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Cronicas-->A corda.... -- 25/03/2004 - 09:14 (sandra ethel kropp) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Bela manhã de domingo.Mais uma. Bucólica, própria para sair e andar a pe aos arredores de minha casa, quem sabe encontrar um vizinho com seu cachorro, conversar com aquela simpática moca da banca de jornais ,fumar um cigarro tranquilo. Fazer o simples, por mim desejado, mas dificilmente possuído na correria de meu dia-a-dia.
Ainda é cedo. Pronto para sair, vejo um pacote. Papel vermelho, desajeitado. Mexo, não sei o que é, mas o embrulho é grosseiro.
Preso com fita adesiva, um cartão. "Para você, Marcos.", estava escrito no envelope.
"Marcos sou eu", pensei. Deveria abrir o pacote? E se minha esposa ou um de meus filhos o esquecera ali e quisesse me fazer uma surpresa? Todos ainda dormiam, e assim era aos domingos.
Eu madrugava, como todos os dias. Eles ,aproveitavam para esticar seus sonos, após uma semana corrida e estressante.
Sem pensar muito, primeiro abri o cartão.
"Deus nos deu a vida. Te dou esta corda. Te amo".
A originalidade do cartão me intrigou. Era uma corda? Com as mãos tremulas de tanta ansiedade, abri o pacote, rasgando com força o papel. Era mesmo uma corda, daquelas de nylon, bem barata, que nem pontas tinha . O que eu faria com aquilo?
Parado na frente da porta de saída de casa, fiquei com a corda na mão.
Pular não podia, pois vinha num processo de engorda, sedentário, sem o mínimo preparo físico. Usa-la em meu trabalho, muito menos. Não sou monitor infantil nem professor de educação física. Sou advogado. Brincar com meus filhos de dezoito e vinte anos, seria piada. Fantasias sexuais violentas não faziam parte de nossos encontros. Então?
Então vi minha mulher descendo a escada, ainda de pijama.
-Bom dia, que faz ai com essa cara de assustado?
- Nada. Abri um presente que estava aqui na porta, e estou mais tonto que cego em tiroteio.
- Esse pacote foi deixado em nossa porta ontem no fim da tarde. Com seu nome.
- É uma corda. Veja o cartão...
- Quem escreveu isso?
- Não sei, mas deve ser louco, ou no mínimo fazer uma brincadeira de mau gosto, falei.
Desisti de sair e fui com minha esposa tomar café. Meus filhos saíram apressados, como todo domingo, e não os vi passar.
Minha esposa logo se dirigiu ao seu ateliê e foi pintar, uma rotina que tinha todos os domingos pela manha. Eu fiquei largadão na poltrona lá da sala, vendo T.V., tomando sorvete. Ligou um amigo para jogarmos bola, mas não quis. Minha mãe ligou cobrando minha visita, falei para não encher o saco. Inúmeros telefonemas para minha filha se seguiram e eu, mau-humorado, respondia que ela não estava.
Aquela corda não saia de minha cabeça. Que idiotice, pensava.Já era hora do almoço, e não havia feito nada. Minha esposa reapareceu animada, feliz por terminar um de seus quadros. Pintava bem.
- Vamos sair para almoçar? Perguntou ela, já pegando sua bolsa e me esperando.
A pergunta veio como uma bomba. Preferia ficar em casa. Não estava com vontade de sair. E continuava segurando a corda na mão.
- Marcos, estou falando com você. ACORDA!
- A corda está aqui e a joguei longe, irritado.
- Tó falando para você acordar, parece que está dormindo. O dia está lindo, eu quero sair.
-E o que faço com essa corda? Perguntei , irritado, de saco cheio, querendo saber quem me deu.
- Seria bom começar a usa-la. A partir de agora. ACORDA.....
- Acorde para a vida ,mexa-se, confie mais em Deus. Vamos passear, que a vida nos espera lá fora. O dia está lindo, e nada se resolverá ficando ai sentado com esse presente na mão. Todo presente sempre revela algo que falta em nossas vidas.
- Foi você que me deu? perguntei, sem jeito.
- Que importa? Se está na sua frente, pode ser mais fácil usa-lo que ficar a vida toda tentando livrar-se dele.
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