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Textos_Religiosos-->Conferência de Aparecida: Resumo do documento final -- 31/05/2007 - 09:15 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
--- Conferência de Aparecida ---

www.zenit.org


Quinta Conferência quer lançar uma nova etapa pastoral na América Latina

Cardeais concedem entrevista coletiva apresentando resultados da reunião

APARECIDA, quarta-feira, 30 de maio de 2007 (ZENIT.org).- A Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe encerra esta quinta-feira com a proposta de lançar uma nova etapa pastoral no subcontinente.

Esta quarta-feira, os cerca de 140 bispos delegados presentes em Aparecida aprovaram o documento final da reunião que iniciou no dia 13 de maio no Santuário mariano brasileiro. O texto segue agora para aprovação do Papa e depois será publicado.

O esquema de trabalho da Quinta Conferência seguiu o método Ver, Julgar e Agir. Na primeira semana da reunião, os bispos fizeram uma análise da realidade latino-americana. Na segunda semana discutiram sobre como ser discípulos de Jesus Cristo no atual contexto e as conseguintes propostas pastorais.

Em seguida iniciou o trabalho de redação do documento em 7 Comissões principais, assessoradas por 16 Subcomissões. O resultado é um texto de cerca de 100 páginas, com 10 capítulos.

Em um resumo do documento final distribuído à imprensa, os bispos afirmam que todos os membros da Igreja «estão chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, para que nossos povos tenham vida Nele», espelhando o tema da reunião eclesial.

Ao enfatizar que o patrimônio mais valioso da cultura dos povos latino-americanos é a «a fé em Deus amor», os bispos dizem querer «iniciar uma nova etapa pastoral, nas atuais circunstancias históricas, marcada por um forte ardor apostólico e um maior compromisso missionário para propor o evangelho de Cristo como caminho à verdadeira vida que Deus oferece aos homens».

Ao comentar sobre o resultado da Conferência e do documento final, o cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo de Santiago do Chile e presidente do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano), disse em coletiva de imprensa que foi «uma pequena loucura» «entre duzentas e tantas pessoas elaborar um livro». A Conferência de Aparecida teve 266 membros e convidados.

O cardeal explicou que a reunião quis aprofundar sobre a qualidade do encontro com Jesus Cristo. «A primeira pergunta é: existe um encontro pessoal, profundo com Cristo?».

Dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, destacou que a Conferência quis enfatizar o sentido de ser Igreja e de fraternidade. «Adesão a Cristo sem adesão ao irmão não há», disse.

Já o cardeal Cláudio Hummes, prefeito da Congregação para o Clero, afirmou que o discípulo deve tornar-se um missionário. Esse é o espírito da grande missão continental que a Quinta Conferência quer lançar, segundo Dom Cláudio.

«Todas as dioceses serão convocadas e estimuladas a organizar uma missão no seu próprio território», disse, recordando que a ação missionária não encerrará no âmbito paroquial. «Todos os níveis da sociedade serão atingidos, os meios de comunicação, a escola, a ação junto aos pobres».

O cardeal Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, arcebispo de Tegucigalpa (Honduras), destacou que os bispos não se reuniram para fazer uma «análise social ou política», nem «teologia nas nuvens». «São pastores que assumem a realidade e a tomam visando a que os povos tenham mais vida», disse.

Segundo o prelado hondurenho, a Conferência de Aparecida «vai dar um resultado estupendo». O cardeal Hummes também se demonstrou feliz com os resultados alcançados. «Estou muito feliz com o documento. É um sopro novo para a Igreja e quer ser um sopro novo para a comunidade».


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Conclusões de Aparecida serão traduzidas na prática «pouco a pouco», diz arcebispo
Dom Odilo Scherer recorda que o documento ainda segue para aprovação do Papa

APARECIDA, quarta-feira, 30 de maio de 2007 (ZENIT.org).- «A Igreja é um grande corpo e as coisas não acontecem apertando um botão», afirmou essa quarta-feira o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, ao ser questionado sobre a implantação do documento da Conferência de Aparecida.

