Que juventude?!
Por Isabel Helena S. B. Pereira
Entre 13 e 16 anos, quando o adolescente brasileiro se encontra a caminho do vestibular- o famoso "provão" que seleciona os melhores para cursar a faculdade - nada mais normal do que estudar, se definir profissionalmente, planejar o futuro, lutar pelo que quer e pelo que tem direito, seja ideológica ou politicamente... Porém, a realidade dessa geração passou a se restringir entre escola-casa-shopping.
Onde foram parar os revolucionários brasileiros?! Relembrando o nosso passado histórico, vêm à nossa mente pessoas de caráter como Tiradentes, Carlos Prestes, Antônio Conselheiro, contestadores que, de uma certa forma, mudaram a história. Mas não podemos nos esquecer - e temos certeza que até hoje ninguém se esqueceu - daqueles que não julgavam, mas foram julgados, dos que não violentaram, apenas gritavam e foram violentados, quase calados. Esses citados foram bravos, fortes, e incessantes, fugidos da ditadura; e mais do que isso, jovens.
Hoje, receber um livro, seja de presente ou recomendado por um amigo, chega a ser desagradável, desestimulante. Ir para uma biblioteca e pesquisar, para quê? Temos a "Internet"! Uma partida de futebol? Nem pensar, o vídeo game é mais divertido. Andar de bicicleta para expandir o pulmão sempre é bom, mas preferimos ir de carro, cuja segurança é maior. A camada de ozônio está sendo destruída! Os governadores estão desviando dinheiro! Estão querendo privatizar as universidades federais! No entanto, deixamos tudo de lado, pois nada entendemos sobre isso.
Nada. Nada está sendo feito. Aqueles que deveriam estar preparados para um vida independente e concorrida, pelo menos no campo de trabalho, não sabem o que é mais importante para si. Não sabem escutar, não sabem valorizar, não sabem reconhecer, pedir desculpas ou dizer que erraram, e pior do que isso, não sabem falar. Calam, não porque foram obrigados, mas porque não têm o que dizer. Preferem escolher entre o sorvete de morango ou chocolate a escolher entre PC ou PFL.
Sim, o Brasil mudou. Nós mudamos, e o nosso futuro também mudará. Pois, se ainda não pensaram, o amanhã será composto pelos jovens desta geração iludida. Ainda há uma solução? Claro. Mas esta só veremos depois, quando os adolescentes se tornarem adultos, se levantarem com um tombo, e passarem a viver no nu e cruel mundo, onde nem tudo é um mar de rosas...
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