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Infantil-->Mesinha da boa vida, ouro de burro e vara justiceira - Grimm -- 24/02/2003 - 16:42 (Elpídio de Toledo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Veja mais==>Branca de Neve - Lenda dos Grimm


texto


Nos velhos tempos existiu um alfaiate que tinha três filhos e uma única cabra. Esta, por nutrir a todos eles com seu leite, tinha que ser muito bem alimentada e, por isso, diariamente era conduzida e deixada pasto afora. Os filhos se revezavam nesta tarefa. Certa vez, ela foi levada pelo filho mais velho a um adro, onde estavam as mais belas ervas; ele deixou-a pastar e saltar à vontade. À tarde, chegando a hora de ir para casa, ele perguntou:
— Cabra, está satisfeita?
A cabra respondeu:
— Eu estou muito satisfeita, enjoada de tanta folha: meh! meh!
— Então, camin de casa! Disse o menino, já agarrando a corda. E levou-a para o curral, deixando-a em segurança.
— Então, perguntou o velho alfaiate, a cabra está bem alimentada?
— Oh, respondeu o filho, ela está muito satisfeita, enjoada de tanta folha.
O alfaiate não quis confiar nisto, desceu até o curral e perguntou:
— Cabra, você está mesmo satisfeita?
A cabra respondeu :
— Como posso estar satisfeita? Saltei feito louca num pasto batido, e não achei nem uma folhinha: méééééééééé!
— O que estou ouvindo!?... Exclamou o alfaiate. Subiu correndo e disse para o menino:
— Seu mentiroso, você disse que a cabra estava satisfeita, e ela está morrendo de fome!?... E, furiosamente, pegou o metro de mutamba-preta na parede, sentou-a nele, sem dó, nem piedade, e expulsou-o de casa.
No dia seguinte, foi a vez do segundo filho. Ele escolheu um lugar repleto de gardênias puríssimas, e a cabrita lavou a égua. À tardinha, quando ele quis ir para casa, perguntou:
— Cabra, você está satisfeita?
A cabra respondeu:
— Eu estou muito satisfeita, enjoada de tanta folha: méé! méé!
— Então, camin de cas...! Disse o menino, já agarrando a corda. E levou-a para o currral, deixando-a em segurança.
Então, perguntou o velho alfaiate:
— A cabra está bem alimentada?
— Oh, respondeu o filho, ela está muito satisfeita, enjoada de tanta folha.
O alfaiate não quis confiar nisto, desceu até o curral e perguntou:
— Cabra, você está mesmo satisfeita?
A cabra respondeu:
— Como posso estar satisfeita? Saltei feito louca num pasto batido, e não achei nem uma folhinha: méééééééééé!
— Vilão, desalmado, gritou o alfaiate, deixar esfomeado um dócil animal!
Subiu correndo, e, furiosamente, pegou o metro de mutamba-preta na parede, sentou-a nele, sem dó, nem piedade, e expulsou-o de casa.
Quando chegou a vez do terceiro filho, este quis caprichar. Escolheu um suculento matagal da mais bonita folhagem, e deixou a cabra pastando ali. À tardinha, quando quis ir para casa, perguntou:
— Cabra, você está satisfeita mesmo?
A cabra respondeu:
— Eu estou muito satisfeita, enjoada de tanta folha: mééé! mééé!
— Então, camin de casa!
Disse o menino, já agarrando a corda. E levou-a para o currral.
Então, perguntou o velho alfaiate:
— A cabra está bem alimentada?
— Oh, respondeu o filho, ela está muito satisfeita, enjoada de tanta folha.
O alfaiate não quis confiar nisto, desceu até o curral e perguntou:
— Cabra, você está mesmo satisfeita?
A cabra respondeu :
— Como posso estar satisfeita? Saltei feito louca num pasto batido, e não achei nem uma folhinha: méééééééééé!