Aprovado essa quarta-feira pela ampla maioria dos cerca de 140 bispos delegados presentes em Aparecida, o texto do documento conclusivo da reunião eclesial segue agora para aprovação de Bento XVI.

Sob o tema «Discípulos e missionário de Jesus Cristo, para que n Ele nossos povos tenham vida», 266 bispos e convidados reuniram-se sob o Santuário de Nossa Senhora Aparecida desde o dia 13 de maio, quando Bento XVI abriu oficialmente o encontro. A reunião encerra esta quinta-feira.

«Como foi o Papa que convocou a Conferência de Aparecida, é ele que dá a aprovação final ao documento da Conferência», afirmou Dom Odilo.

O texto será entregue ao Papa em audiência no dia 11 de junho pelo cardeal Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo de Santiago do Chile e presidente do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano). Aguarda-se a publicação oficial do texto para julho ou agosto.

Após a aprovação do pontífice e difusão do documento, vai-se «refletir nas comunidades, nas dioceses, junto com o clero, com todas as organizações da Igreja, e pouco a pouco as coisas vão sendo traduzidas na prática», disse Dom Odilo.

Segundo o arcebispo de São Paulo, as Conferências Episcopais de cada país estudarão a maneira de implementar as conclusões e orientações pastorais do documento.

«Nós esperamos que cada país, cada Conferência Episcopal, cada diocese possa rever a sua organização eclesial, seu planejamento pastoral, suas prioridades pastorais, agora à luz das conclusões do documento de Aparecida.»

Dom Odilo recorda que a Conferência de Aparecida não suscita nenhum tipo de mudança doutrinal na Igreja. «As mudanças basicamente são de atitudes em relação àquilo que é a missão permanente da Igreja», disse.

Como aspectos pastorais novos que a reunião eclesial enfatiza, Dom Odilo cita uma atenção maior quanto à presença e atuação da Igreja nas cidades e nas grandes metrópoles urbanas; a evangelização da cultura; a missão permanente; a presença e ação da Igreja no mundo da educação, seja a familiar ou nas comunidades; a atitude da Igreja diante da questão da ecologia.

«Eu tenho certeza que muitas coisas boas vão aparecer», disse o arcebispo.


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Conferência de Aparecida: Resumo do Documento Final

APARECIDA, quarta-feira, 30 de maio de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos a seguir o resumo do documento final da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, que foi disponibilizado pelo site do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).
O documento só será publicado na íntegra após aprovação do Papa.


RESUMO DO DOCUMENTO FINAL

Aparecida, 30/5/2007

1. Os bispos, reunidos na V Conferencia Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, querem impulsionar, com o acontecimento celebrado junto a Nossa Senhora Aparecida no espírito de um novo Pentecostes e com o documento final que resume as conclusões de seu dialogo, uma renovação da ação da Igreja. Todos os seus membros estão chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, para que nossos povos tenham vida Nele. No caminho aberto pelo Concilio Vaticano II e em continuidade criativa com as Conferencias anteriores do Rio de Janeiro, 1955; Medellín, 1968; Puebla, 1979 e Santo Domingo, 1992, refletiram sobre o tema Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nossos povos Nele tenham vida. Eu sou o Caminho a verdade e a Vida (Jo 14,6), e procuraram traçar em comunhão linhas comuns para prosseguir a nova evangelização em nível regional.

