Maria-vai-com-as-outras
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Podia-se dizer que era um homem de boa memória. Muito curioso, também. Lia sobre quase tudo. E falava sobre quase tudo; e jamais esquecia de citar a fonte. E usava sempre o verbo no futuro do pretérito composto: “segundo fulano, beltrano teria dito”. Certa vez, assistimos, juntos, ao desabrochar de uma rosa, numa bela manhã ensolarada. E perguntei-lhe o que achava daquele fenômeno. Ele ficou calado. Era, na verdade, um maria-vai-com-as-outras.
|