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Poesias-->SUPRA-REAL -- 11/12/2006 - 08:18 (Rudolph de Almeida) |
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SUPRA-REAL
O mundo da quase-realidade
Fica no vértice da parábola que a imaginação descreve
É o ponto onde ela tangencia a existência
Ameaçando misturar o sonho com a experiência.
Nas paragens onde habita o realismo mágico
O onírico se parece com o fato concretizado
A vida finita medíocre assume nova dimensão
Transformando o escravo em senhor da criação.
O Aspecto dual destas realidades
A de fato cruel, a de sonho acolhedora
Transformam a simples vida dura em agradável mistura
Dos desejos secretos com os fatos concretos.
Habitar nesse mundo dúplice pode ser desejável
Fugir da aspereza das gentes comprimindo o espaço
Dar vazão à criatividade que anima o espírito
Coexistindo o poeta com o previsível cidadão tolo de classe média.
Por vezes, porém, grita o sonho: liberdade!
Quer fazer-se presente na fútil realidade
É quando lhe deito as algemas e seus pés ato
Calando seus lábios trêmulos com o mesmo velho esparadrapo.
Ainda assim, por dentro, ele me chuta
Incansável, sua inquietude me machuca
E ele que deveria existir só para meu divertimento
Alia-se à realidade potencializando o tormento.
Inimigo agora também da imaginação
Fujo então até da quase-realidade
Volto para o espaço banal que ocupo na sociedade
Busco um canto qualquer onde enfiar a excentricidade.
Da vida como ela é, não adianta, não escapo
Sigo pela mesma estrada carregando meus fardos
Mas ainda buscarei na outra dimensão que habito
Os meus sonhos queridos fazendo-os fatos concretamente vividos.
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