2. Eles expressam junto com o Papa Bento XVI que o patrimônio mais valioso da cultura de nossos povos é ‘a fé em Deus amor’. Reconhecem com humildade as luzes e as sombras que há na vida crista e na ação eclesial. Querem iniciar uma nova etapa pastora,l nas atuais circunstancias históricas, marcada por um forte ardor apostólico e um maior compromisso missionário para propor o evangelho de Cristo como caminho à verdadeira vida que Deus oferece aos homens. Em diálogo com todos os cristãos e a serviço de todos os homens, assumem ‘a grande tarefa de custodiar e alimentar a fé do Povo de Deus, e recordar também
aos fiéis deste continente que em virtude do seu batismo estão chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo’ (Bento XVI, discurso inaugural,3). Eles se propuseram a renovar as comunidades eclesiais e as estruturas pastorais para encontrar as mediações da transmissão da fé em Cristo como fonte de uma vida plena e digna para todos, para que a fé, a esperança e o amor renovem a existência das pessoas e transformem as culturas dos povos.

3. Neste contexto e com esse espírito, oferecem suas conclusões abertas no Documento Final. O texto tem três grandes partes que seguem o método de reflexão teológico-pastoral ‘ver, julgar, agir’. Assim, olha-se a realidade com os olhos iluminados pela fé e um coração cheio de amor, proclama com alegria o Evangelho de Jesus Cristo para iluminar a meta e o caminho da vida humana, e busca, mediante um discernimento comunitário aberto ao sopro do Espírito
Santo, linhas comuns de uma ação realmente missionária, que ponha todo o Povo de Deus num estado permanente de missão. Esse esquema tripartite está alinhavado por um fio condutor em torno à vida, em especial a vida em Cristo, e está tecido transversalmente pelas palavras de Jesus, o Bom Pastor: ‘Eu vim para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância’. (Jo 10,10)

4. A primeira parte se intitula A vida de nossos povos. Ai se considera, brevemente, o sujeito que olha a realidade e que bem diz a Deus por todos os dons recebidos, em especial, pela graça, a fé que o fez seguidor de Jesus e pela alegria de participar da missão eclesial. Esse primeiro capitulo, que tem o tom de um hino de louvor e ação de graças, denomina-se Os discípulos missionários. Imediatamente segue o capitulo segundo, o maior desta parte, intitulado Olhar dos discípulos missionários sobre a realidade. Como um olhar teologal e pastoral, considera, com acuidade, as grande mudanças que estão sucedendo em nosso continente e no mundo, e que interpelam a evangelização. Analisam-se vários processos históricos complexos e em curso nos níveis sócio-cultural, econômico, sócio-politico, étnico e ecológico, e se discernem grandes desafios como a globalização, a injustiça estrutural, a crise na transmissão da fé e outros. Aí se postulam muitas realidades que afetam a vida cotidiana de nossos povos. Nesse contexto, considera a difícil situação de nossa Igreja nesta hora de desafios, fazendo um balanço de sinais positivos e negativos.

5. A segunda parte, a partir do olhar sobre o hoje da América Latina e o Caribe, entra no núcleo do tema. Seu titulo é A vida de Jesus Cristo nos discípulos missionários. Indica a beleza da fé em Jesus Cristo como fonte de vida para os homens e as mulheres que se unem a Ele e percorrem o caminho do discipulado missionário. Aqui, tomando como eixo a vida que Cristo nos trouxe, são tratadas, em quatro capítulos sucessivos, grandes dimensões inter-relacionadas que concernem aos cristãos como discípulos missionários de Jesus Cristo. A alegria de ser chamado para anunciar o evangelho com todas as suas repercussões como ‘Boa noticia’ na pessoa e na sociedade (cap 3); a vocação à santidade que recebemos os que seguimos a Jesus ao ser configurados com Ele e animados pelo Espírito Santo (cap 4); a comunhão de todo o Povo de Deus e de todos no Povo de Deus, contemplando a partir da perspectiva de discípula e missionária os distintos membros da Igreja com suas vocações especificas, e o diálogo ecumênico, o vínculo com o judaísmo e o diálogo inter-religioso (cap 5); Finalmente, se aborda um itinerário para os discípulos missionários que considera a riqueza espiritual da piedade popular católica, uma espiritualidade trinitária, cristocêntrica e Mariana de estilo comunitário e missionário, e variados processos formativos, com seus critérios e seus lugares segundo os diversos fieis cristãos, prestando especial atenção à iniciação crista, à catequese permanente e à formação pastoral (cap 6). Aqui se encontra uma das novidades
do documento que busca revitalizar a vida dos batizados para que permaneçam e caminhem no seguimento de Jesus.