— Ah, criatura mentirosa! Irou-se o alfaiate:
— Desalmado e irresponsável como o outro! Ele não vai me fazer de bobo por muito tempo. E, furioso, fora de si, subiu correndo e sentou o metro de mutamba-preta nas costas do menino, com tanta violência, que ele fugiu de casa.
Assim, o velho alfaiate ficou sem os filhos, apenas com sua cabra. No dia seguinte, ele desceu ao curral, acariciou a cabra e disse-lhe:
— Venha, minha bichinha querida, eu mesmo vou levá-la ao pasto. Pôs-lhe a corda e levou-a para uma boa ramada, com folhas verdinhas e carnudas, das
que as cabras mais gostam de comer.
— Aqui você pode se fartar à vontade, disse-lhe, e deixou-a pastar até a tardinha. Então, ele perguntou:
— Cabra, você está satisfeita mesmo?
A cabra respondeu:
— Eu estou muito satisfeita, enjoada de tanta folha: mééé! mééé!
— Então, camin de cas, disse o alfaiate. Levou-a para o curral e deixou-a em segurança.
Quando saía, voltou-se para ela por um instante e disse:
— Agora, você está realmente satisfeita.
Mas, a cabra não lhe deu colher de chá, e respondeu:
— Como posso estar satisfeita? Saltei feito louca num pasto batido, e não achei nem uma folhinha: méééééééééé!
Quando o alfaiate ouviu isto, estacou o passo, e viu que havia expulsado seus filhos de casa sem motivo.
— Espera aí, disse ele, você, criatura ingrata, expulsar você ainda é muito pouco, eu vou lhe mostrar o que é faltar com o respeito a um honrado alfaiate.
Apressado, saltou para dentro do curral, pegou sua navalha, ensaboou a cabeça da cabra, tosquiou-a e deixou-a tão lisa quanto a palma de sua mão. E, como o metro de mutamba-preta era muito valioso para ele, pegou o chicote e deu-lhe tantas chicotadas que ela fugiu do curral com um enorme salto.
O alfaiate, completamente solitário em sua casa, começou a curtir uma grande tristeza e um desejo de ver seus filhos de volta, mas ninguém sabia como encontrá-los. O mais velho havia ficado com um carpinteiro, e com este aprendeu o ofício, diligentemente. Incansável, quando findou seu tempo de aprendiz, quis ir embora, e o mestre preseteou-lhe com uma mesinha muito original, feita com madeira comum, mas que possuía um encanto especial. Quando alguém se pusesse em frente a ela e dissesse " Mesinha, ponha-se!" ela logo se cobria com uma toalhinha limpa e fazia surgir sobre a toalha um prato e, junto deste, uma faca e um garfo, além de tijelas com cozidos e assados, quantas coubessem. E, numa jarra grande, brilhava o vermelho de um vinho que alegrava o coração de qualquer pessoa. Então, o jovem artesão pensou:
—Com isso, você tem o bastante para o seu dia-a-dia. E vagou bem disposto pelo mundo, sem se preocupar com aquela coisa de achar ou não um restaurante, se ele era bom ou não era. Quando bem queria, não se hospedava: ele ia para um campo, uma floresta ou um gramado, qualquer um que lhe agradasse. Tirava a mesinha das costas, punha-se em frente a ela e dizia: "Ponha-se!". E tudo que seu coração desejasse ficava posto na mesinha. Finalmente, deu-lhe na cabeça de querer voltar para seu pai, cuja ira já tinha passado e, com sua mesinha autônoma, de bom grado ele o aceitaria de volta. Aconteceu que, no caminho de volta para sua casa, já quase noite, ele chegou a uma pousada, lotada de hóspedes. Deram-lhe boas vindas e convidaram-lhe para assentar-se e comer, caso contrário, ele passaria aperto mais para a frente.
— Não, respondeu o carpinteiro, quem dá o que tem, a pedir vem. Não vou tirar o pão da boca de ninguém. Melhor vocês serem meus convidados.
