Improviso silencioso
Tereza da Praia
A noite está um espetáculo.
Brilha a lua no céu
Prateando os telhados da cidade.
Invento palco,
Consulto um oráculo
Perfumo-me com talco
Crio cenário, sem obstáculo.
Entre luzes, branda claridade,
E musicas invisíveis, sonho.
O sonho impossível.
Sem culpa, pois sonhar é imprescindível.
Ele é o personagem tristonho
Do meu delírio inexprimível.
Está incrustado na minha alma,
Feito pedra preciosa
Queimando meu corpo, de forma dolorosa.
Matando-me aos poucos, sem ruído.
Eu amo nele esta tristeza de animal ferido.
Com esta lua não consigo dormir
Sinto que volta nascer em mim a necessidade
De pari-lo, sufocá-lo na imensidade
Do meu sentimento que quer me expandir.
Procurei o nome dele, seu corpo, seu rosto.
Tentei sentir seu cheiro na rua
Saborear no vento o seu gosto.
Esta noite clara me deixa maluca.
Coisas que me fazem a luz da lua,
Luz que me fere e me machuca.
Vou me embriagar com a saliva e a lágrima
Deste homem que me anima, obra prima.
Tereza da Praia
Série: Vadiação da Alma Indecente
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