Nosso tempo parece encolher cada vez mais na medida em que o mundo aumenta de volume aos nossos olhos, parecendo entristecer e ao meu tempo nos agredir: mais carros - muitos sem condições de andar,barracas de camelos autonomos que lutam pela vida, mais buracos nas ruas e o mais triste: lixo que não acaba mais.
A poluição ambiental é cada vez maior, visto que o lixo urbano produzido é completamente mal-encaminhado.
Um exemplo é a necessidade de se carregar uma pasta ou ter uma bolsa em mãos, tantos são os documentos que nos são solicitados para vagas de emprego, financiamentos, etc. Papelada que não acaba mais, que no final irá toda para o lixo.
A agressão aos nossos olhos deste movimento urbano, onde a calma e tranquilidade deram lugar à pressa, a correria e muitas vezes ao desrespeito, inviabiliza que nós pensemos com calma na solução de nossos próprios problemas e porque não em alternativas para solucionarmos esta loucura que é a poluição ambiental.
Nossos problemas têm uma dimensão grande para nós, mas são "peanuts" ( ou nada) quando comparados aos horrores que vemos em nossas ruas e calçadas.
Parece que quando nos mobilizamos para ajudar na solução de problemas sociais, nosso tempo aumenta, pois damo-nos conta que " se conseguimos contribuir para melhorarmos a vida da sociedade, não será tão desgastante resolver os meus problemas..."
Sentir-se agredido pela poluição do meio ambiente, sentir-se "tonto" e inconformado com a quantidade de gente vagando nas ruas, batendo de porta em porta atrás de um emprego não é suficiente. Sentir é importante, mas fundamental é agir.
Sempre haverá algo que possamos fazer para melhorar um pouquinho a situação de nossa cidade ou coletividade.
A questão é que há um movimento contrário, onde surge cada vez mais a preocupação com a aparência externa, sem que haja consciência da limitação de sua condição em si mesma. Todos envelhecemos. Infelizmente o tempo biológico de cada um de nos não encolhe. Ele avança, rapidamente.
Não sou nada contra em manter-se em forma. O problema é que aquele ou aquela que faz plástica, botox , drenagens, etc, preocupa-se em encolher seu tempo, mas muitas vezes esquece da importància de cuidar da limpeza do espaço em que vive.
Preocupa-se em manter-se limpo externamente, para que todos vejam como está em forma. Mas seu próprio espaço encolhe de tamanho na medida em que o lixo passa a ocupá-lo desordenadamente.
Choca ver uma madame saindo de seu casarão, com o carro do ultimo tipo, toda repuxada e na porta de sua casa um volume incontável de lixo, mau-armazenado, denotando completa despreocupação com seus deveres de cidadã.
Sua condição financeira, social, etc, permite total acesso à informação e condição de que ela ajude na redução da poluição ambiental. Basta fazer um pouquinho. Somente na porta de sua casa.
Quando não faz, além de encolher o espaço em que vive, encolhe também seu tempo biológico, porque passa a viver em ambiente mais poluído. E a poluição é nociva tanto a saúde interna quanto externa.
Gostaria que essas pessoas encolhessem suas vaidades e crescessem na cidadania, reconhecendo o quão importante é exercer seus deveres - e respeitar o trabalho daquele que coleta seu lixo, todos os dias.
Não exijo que encolham na luta contra seu tempo, se é assim que pretendem brigar contra o relógio, mesmo sabendo que ele não anda em sentido anti-horario. Mas devemos exigir que a consciência coletiva sobreponha-se à vaidade daqueles que acham que somente seu tempo não encolhe.
E, cá para nós, estes são os mais encolhidos em suas visões, já que sequer reconhecem a sujeira que jaz nas portas de suas casas.
O lixo exposto dá margem a que catadores virem e revirem os sacos, e que multipliquem a desordem deste lixo já existente, dificultando mais ainda a coleta, que já é complicada.
Caminhões de lixo ocupam a rua, andam vagarosamente, atrapalham o transito, mas fazem um serviço que poucos de nós tem a consciência que tem que ser feito.
Não há como deixarmos de produzir nosso lixo diário.É evidente. E graças a ele muitos ainda tem emprego. Mas podemos ter a consciência que a poluição e a sujeira só se reduzirão na medida em que tivermos "vergonha na cara" para admitir quantas e quantas vezes jogamos lixo nas ruas,sem ensaca-los? Já pensou em quanto tempo a mais o catador de lixo leva para terminar seu serviço? O transito, que fica ainda mais difícil? A poluição, que consequentemente aumenta? E assim vai esse circulo vicioso.
Portanto, devemos primeiramente olhar o volume de lixo nas portas de nossas casas e avaliar quanto estamos realmente contribuindo para reduzir a poluição ambiental da cidade que vivemos.
P.S- É uma crónica, os efeitos estão aumentados. Vale a chamativa à necessidade de consciencia social.