Eles riram e pensaram que ele estava brincando. Porém, ele pôs sua mesinha de madeira bem no meio do salão, e ordenou-lhe:
— "Mesinha, ponha-se!"
Num abrir e fechar de olhos, ela estava repleta de comidas, tão atraente como o taberneiro nunca tinha preparado e tão cheirosa que os hóspedes ficaram encantados por ela.
— Tenham a bondade, queridos amigos, disse o carpinteiro aos hóspedes.
Eles entenderam logo o convite, não pestanejaram e aproximaram-se dela, pegaram os talheres e comeram com voracidade. Porém, o que mais surpreendeu foi que, assim que uma tijela ficava vazia, ela novamente se enchia com a mesma iguaria que acabara. O taberneiro ficou de pé num canto e olhava espantado; ele não sabia o que dizer, mas pensou:
— É de um cozinheiro assim que você precisa contratar para sua taberna.
O carpinteiro e seus convivas regozijaram-se até tarde da noite e, então, foram dormir e o jovem companheiro, também, foi para a cama, pondo sua mesinha de desejos junto à parede. O dono da taberna, porém, não teve mais sossego, e lembrou-se que tinha no seu quarto de despejo uma velha mesa igualzinha à do carpinteiro. E, pé ante pé, trocou-a pela mesinha de desejos.
Na manhã seguinte, o carpinteiro pagou seu pernoite, pegou sua mesinha, sem perceber que era falsa, e seguiu seu caminho. Ao meio dia ele já estava com seu pai, que o recebeu amavelmente e com muita alegria.
— Então, meu querido filho, o que você aprendeu? Perguntou-lhe.
— Tornei-me um carpinteiro, pai.
— Uma boa arte, respondeu o velho, porém, o que você trouxe das suas andanças?
— O melhor que eu trouxe, pai, foi esta mesinha.
O alfaiate observou-a por todos os lados e disse:
—Você não fez nenhuma obra-prima, isso é uma velha e surrada mesinha.
— Mas é uma mesinha autônoma, respondeu o filho, quando eu me ponho à frente dela e lhe digo para preparar-se, surgem os mais gostosos comestíveis e vinho para alegrar o coração. Convide todos os parentes e amigos para que venham festejar e refrescar, e a mesinha saciará a todos. Quando todos os convivas já estavam presentes, ele colocou a mesinha no meio da sala, e disse:
— Mesinha, ponha-se!
Porém, a mesinha não moveu-se e permaneceu tão vazia quanto qualquer outra mesa que não entende Português. Foi quando o pobre artesão notou que ela
fora trocada por outra, e ficou envergonhado por ser visto como um charlatão. Os parentes zombaram dele, porém, tiveram que voltar para suas casas sem
comer e sem beber nada. O pai passou a evitá-lo e a desprezá-lo, porém, o filho foi trabalhar com um mestre.
O segundo filho tinha ficado com um moleiro e com este aprendeu o ofício. Quando ele atingiu a maioridade, o mestre lhe disse:
— Como você me foi muito fiel, vou presentar-lhe com um burro muito especial, que não é de carga e, também, não carrega nenhum saco.
— Pra quê que ele serve? Perguntou o jovem companheiro.
— Ele vomita ouro, respondeu o moleiro, se você pôr um pano nele e disser "Bricklebrit", então, o bicho dispara a cuspir, por trás e pela frente, barras de ouro pra você.
— Isso é uma ótima coisa, disse o companheiro.
Agradeceu ao mestre e partiu pelo mundo afora. Quando ele precisava de ouro, bastava dizer ao burro Bricklebrit e, assim, chovia ouro em pedaços, sem que ele precisasse de fazer nenhum esforço, a não ser apanhá-los do chão. Em qualquer lugar em que chegasse, ele exigia o melhor, e quanto mais caro, mais ele queria qualquer coisa, pois, estava sempre com a burra cheia. Depois de dar muitas voltas pelo mundo, ele pensou:
— Você deve procurar seu pai. Quando ele notar que você está com o burro de ouro, vai esquecer sua ira e receber você com alegria.