6. A terceira parte entra plenamente na missão atual da Igreja Latino-americana e Caribenha. Conforme o tema, está formulada com o título A vida de Jesus Cristo para nossos povos. Sem perder o discernimento da realidade nem os fundamentos teológicos, aqui se consideram as principais ações pastorais com um dinamismo missionário. Num núcleo decisivo do documento, se apresenta a missão dos discípulos missionários a serviço da vida plena, considerando a vida nova que Cristo nos comunica no discipulado e nos chama a comunicar na
missão, porque o discipulado e a missão são como as duas faces de uma mesma moeda. Aqui se desenvolve uma grande opção da Conferência: converter a Igreja em uma comunidade mais missionária. Com este fim, se fomenta a conversão pastoral e a renovação missionária das Igrejas Particulares, das comunidades eclesiais e dos organismos pastorais. Aqui se impulsiona uma missão continental que teria por agentes as dioceses e os episcopados (cap. 7). Na seqüência, se analisam alguns âmbitos e algumas prioridades que se quer impulsionar na missão dos discípulos entre nossos povos na aurora do terceiro milênio. Em O Reino de Deus e a promoção da dignidade humana se confirma a opção preferencial pelos pobres e excluídos que se remete a Medellin, a partir do fato de que, em Cristo, Deus se fez pobre para enriquecer-nos com sua pobreza, se reconhecem novos rostos dos pobres (por exemplo, os desempregados, migrantes, abandonados, enfermos e outros) e se promove a justiça e a solidariedade internacional (cap 8). Sob o titulo Família, pessoas e vida, a partir do anúncio da Boa Nova da dignidade infinita de todo ser humano, criado à imagem de Deus e recriado como filho de Deus, se promove uma cultura do amor no matrimonio e na família, e uma cultura do respeito à vida na sociedade; ao mesmo tempo, deseja-se acompanhar pastoralmente as pessoas em suas diferentes condições de criança, jovens e idosos, de mulheres e homens, e se
fomenta o cuidado do meio ambiente como casa comum (cap 9). No último capítulo, intitulado Nossos povos e a cultura, continuando e atualizando as opções de Puebla e de Santo Domingo pela evangelização da cultura e a evangelização inculturada, tratam-se os desafios pastorais da
educação e a comunicação, os novos areópagos e os centros de decisão, a pastoral das grandes cidades, a presença dos cristãos na vida publica, especialmente o compromisso político dos leigos por uma cidadania plena na sociedade democrática, a solidariedade com os povos indígenas e afro-descendentes, e uma ação evangelizadora que aponte caminhos de reconciliação, fraternidade e integração entre nossos povos, para formar uma comunidade regional de nações na America Latina e no Caribe (cap 10).

7. Com um tom evangélico e pastoral, uma linguagem direta e propositiva, um espírito interpelante e alentador, um entusiasmo missionário e esperançado, uma busca criativa e realista, o Documento quer renovar em todos os membros da Igreja, convocados a ser discípulos missionários de Cristo, ‘a doce e confortadora alegria de evangelizar’ (EN 80). Remando os barcos e lançando as redes mar a dentro, deseja comunicar o amor do Pai que está no céu e a alegria de ser cristãos a todos os batizados e batizadas, para que proclamem com
audácia Jesus Cristo a serviço de uma vida em plenitude para nossos povos. Com as palavras dos discípulos de Emaús e com a oração do Papa em seu discurso inaugural, o Documento conclui com uma prece dirigida a Jesus Cristo: ‘Fica conosco porque é tarde e o dia declina’ (Lc 24,29).

