BIODIVERSIDADE
Tereza da Praia
Passam-me pelos olhos diariamente
Muitas coisas, tantas pessoas, novidades!
Toda uma biodiversidade.
Escritos de todos os tipos e estilos, ingredientes
Que relatam e delatam seus autores,
Por mais que se escondam, em seus albores,
Entre uma vírgula e um ponto
Acabam sempre se entregando.
Há pessoas que sofrem mais que todo mundo.
Carregam com orgulho e soberba e suas dores.
São saudades e lembranças cultivadas como flores,
Exibidas em praça público como fossem troféu.
Conquistam a piedade de gente caridosa
Que não vê neste sofrimento,
Cantado sempre em sol maior,
O tom bemol da vaidade, que brota airosa.
Há outras tantas pessoas que, por momento,
Laçam-se em combate na defesa de um ideal.
Procurar a verdade, numa ânsia de igualdade,
No exercício da liberdade, uma luta nada banal.
Cegos discriminam outros, que não pensam igual.
Estão sempre com dedo em riste, apontando este ou aquele.
Vivem sempre em conflito entre a fama e a luta.
Outras pessoas há, que fizeram da paz seu escudo
Em palavras e em discursos, mas desses se acautele
Pois por qualquer coisa já chamam os outros pra guerra.
São tão beligerantes, que suas palavras desnudas
Não se pode levar a sério.
São lobos vestidos com peles de ovelhas,
Mas cantam vaidosas a virtude de serem pacifistas.
Há aquelas pessoas que clamam por justiça
Mas o que querem é vingança, não a perdem de vista.
Numa total desesperança, uma visão pessimista.
Um exercício humanitário, da mais pura vaidade.
Existem outras pessoas que estão sempre catalogando,
Classificando e estigmatizando seu próximo
E todas as coisas ao seu redor...
Até o amor vira rótulo, ou uma coisa menor.
São donas da verdade derradeira
E mestres de ensinar o que é o amor primeiro.
Numa empáfia a toda prova, que mescla o orgulho
E a vaidade num coquetel de veneno cor-de-rosa.
Há aquelas pessoas que são arredias, não fazem barulho
E por muita gente são rotuladas de orgulhosas.
Há outras pessoas que se queixam de discriminação
Alardeiam a todo momento que são vítimas de exclusão,
Louvam suas virtudes e se acham diferentes.
Parecem até que não são do mesmo planeta da gente.
Mas quem sou eu para fazer está critica pedregosa
Se às vezes me pareço sepulcro caiado, incoerente.
Um dia um amigo disse que admirava minha humildade
Deve ter sido deferência a nossa amizade.
Serei mesmo tão humilde, ou esta humildade é mais
Vaidade de não ter vaidade, vaidade por demais?
Depois de todas as minhas observações
Tenho que dizer como o sábio Salomão
Vaidade de vaidade!
Considerando esta biodiversidade...
Tudo é vaidade, neste mundo cão!
Tereza da Praia
Série: Divagações da Alma Indecente
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