NO ANO DOIS-MIL-E-SEIS
De desgosto quase morro,
abafado, sem socorro,
mergulhado em decepção
defronte à luz da glória
que aureola a lusa-História
entre escombros e traição...
Só de nome em exaustão
Camões na imensidão
afasta-se andrajoso,
Bocage enferma de tédio,
vergastado, sem remédio,
em desprezo afrontoso...
Nas trevas do mar lodoso
pena o Infante e acintoso
de novo o Bojador
se ergue no horizonte,
montanha posta defronte
ao sonho sem esplendor...
Em ridículo estertor
vejo aluno e professor
pela calçada aos papeis
na minha Pátria à deriva
em confusão desactiva
no ano dois-mil-e-seis...
António Torre da Guia |