma auréola de dignidade, com a glorificação da maternidade e o endeusamento místico pelos poetas medievais (a contemplar as donzelas nos parapeitos dos sombrios castelos)

A partir do Renascimento artístico, cultural e científico europeu, que sacudiu muitos valores anteriores, a mulher passou a ser retratada com nudismo anatômico, como mostra as pinturas renascentistas,- as madonas reconchudas e sensuais. Não obstante, mesmo com esta injeção naturalista, a independência da mulher, ainda era uma hipótese bastante remota.

Hoje, no Brasil, com a aprovação da Lei 4.121 de 7/08/1982, a mulher casada teve melhorada sua situação jurídica, deixando de ser relativamente incapaz( havia artigos que proibia a mulher de exercer profissão, comerciar, exercer tutela e curatela, qualquer mandato sem autorização do marido). Mesmo assim, no âmbito geral das mentalidades, há ainda muitos homens, resquício do passado, cuja concepção é de que a mulher nasceu para cama e cozinha, relegando sua capacidade de pensar, criar, produzir socialmente, se afirmar como pessoa humana e livre.

É muito gratificante psicologicamente para a mulher, o sentimento de independência,de liberdade, de sentir-se útil, produzindo para a sociedade, poder participar das transformações do mundo, sendo agente ativo do processo social. Não obstante o preço que a mulher está a pagar por esta sua pseudo emancipação é muito alto, por várias razões:

- Os conflitos, ansiedades e até mesmo complexo de culpa, decorrentes do fato de ter que deixar sua casa, filhos e alimentação à mercê de terceiros; ter que deixar os filhos em escolinhas maternais (mães que têm uma faixa salarial maior), deixando como saldo negativo carência afetiva nos filhos, pela ausência da mãe. de contato mais efetivo dentro do lar. Isto tem evidentemente, entre outros fatores, contribuído para desagregação da família.

- Os salários insignificantes que não compensam o desgaste físico e psicológico, na luta inglória para desenvolver um trabalho e vida condigna. Mesmo assim, a mulher de classe média e proletária não tem escolha e arriscam-se a tanto por tão pouco, a fim de garantir a sobrevivência da família, na incerteza do que advirá, além dos imprevistos domésticos.

- O fato de muitos maridos não reconhecerem agora o desdobramento e os conflito das mulheres e continuarem exigindo a toalha nas mãos, o chinelo, a roupa bem passada. Muitos homens se recusam colaborar com a mulher nas tarefas domésticas, por achar deselegante, devido um tipo de educação paternalista, cujo condicionamento cultural levou o homem a se posicionar externamente desse modo, com verdadeiras fobias em relação à nova delimitação de funções e papéis do homem e da mulher no lar.

Esta postura de rigidez quanto aos papéis de um e outro, só tinha sentido na sociedade colonial, na qual a mulher era educada exclusivamente para o casamento, este sendo sua máxima perspectiva. Na virada do século e suas consequentes mudanças, a jovem solteira passou a colocar na maioria das vezes, em primeiro lugar, a necessidade de profissionalizar-se, através de um curso médio, superior ou técnico profissionalizante. Embora ela tenha que lutar contra vários preconceitos, inclusive, do trabalho da mulher no rarefeito mercado de trabalho, também para o homem.

O casamento passou a ser colocado como um acontecimento imprevisível ou oportuno, dado por acréscimo, que sendo harmônico, locupleta a relação pessoal e afetiva da mulher.Nunca deixar de trabalhar para casar, mesmo porque, além do trabalho contribuir com o desenvolvimento da sua psique, os relacionamentos do século nem sempre são duradouros.

O tema é envolto em complexidade, conquistas,- produto das contingências históricas, das contradições sociais dos tempos, impostas por uma realidade objetiva, independente da vontade feminina ou masculina.

A mulher hoje é polivalente, para atender as necessidades de novos tempos. A emancipação ainda não se deu por completo, universalmente. Ainda há países, por questões culturais, trata a mulher com subserviência. A liberdade ainda não aflorou em sua plenitude, mas grandes passos já foram dados.

Emancipação feminina, independência, liberalidade é uma questão de mentalidade, de coragem para romper os tabus. No entanto a radicalização não leva a nada, só tem transtornado e distorcido as coisas.Nem tiranas radicais nem cinderelas. O feminismo exagerado tem levado a modismos, para aparentar uma imagem avançada da mulher neste limiar de século XXI, confundindo liberdade com libertinagem, até mesmo de comunismo sexual. O espírito da mulher nordestina, - brasileira não está estruturada para tais exageros. Nem “sepulcros caiados” nem “messalinas”. A mulher moderna há de conseguir um meio termo de equilíbrio, em cujos ingredientes esteja a sensibilidade, a feminilidade e o amor.

Urge que se separe o joio do trigo, não confundindo seus importantes papéis. A mulher tem qualidades próprias, diferentes do homem, mas não lhe é inferior, nem tampouco superior. Ambos necessitam um do outro, devem se completar, no respeito aos valores e ideais, deveres e direitos de cada um, tolerância existencial. Nem superestimar-se, nem subestimar-se diante do outro. A sociedade necessita de ambos.

O mundo está áspero, multiplicam-se as dificuldades, ansiedades e conflitos.Na realidade, o que todo mundo aspira, é ser feliz. com ou sem companheiro (a) Com ou sem casamento. O mais tudo é relativo.

Lutemos por uma emancipação feminina completa, sem radicalismos e modismos. Que as “Mariazinhas” dêem passos para verdadeiras “Marias”. Não aceitem violências contra si. Frequentemente lemos e ouvimos na imprensa, assassinatos de mulheres pelos seus maridos, por motivos frívolos, alegando honra ferida, orgulho de machão e outras coisas ultrapassadas assim..

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