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Artigos-->De Repente, O Estrondo -- 28/09/2002 - 11:29 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
DE REPENTE, O ESTRONDO

(por Domingos Oliveira Medeiros)





De repente o estrondo. Milhões de espermatozóides. Na mesma direção. A luta pela sobrevivência. No percurso, emparelhados, dois deles iniciaram uma conversa. Não sabemos para onde vamos, mas, por intuição, sabemos que estamos indo. E, se estamos indo, haverá de ter algum objetivo. Também penso assim, disse o segundo espermatozóide. Não sei o porquê, mas tenho a impressão de que já conhecia este percurso. Como assim? Não sei exatamente. mas tenho uma vaga lembrança de que já fiz esta viagem.



Começou do mesmo jeito. Milhares e milhares iguais a nós. Mas depois fiquei sabendo de tudo; e, por conta dessas lembranças, confesso que estou muito preocupado. Como assim? É que.talvez nenhum de nós dois, ou no máximo um ou dois - e pouco provável de três a cinco de nós – conseguiremos chegar até ao final desta jornada. Até agora não entendi a causa de tanto desperdício. Muito candidato e poucas vagas. E os milhares e milhares de companheiros que não conseguirem chegar lá, simplesmente não existirão nunca mais. Não serão nada. Mas já não eram nada, disse o amigo. Eram, sim. Eles ao menos tinham a esperança de ser alguma coisa. E a esperança é assim mesmo. Embora não possamos vê-la ou pegá-la, temos que acreditar nela. É por isso que ela se chama esperança. Claro!



Mas, como eu ia dizendo, na vez passada eu consegui vencer esta corrida. Graças à Deus, conforme ouvi minha mãe dizer no momento em que nasci. Deus? Exatamente. Agora me lembro melhor. Deus é o ser divino, que criou o mundo e todas as coisas que nele existem Ele é justo e muito misericordioso.



Graças a Ele cheguei ao final da corrida. E passei para o interior de minha mãe. Era um lugar bastante agradável. Bom astral e boa temperatura. Ali, com o tempo, fui adquirindo novas formas. Até que me transformei num feto. Um feto? Sim, exatamente, um feto. Dizem que é um organismo humano em desenvolvimento, no período entre a nona semana de gestação e o nascimento propriamente dito. Nona semana? O que é isso? Semana, dia, meses, horas, são coisas com que vamos lidar quando sairmos daqui. Quando nascermos. É o que os humanos, em que vamos nos transformar, chamam de tempo. Interessante!



Mas, como eu ia dizendo, o tempo foi passando e eu me transformei num bebê. É o início da forma mais parecida com os seres humanos. Ainda dentro do útero da minha mãe biológica. Puxa! Você usa cada termo desconhecido! Com o tempo você irá aprender muita coisa!



Mas para resumir a conversa, na minha lembrança, eu nasci, isto é, saí de dentro da barriga de minha mãe e conheci um mundo novo. Cheio de luzes que me incomodavam bastante. Muita gente em volta, vestido de branco. Fazia frio. Bateram em mim com as mãos e eu comecei a chorar. E eles começaram a sorrir. Não estava entendendo mais nada. E mal sabia que dali para a frente tudo seria mais ou menos assim: muita coisa que os homens faziam eu não conseguia entender. Você também, se conseguir chegar lá, vai passar por essa mesma experiência. Mas não se preocupe. Tenha fé, que é uma forma superior de esperança, e tudo se resolverá.



A conversa acabou em cima da hora. O primeiro espermatozóide ganhou a corrida. E seu amigo transformou-se em nada. E o primeiro espermatozóide começava a sua rotina de milhões e milhões de anos.



Primeiro, ficou sabendo, ainda dentro do útero, que sua mãe não tinha planejado seu nascimento. Fora vítima de um estupro. E teve a sua primeira decepção: seu pai não se importava nem um pouco com ele. Na verdade, nem queria saber se ele iria ou não nascer.



Mas e sua mãe? Em princípio, e apesar dos traumas causados pela violência, ficou em dúvida sobre se deveria levar aquela gravidez adiante. E a cada conselho que o feto ouvia sua mãe receber de amigas, advogados, médicos, enfim, aumentava o seu temor por sua vida. E resolveu lutar por ela.



Começou a transmitir mensagens diretamente para o cérebro de sua mãe. Mãe, eu sei que a senhora não planejava minha chegada. Ainda mais nessas condições de tanta violência. Quanto ao papai eu já o perdoei. Não se preocupe. E quanto à senhora, seria muito bom que me recebesse como seu filho, que de fato sou. Não tenho nada a ver com o estupro. Mas tenho um coração que bate pela senhora. Eu já a amo desde o primeiro dia que fui acolhido pelo seu útero. Estou com muitas esperanças de nascer e ser um homem de bem. Eu sei que já existe legislação que lhe dá o direito a optar pelo aborto. É a tal da gravidez indesejada.



Mas, como sempre, eles continuam fazendo leis sem consultar a todos os interessados. Não foram leais conosco. E não adianta dizer que nós não fizemos pressão. O mundo científico cansou de alertar para o fato de que nós já tínhamos uma vida. E que temos nossos direitos.

Não adiantou nada. Aprovaram a lei.



Mãe, se a senhora não puder, por qualquer motivo, acolher o seu filho, deixe ao menos ele nascer. E que o coloque para ser adotado. Eu preciso muito nascer. Tenho que seguir os ditames da natureza. Tenho uma missão a cumprir.



E o tempo foi passando. E o menino nasceu. Já homem feito, procurou passar sua experiência para todos os seres humanos. Deu-lhes bons conselhos. Mostrou o lado bom e ruim das coisas. Mas, sobretudo, ensinou a amar a Deus sobre todas as coisas. Seu nome? JESUS. Era a segunda vez que tentava nos salvar.

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