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Cronicas-->Cinco planetas e nós sozinhos -- 26/03/2004 - 20:48 (Érica) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje à noite cinco planetas vão se perfilar aos olhos terrestres. Vamos poder vê-los em toda sua plenitude vazia. Ficarão enfileirados até princípios de abril, quando se darão ao gosto de se dispersarem pelo infinito. Daqui a 37 anos, voltarão a nos visitar em fila, outra vez. Daqui a 37 anos já não estarei aqui (prometo) para a tal efeméride.

Hoje à noite vou a uma festa. Amigos que estiveram aqui por cinco anos se mudarão para outra cidade, outro país. É como se fossem para um outro planeta. Não terào acesso à internet por um ano inteiro. Não estarão recebendo visitas pelo mesmo período. Não sairão de casa tanto quanto. Quem são estes amigos estranhos ? Pra começar, não são bem amigos - são conhecidos meus, mas amigos de amigos. Eles são estranhos, sim. Todos, os amigos e os conhecidos. Por que estranhos? Porque nao se coadunam com as regras vigentes da sociedade civilizada e urbana: detestam computador, detestam telefone, evitam remédios industrializados, só comem o que a natureza (flora) oferece, são apolíticos, tanto se lhes dá que haja um genocida no governo quanto um pacifista hindu, para eles o mundo gira torto do mesmo jeito - estes meus conhecidos nasceram um para o outro. Conheceram-se num observatório, numa noite de lua cheia ou nova, nao sei - cada um deles chegando de um lado diferente da cidade, treparam numa escadinha que dava para o telescópio e aí perto da lua, bem pertinho, se conheceram. Daí a brincadeira: o casal mais lunátic que se conhece nestas paragens.

Estou contando tudo isto porque estes cinco planetas estão mexendo comigo. Estou com medo dos cinco planetas. Vou a pé pra casa destes amigos, que estão oferecendo uma festa de despedida. À noite todos os planetas são pardos. Vou caminhar olhando pro céu. PRocurando cada um dos planetas e tentando me dizer qual se chama o quê. Tarefa impossível.

Hoje tudo me parece impossível. Que estes conhecidos se vão daqui pra uma temporada muito exótica, num país distante e incomunicável - tão pobre que é. Que eu esteja com esta falta de vontade de me colocar, me arrumar para uma festa, que me disponha a ir conversar, comer pétalas de rosas (eles servem bolo de rosas, xarope de pétalas, coisas deste tipo).... e com a fome brutal que tenho agora.

Acho que vou botar aquele bife redondo e vermelho na chapa - me refestelar no bom sentido da palvra, e depois encarar os cinco planetas e os amigos de cinco anos.

Tenho dito. E como dizia o Júlio Gouveia, no programa do teatro da Juventude, aos domingos pela manhã - Fim da história. Entrou por uma porta, saiu por outra. Quem quiser que conte outra.
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