8. Com todos os membros do Povo de Deus que peregrina pela America Latina e Caribe, os discípulos missionários encontram a ternura do amor de Deus refletida no rosto da Virgem Maria. Nossa Mãe querida, a partir do Santuário de Guadalupe, faz sentir a seus filhos pequeninos, que estão sob seu manto, e a partir daqui, em Aparecida, nos convida a deixar as redes para aproximar a todos de seu Filho, Jesus, porque Ele é ‘o Caminho, a Verdade e a Vida’(Jo 14,6), só Ele tem ‘palavras de vida eterna’ (Jo 6,68), e Ele veio para que todos ‘tenham vida e a tenham em abundância’ (Jo 10,10).


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O presidente da Conferência Episcopal Espanhola em Aparecida
Entrevista a Dom Ricardo Blázquez Pérez, bispo de Bilbao

APARECIDA, quarta-feira, 30 de maio de 2007 (ZENIT.org).- Em reconhecimento da obra evangelizadora da Espanha na América, pela primeira vez participaram em uma Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe bispos da Espanha.

Entre os presentes no santuário de Nossa Senhora Aparecida se encontra dom Ricardo Blázquez Pérez, bispo de Bilbao, presidente da Conferência Episcopal Espanhola, que nesta entrevista concedida a Zenit ilustra desafios comuns que compartilham América Latina e Espanha.

--Destacaria entre estes desafios comuns a secularização?

--Dom Ricardo Blázquez Pérez: Assim como na Europa temos já experiência dessa secularização vivida, diariamente padecida, aqui me dá a impressão, pelo que eu pude ver, de que nestes países é mais uma ameaça. Não se trata ainda de uma vivência, ainda que possa dar-se em meios de comunicação alguns sinais.

Pela própria reflexão que se está fazendo na Conferência, creio que há questões que se têm em conta mais como possíveis ameaças de caráter moral: o aborto, os perigos para o matrimônio como união de um homem e uma mulher por amor e por vida para a procriação e a educação dos filhos... Estes problemas, digamos, morais, que experimentamos há algum tempo na Europa, aqui são mais uma ameaça.

--O que o senhor tentou transmitir aos bispos em Aparecida sobre a realidade de seu país ou de sua experiência pastoral?

--Dom Ricardo Blázquez Pérez: Interviemos cada um dos que havíamos sido convidados de outras conferências episcopais. Acreditava que devia informar sobre a situação da Igreja na Espanha. E a Igreja na Espanha tem um capítulo evidentemente de relações com o governo, mas há outros capítulos também. Por exemplo, falamos do que viemos fazendo para a transmissão da fé, um desafio importante também aqui.

Por outro lado, a Espanha se converteu em um país receptor de imigração muito grande. O que podemos fazer neste campo entre os países dos que fundamentalmente procedem os imigrantes para Espanha e a própria Espanha? Esse é outro capítulo importante sobre o qual tivemos alguma reunião aqui. Com os que fiquem responsabilizados do setor de migrações, no mês de julho estabeleceremos uma comunicação para ver como podemos, entre todos, o país emissor e o país receptor, facilitar a inserção dos migrantes.

Em particular, veremos como podemos oferecer hospitalidade em nossas paróquias, nos grupos cristãos, para que a preocupação enorme que significa ter que mudar de um país para outro afete o menos possível no campo da fé dentro da igreja católica.

--O que é que mais lhe chamou a atenção do «Documento» que publicará a Conferência de Aparecida?

--Dom Ricardo Blázquez Pérez: A mim chamou a atenção o início do documento: começa-se dando graças a Deus pelos bens que recebemos de nosso Senhor Jesus Cristo e que foram cultivados, convertendo-se em tradição aqui, na América Latina e no Caribe. Expressa a alegria de ser discípulos e missionários de Jesus. O ser cristão é uma graça imensa. É uma esperança que nos abre essa porta ao futuro para ir caminhando diariamente com a luz do Senhor e transmitindo o que significa a graça do Evangelho.