Aconteceu que ele parou na mesma hospedaria em que seu irmão fora ludibriado. Ele conduzia o burro com a mão e o hospedeiro quis pegar o animal dele e
amarrá-lo, mas o jovem artesão disse-lhe:
— Não se preocupe, deixe que eu mesmo levo minha moldura parda para o curral, eu mesmo o amarro lá, pois, eu preciso saber onde ele vai ficar.
O hospedeiro achou aquilo maravilhoso e imaginou que se tratava de um burro que cuidava de si mesmo, sem quase nada consumir. Mas, quando o estrangeiro
tirou da bolsa duas peças de ouro e disse que queria apenas comida boa, ele arregalou os olhos, correu e preparou tudo do melhor que ele pôde selecionar.
Após a refeição, o hóspede pediu a conta. O hospedeiro não quis perder a oportunidade e cobrou-lhe algumas peças de ouro. O artesão pegou a bolsa, mas seu ouro estava no fim.
— Espere um momento, senhor hospedeiro, disse ele, volto já, com o ouro.
E levou a toalha de mesa consigo. O anfitrião não entendeu o que significava aquilo, ficou curioso e seguiu-o na surdina e, quando o hóspede abriu o portão
do curral, ficou olhando de um buraco. O estrangeiro estendeu o pano debaixo do burro, e disse:
— Briklebrit . E, num abrir e fechar de olhos, o animal começou a vomitar ouro, por trás e pela frente, que se amontoou no chão.
— Ovo de mil, disse o anfitrião, é forma rápida de numerário! Uma bolsa de dinheiro como essa não é nada mal!
O hóspede pagou sua conta e foi dormir, mas o anfitrião moveu-se furtivamente, à noite, descendo até o curral, e trocou o burro de ouro por um burro comum.
Na manhã seguinte, cedinho, o artesão tirou o animal que estava no curral, pensando que era o seu burro de ouro. Ao meio-dia, ele já estava na casa de seu pai, que o recebeu amavelmente, e ficou muito alegre por tê-lo de volta.
— Qual a arte que você aprendeu, meu filho? Perguntou o velho.
— A do moleiro, querido pai, ele respondeu.
— O que você trouxe consigo das suas andanças?
— Nada mais que um burro.
— Por aqui já existem burros o bastante, disse o pai, eu preferiria ver uma boa cabra.
— Hum, hum!... Respondeu o filho... Porém, não é nenhum burro comum, ele é um burro de ouro; se eu digo Bricklebrit, o animal vomita um lençol cheio de pepitas de ouro. Chame todos os parentes, eu quero deixar todos eles muito ricos.
— Isso me agrada, disse o alfaiate, assim, daqui para frente, não preciso me atormentar com a agulha...
Saltou entusiasmado e chamou os parentes. Assim que eles estavam todos juntos, foram levados até onde estava o moleiro, já com seu lençol estendido sob o burro, bem no meio da sala.
— Agora, prestem atenção! Disse ele, e comandou:
— Bricklebrit!
Porém, não caiu nenhum pedaço de ouro, nem por trás, nem pela frente. E, assim, ficou evidente que o animal não entendia nada daquela arte, e que ele não apresentava nada de novo. Aí, o pobre moleiro ficou decepcionado, e, vendo que fora enganado, desculpou-se com os parentes, que foram para casa tão pobres como tinham vindo. Muito a contragosto, o velho teve que se apegar à agulha, novamente, e o rapaz foi trabalhar com um moleiro.
