Carta para Marcello Ribeiro
Escrevo-te para dizer-te que esta dor que sentes, em partes parte de mim. Marcello não responsabilize-me, não responsabilize o universo, não responsabilize a “ela” que tantos amas, que tanto voltas a amar, e nem ao abstrato sagrado pelos povos.
Não há culpados. Esqueça. Encerre tua busca. Alivio para essa dor não há. Tu és o concreto e eu tua parte imaterial, abstrata. Dói-me, tanto quanto, e até maior em mim imatéria que em você, pois tu podes ainda embriagar-se, xingar a todos os deuses, chorar lágrimas e molhar teu peito, gritar bem alto o nome dela.
Ah! Marcello quisera eu poder fazer tudo isso para aliviar-me a dor de amar: a vida, o mundo, meus Irmãos e “Ela..., unicamente Ela”. Reclamas de egoísta que és, pois tens: olhos para apreciá-la; olfato para sentir o cheiro dela, audição para ouvir a bela voz dela; tato que quando permitido por ela, tu a tocas, tu a sentes e com os lábios beija-lhe a boca e tens o prazer do sabor e quando juntos, plugados um no outro flutuam em nuvens de seda.
Sim, eu sei que esses sentidos são os que nos fazem mais sofrer.
Você sofre, eu sofro. Marcello talvez a não existência de mim em você sofrerias menos, mas fazer o que; tens o dom. O abstrato que se materializa nos versos, nas rimas, na poesia e nos poemas sou eu, sou suas entranhas,... [seu Dom] portanto amar é parte de nós, sofrer de amor... conseqüências.
O tempo é assim mesmo, sacana. Traz, leva, leva, traz... Leva. Esqueça essa proibição vil: Ma ame-a assim mesmo, mesmo que estejamos fadados ao sofrimento eviterno.
Assinado:
Marcello ShytaraLira
Sampa 14/07/2003
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