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Cronicas-->Acolhedor -- 29/03/2004 - 09:30 (sandra ethel kropp) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Maravilhoso é poder se sentir acolhido a toda hora do dia.
Todos gostamos de nos sentir acolhidos. Seja em nossa casa, onde buscamos tornar cada canto o mais acolhedor possível. Em nosso trabalho, quando colocamos um porta - retratos com foto de nossa família - pai, mãe, namorado, esposa, marido, filhos, etc - que nos relembra de bons momentos mesmo num dia difícil. No carro, quando ligamos uma música especial, visando esquecer um pouco o trànsito.

Quando não podemos abraçar, beijar, sorrir, dar carinho "in loco", uma foto permite que sorriamos ao sabermos que há alguém que pode nos acolher, nos momentos mais difíceis ou naqueles de maior felicidade.
Mas manter o sentimento acolhedor é como promover uma boa colheita: depende do cultivo.

Certa manhã, quando cheguei ao escritório, reparei que este porta retrato do qual falava acima estava escondido atrás de uma pilha de papeis. Montes de pendências que resolveria naquela semana - essa era minha meta, apesar de saber que tinha coisas lá que vinham arrastando-se de quase ano.
Instantaneamente, peguei o porta-retratos em minhas mãos, tirei a poeira que se acumulava da semana anterior e recoloquei em um lugar estratégico, perceptível aos meus olhos. E trataria de não colocar nada em sua frente.
Sentei-me na cadeira e olhei a foto com carinho, relembrando bons momentos do fim de semana que terminara ontem. As boas lembranças estavam quentinhas em minha memória.
Eu precisava tratar de não esfria-las assim, de bate pronto, só pelo fato de ter encarado a tal pilha de papeis, mesmo sabendo que ela me levaria ao desespero ao longo da semana.
Mas porque a foto familiar deixava-me tão aconchegada, sentia-me tão acolhida por ela enquanto que aquela pilha de papeis, produto de meu trabalho, assustava-me?
Era o sentimento assustador que ocupava o lugar daquele aconchego. E não há aconchego que sobreviva ao medo. Sentia-me ameaçada pelos meus próprios papeis, que indicavam uma possibilidade de ser a tal profissional mal sucedida.
Aqueles papéis acumulavam-se dia após dia, e no fundo já nem lembrava mais o que estava por baixo. Acho que passei a encara-la como sinónimo de competência, como se realmente houvesse muito trabalho a fazer.
O certo seria encarar a pilha como encarava aquela foto: com aconchego. Não temer olhar papel a papel, certa de que o que estava ali era fruto de meu próprio trabalho, talvez um pouco desorientado. Cultivar em mim mesma a qualidade de organização que me faltava.
Comecei a avaliar um a um, e em mais ou menos meia hora três quartos da pilha já se transformara em papel para recado. Somente os projetos que estavam em andamento e poucas pendências sobraram, pendências que resolveria naquela mesma semana.
Minha mesa do escritório instantaneamente tornou-se agradabilíssima, aconchegante, prazerosa de se sentar.
A foto era indispensável, como o ursinho de pelúcia ou o paninho que as crianças carregam consigo: um ponto de referencia para me transmitir segurança que precisava para tocar o dia-a-dia de meu trabalho.
Permitir que cultivasse a tal da organização, pois sabia que sem ela o porta - retratos novamente desapareceria. Em meio à outra pilha de papeis.
Afinal, a foto reluzia aconchego: lá estava minha família. Sabia que poderia olhar para ela a qualquer momento, mesmo que eu sorrisse para mim mesma. Sorriso acolhedor e seguro, protegida em uma simples mesa de escritório.
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