O terceiro irmão ficou com um artífice de torno, a fim de aprender o ofício de torneiro-mecânico e, por se tratar de uma arte que exige muito talento, ele teve que ficar aprendendo-a por um tempo mais longo. Porém, seus irmãos escreveram uma carta para ele e o informaram como pioraram de vida e, ainda, como o hospedeiro roubara-lhes, à noite, os presentes mágicos que ganharam. Quando o torneiro-mecânico completou seu aprendizado e quis sair pelo mundo, seu mestre, reconhecendo seu empenho, presenteou-lhe com um saco, e disse:
— Aí dentro tem uma vara.
—Posso carregar o saco com muitas coisas boas, mas o que vou fazer com uma vara? Ela só vai fazer peso dentro dele.
— Eu lhe digo: toda vez que uma pessoa lhe fizer algum mal, bastará que você diga "Vara, pra fora do saco!" e, então, ela sairá dele e dançará com toda
força sobre as costas da tal pessoa, de tal modo que esta ficará oito dias sem poder falar e sem se mexer; e somente parará de bater quando você disser" Vara, pra dentro do saco!".
O novo artesão agradeceu-lhe, pegou o saco e partiu. E, sempre que alguém queria agredi-lo, ele dizia: Vara, fora do saco! E logo, logo ela pulava pra fora e batia nas costas, na barriga e nas roupas do agressor, até que ele ficasse nu; e ela era tão rápida, que nem se percebia como ela fazia isso. O jovem torneiro-mecânico hospedou-se à noite na pousada, onde seus irmãos pernoitaram e foram enganados. Ele colocou sua mochila sobre a mesa e foi logo contando as coisas glorinhonhas que viu pelo mundo afora.
— É, disse ele, fala-se muito numa mesinha autônoma e num burro de ouro e outras coisas semelhantes que acharam. Fazem grandes proezas, é verdade, mas, isso não é nada comparado com o tesouro que eu adquiri e que carrego dentro do meu saco.
O estalajadeiro afiou as orelhas:
— Que tesouro maior será este neste mundo? Pensou ele, "com certeza, o saco está cheio de pedras preciosas; com ele vai ser a terceira coisa que eu posso ter, a preço de banana."
Como era hora de dormir, o hóspede estirou-se no banco e fez do saco o seu travesseiro. O hospedeiro esperou que ele entrasse em profundo sono e, quando
achou que ele já fazia meia-noite, foi até lá e, devagarzinho, com muito cuidado, tirou o saco mágico e colocou outro em seu lugar. Porém, o torneiro-mecânico
tinha esperado muito tempo por isto e, quando o hospedeiro já saía, sorrateiramente, ele comandou:
— Vara, pra fora do saco!
Rapidamente, a varinha entrou em ação e foi direto sobre o hospedeiro; e bateu-lhe em todas as juntas do corpo. Ele gritava e pedia piedade, mas quanto mais ele gritava, mais forte ela batia e ele às costas sentia, até que, esgotado, caiu ao chão. Foi quando o torneiro-mecânico lhe disse:
— Enquanto você não devolver a mesinha mágica e o burro de ouro, você vai dançar, sob o poder desta vara.
— Oh, não,piedade, gemeu o hospedeiro, devolvo tudo, já, já! Apenas, mande esta coisa amaldiçoada rastejar para o saco novamente.
Então, disse o rapaz:
— Vou mandar que ela pare, mas veja lá o que vai fazer. Quero tudo de volta!
Então, ele ordenou:
— Vara, pra dentro do saco! E deixou-o refazer-se.
O torneiro-mecânico partiu, na manhã seguinte, levando consigo a mesinha autônoma e o burro de ouro, em direção à casa do seu pai. O alfaiate alegrou-se ao vê-lo de regresso e, também, perguntou-lhe sobre o que tinha aprendido das suas andanças pelo mundo.
— Querido pai, ele respondeu, tornei-me torneiro-mecânico.
— Uma arte que exige muito talento, disse o pai, mas o que você trouxe de lembrança?
— Uma peça preciosa, querido pai, respondeu o filho, uma vara no saco.
