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Poesias-->Brinquedo de papel -- 07/01/2007 - 13:16 (Silvio Guerini) |
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Hoje me sinto frágil
na boca um gosto de fel
meu coração mais parecendo
um barquinho de papel
dobrado um dia por tuas mãos
meio que ao acaso
na pura brincadeira
quase num descaso
mas que de qualquer maneira
marcou...
deixando no coração teu nome tatuado
coração cigano... aventureiro
desconcertantemente apaixonado
pelo teu mar... marinheiro
louco pra navegar
pelo suor da tua pele
ficar imerso... deslizar
na umidade do teu beijo
suavemente velejar
nas ondas do teu corpo
que loucamente desejo...
Mas frágil
amargurado
navego triste
pelas lágrimas que não consigo mais conter
oceano de incerteza
naufragando num solitário anoitecer
de impiedosa tristeza
que faz meu canto emudecer
que tua sutil indelicadeza
fez meu amor por ti maldizer
e mesmo assim
meio que frágil
à deriva
quero nesse teu mar navegar
e mesmo que sinta
entranhado nos meus vincos
que tuas mãos com tanto afinco
no papel do meu coração
um dia... indelével marca deixou
marcas de amor... de paixão
mas que no meio d’um sonho pesadelo virou
pois o sentimento em ti imenso
que tuas mãos gritam
que teu olhar declama
que pelo teu corpo geme
que escapa de ti feito chama
que emociona teu lábio... que treme
mas...
que tua boca insensata
quase que numa bravata
por medo... se cala
engolindo a própria fala
pensando que não se engana
mas que seu próprio amor profana
E mesmo assim
mesmo frágil
me sentindo de papel
ainda quero no teu mar
encapelado
outra vez navegar...
deixando meu leme... enamorado
pelo teu corpo me guiar
mesmo que Netuno
que me protege noite e dia
deixe nas sereias o dom inoportuno
de fazer no coração pura anarquia
e mesmo assim
desconfortavelmente frágil
mesmo que de papel
quero em você... de novo... viajar
mesmo que frágil
mesmo que feito de papel machê
que dissolve minh’alma
juntando eu... em você
buscando em tuas ondas a calma
deixando a mim nau sem rumo... a tua mercê...
Mas quando nestas águas me lanço
buscando nas ondas o teu balanço
sinto que estou triste
naufragado... submerso
sentindo meu coração do avesso
e meu mundo no inverso
ferido por tua insensatez
pelo teu medo quase cruel
que um dia...
atou meu destino com delicado cordel
de nosso amor fez um arremedo
fez de mim teu brinquedo
como um barquinho de papel.
Silvio Guerini
27 de julho de 2006, 22h57
guerinis@uol.com.br
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