Diz-se em nosso «Documento» que o melhor que nos pôde ocorrer é ter-nos encontrado com Jesus Cristo. E este encontro, o desejamos a todos. A Igreja, todos nós, consideramos como um gozo grande que o Senhor nos tenha confirmado a transmissão do Evangelho. Então este início me parece muito importante. Não se trata simplesmente de analisar a realidade com os olhos de pastores, mas também de ver-nos nós ante o Senhor com a graça e com a responsabilidade que nos confiou.

Em outra ordem das coisas eu tenho a impressão de que se produziu já uma mudança de ótica. A missão cristã não vê tanto à transformação das estruturas, mas sim ao encontro com Jesus Cristo através da fé, do amor, da esperança, na comunhão eclesial, unidos na Igreja, para que o mundo tenha em nosso Senhor Jesus Cristo vida.

E, neste contexto, aparecem diversos âmbitos e aspectos da missão da Igreja. Sempre se sublinha que a Igreja não pode abandonar os pobres. Quando a Igreja, em sua missão, se encontra com os pobres, tem que aproximar-se deles. Não pode nem deve abandonar-lhes. Então aparece essa opção preferencial pelos pobres que aqui na América Latina nasceu e que se faz sentir tanto.

O primeiro que fez a opção preferencial pelos pobres, ou se quer, por ser pobre, foi Jesus, que, sendo rico, se fez pobre por nós. E aos discípulos nos ensinou a sublime lição de segui-lo como pobre.

Temos que evangelizar também dentro da pobreza e da limitação de meios, sem confiar no poder do dinheiro, no poder do mundo, mas simplesmente na graça do Senhor. Os destinatários preferenciais neste quadro são também os pobres, os necessitados, os últimos, os excluídos.

--A Conferência de Aparecida, aporta novidades?

--Dom Ricardo Blázquez Pérez: Ser discípulo de Jesus tem um percurso. Começa em um encontro com nosso Senhor. O encontro com Jesus é o começo do discípulo que se põe a caminho. É um caminho de formação. Estar com Jesus, ser formados por Ele. Ser enviados a pregar.

João Paulo II começou a falar da iniciação cristã quando se estava preparando o quinto centenário do começo da evangelização da América. E pôs em relação a nova evangelização com aquela primeira evangelização fundante destes povos, que criou uma forma inculturada da fé cristã realmente admirável: tem em seu centro neurálgico em Jesus Cristo crucificado e na Eucaristia, na Virgem Santíssima, e na obediência ao Papa.

Também, o Papa falava de uma nova evangelização. O Concílio Vaticano II pôs o batismo como base da fraternidade cristã. A partir daí se desenvolve a iniciação cristã. É uma contribuição importante deste «Documento» de Aparecida: há que se desenvolver essa iniciação cristã a partir desse fundamento compartilhado por todos, o batismo, e daí vão surgindo as diversas vocações dentro da Igreja, carismas, ministérios...

--A Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano pode oferecer uma contribuição à Igreja na Europa?

--Dom Ricardo Blázquez Pérez: Aqui experimentamos um frescor e um impulso apostólico, uma espécie de empenho existencial por transmitir o Evangelho muito vigoroso, muito forte. É consciente, como às vezes se diz, de esperança, de vida. Que deve ser também, como dizia o Papa, um continente de amor, talvez também um continente de paz. Então, América Latina e Caribe, onde aproximadamente vivem a metade dos católicos do mundo, constitui para nós, europeus, um chamado, uma espécie de vento fresco de renovação para curar os envelhecimentos.

--Qual é a alegria que você leva de Aparecida?

--Dom Ricardo Blázquez Pérez: Levo entre outras formas de alegria a satisfação, o fato de ter convivido com muitos bispos, com outras pessoas, em um clima de cordialidade, de acolhida excelente, não só ao princípio, mas durante toda a Conferência. Todos, unidos, buscamos os caminhos do Evangelho da Igreja em nosso tempo, aqui, em concreto, para estes povos. Isto me edificou. De modo que é uma experiência que seguramente não posso esquecer.



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