— O quê? exclamou o pai, uma vara? Mas, valeu a pena?! De qualquer árvore você pode cortar uma vara.
— Mas, não como esta, querido pai. Se eu lhe ordeno "Vara, pra fora do saco!", então, ela salta para fora e dança com toda força nas costas de quem não me quer bem, até que o malvado caia no chão e peça paz. Veja que, com esta vara, eu recuperei a mesinha autônoma e o burro de ouro, que o hospedeiro roubou dos meus irmãos. Agora, o senhor pode chamar os dois e convidar todos os parentes, pois, eu quero que todos compareçam ao banquete e abarrotá-los de ouro.
O velho alfaiate não levou-o muito a sério, porém reuniu os parentes. Então, o torneiro estendeu um lençol na sala, conduziu o burro de ouro para dentro e
disse ao seu irmão:
— Agora, querido irmão, fale com ele.
O moleiro disse:
— Bricklebrit!
E, num abrir e fechar de olhos, saltaram sobre o lençol as pepitas de ouro, como se fosse um chuva de ouro, e o burro somente parou quando todos ficaram
repletos de ouro e não podiam carregar nada mais. (Vejo que você, também, gostaria de estar lá, hein!?)
Em seguida, o torneiro-mecânico pegou a mesinha autônoma e disse para o seu segundo irmão:
— Querido irmão, agora fala com ela.
E, mal o carpinteiro ordenou:
— Mesinha, ponha-se!
Ela estendeu sua toalha e fez com que surgissem sobre ela as mais belas panelas, ricamente recheadas. Então, ficou assegurado um banquete, nunca experimentado pelo bom alfaiate; e sua parentada toda ficou ali, até alta hora da noite, todos alegres e satisfeitos. O alfaiate guardou em um armário a linha e a agulha, o metro de mutamba-preta e o ferro de passar roupa, e viveu muitos anos em companhia de seus filhos alegre e glorinhonhamente.
Mas para onde teria ido a cabra, a maior culpada pelo que o alfaiate fez com seus três filhos? Eu lhe digo para onde! Ela ficou envergonhada por ter ficado careca. Correndo, viu uma toca de raposa e rastejou pra dentro dela. Quando a raposa voltou para casa, viu-se fulminada por dois olhos grandes e brilhantes que saíam da escuridão da toca e, morrendo de medo, correu em disparada para trás. O urso encontrou-se com ela, parecendo que ia morrer de angústia, e perguntou-lhe:
— Comadre raposa, por quê essa cara? Quê que houve?
— Oh, respondeu toda pálida, um animal furioso ocupou minha toca e fulminou-me com seus olhos flamejantes.
— Vamos tirá-lo de lá, imediatamente! Disse o urso, já caminhando com ela até à toca. Lá chegando, olhou lá pra dentro; porém, quando ele viu aqueles olhos pegando fogo, também, morreu de medo: não quis fazer nada com o animal bravio e cascou fora. A abelha encontrou-se com ele e, notando que sua pele não estava com a cor de costume, disse-lhe:
— Compadre urso, você está com cara de quem comeu e não gostou. Onde está sua esportiva?
— Você advinhou, respondeu o urso, um animal feroz, de olhos rajados de fogo, ocupou a toca da raposa e nós não conseguimos afugentá-lo.
A abelha disse:
— Tenho dó de você, compadre urso. Eu, uma pobre criatura, fraquinha como sou, embora por você desprezada quando passo, acho que vou poder lhe ajudar.
Ela voou para a toca da raposa, pousou sobre a cabeça da cabrita careca e ferroou-lhe com tanta força que ela berrou um profundo mééé, mééééé e, como louca, saiu de lá e botou pernas pra correr. E ninguém sabe, até hoje, para onde ela correu.

***

Fonte:www.udoklinger.de














































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